E-mails comprovam que governo Obama tentou encobrir terror em Bengasi
Casa Branca divulgou mensagens trocadas entre autoridades sobre ataque
A Casa Branca revelou, na noite de quarta-feira, mais de 100 páginas de e-mails trocados entre autoridades americanas sobre o ataque ao consulado dos Estados Unidos em Bengasi no ano passado. Os e-mails mostram um tenso debate entre os oficiais sobre as informações que poderiam ser divulgadas sobre o atentado que matou o embaixador Christopher Stevens e outros três funcionários do consulado. A maioria desses e-mails já havia vazado antes de quarta-feira, mas as 100 páginas dão um panorama mais completo do esforço do governo para tentar salvar a própria pele.
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Segundo o jornal Wall Street Journal, os e-mails foram divulgados para encerrar a controvérsia iniciada na sexta-feira passada, depois que a rede de televisão ABC revelou que a administração Obama trabalhou para evitar acusações de que nada fez sobre ameaças à representação americana na Líbia em um momento crucial, às vésperas das eleições presidenciais.
Republicanos acusaram na época – a dois meses das eleições presidenciais – que o governo retirou a menção a terroristas no relatório sobre o ataque para proteger o presidente em meio à campanha que reelegeria Obama. Quando um senador republicano acusou a administração Obama de ter deliberadamente, nas primeiras manifestações públicas sobre o caso, enganado o público a respeito do que havia acontecido, Hillary Clinton, então secretária de Estado, deu uma resposta ríspida que foi muito aplaudida pelos democratas.
“Que diferença isso faz agora?”, disse ela – uma frase acompanhada de quatro tapas sobre a mesa. A diferença – bastante clara na política americana – é que um governo não tem autorização de mentir para seus eleitores. Ficou claro, portanto, que o governo manipulou a informação disponível, de modo a sugerir que não havia indícios de inteligência mostrando que grupos terroristas ameaçavam o consulado – e que portanto não houvera negligência com as medidas de segurança.
Defesa – Os e-mails divulgados foram trocados entre autoridades não identificadas e o então chefe da CIA, David Petraeus, que renunciou ao cargo depois de um escândalo motivado por um caso extraconjugal. Fica claro que autoridades de várias seções do departamento de segurança nacional agiram em defesa de seus próprios interesses para remover referências à Al Qaeda e para deletar informações sobre avisos anteriores de ameaças extremistas em Bengasi. No final da discussão, em setembro do ano passado, a versão final do relatório foi resumida em três parágrafos que não agradaram ninguém. O funcionário que terminou a análise mandou uma mensagem irônica: “Eles não vão gostar disso :)” – com o rosto feliz. Após as revisões, Petraeus disse em um e-mail que “então não usaria isso”, acrescentando que o republicano Dutch Ruppersberger não ficaria satisfeito. O documento incluía a versão aceita, na ocasião, de que o ataque foi motivado por protestos de islamistas enfurecidos com um filme anti-islã produzido nos Estados Unidos. Autoridades americanas disseram na quarta-feira que os e-mails são consistentes com “as informações de inteligência disponíveis na época”. Em outubro, Hillary assumiu a responsabilidade pelas falhas em Bengasi e, em novembro, a representante dos EUA nas Nações Unidas, embaixadora Susan Rice, reconheceu que sua versão de que o ataque foi motivado pelos protestos era incorreta.