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Diante da estátua de Bolívar, Chávez e Santos mostram empenho para melhorar as relações entre os dois países

Por Mariana Pereira de Almeida, de Santa Marta
11 ago 2010, 06h04

Como disse o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, diversas vezes em seu discurso, não haveria lugar mais simbólico do que a Quinta de San Pedro Alejandrino, onde morreu Simón Bolívar, para a retomada das relações entre o seu país e a Colômbia. No intuito de exaltar tal importância, o anúncio tão esperado foi feito dentro do mausoléu que homenageia o libertador, onde cerca de 150 jornalistas se aglomeravam em busca de espaço, o que potencializou o forte calor – carregado de umidade – característico da cidade litorânea de Santa Marta. Entre um lenço e outro para aliviar o incômodo com a temperatura, Chávez e o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, se mostraram dispostos a cumprir as promessas de acordo e de cooperação.

Durante as quase quatro horas que se seguiram após os mandatários deixarem a solenidade, que os homenageou na chegada à fazenda com música e marinheiros a caráter, nada se soube sobre a reunião a portas fechadas. Chegou-se a comentar a sequência de compromissos, jamais confirmada: um primeiro encontro entre os dois presidentes, seus respectivos chanceleres, María Angela Holguín da Colômbia e Nicolás Maduro da Venezuela e o secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner. Em seguida, os cinco teriam participado de um almoço e, enfim, os dois presidentes teriam se reunido sozinhos.

Sem dar nenhuma informação sobre o andamento das negociações, funcionários da Quinta montavam a estrutura para a entrevista coletiva que se seguiria. Dois pequenos palanques foram colocados dentro do mausoléu construído em homenagem a Bolívar. As estruturas ficavam em frente a uma grande estátua de mármore e ao lado das bandeiras da Colômbia e da Venezuela. O calor da cidade litorânea logo invadiu a câmara já lotada de gente, equipamentos e luzes – tornando o ambiente quase insuportável. Todos estavam à espera dos presidentes que demoraram horas a aparecer para, finalmente, divulgar todas as informações sobre o encontro.

Santos foi o primeiro a falar. Com voz baixa, demonstrou uma calma – ou sangue frio – que nada lembrava a imponência do ministro da Defesa que comandou o ataque da Colômbia em solo equatoriano, resultando na morte do número dois das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, em 2008. Já Chávez, o falastrão, iniciou o seu discurso dizendo que tentaria ser breve. Mas, logo emendou: ” Não creio que conseguirei porque somos pessoas quentes”. E não conseguiu mesmo. Sua fala longa e eloqüente se repetia. Era intercalada apenas pelos seus gestos para limpar o suor do rosto, o que não o fez, contudo, tirar a jaqueta de nylon com as cores da bandeira venezuelana.

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Diferentemente das outras vezes, Chávez disse, reafirmou e enfatizou que “seu governo não apóia, não permite, nem permitirá a presença da guerrilha, do narcotráfico ou de terroristas em território venezuelano”. A atitude contrasta com um Chávez antes hesitante ou “escorregadio” quando mencionava a questão.

Os dois presidentes se mostraram, de fato, empenhados em normalizar as relações entre Venezuela e Colômbia e dispostos inclusive a fazer “vistas grossas” às divergências do passado. Querem “virar a página”, ressaltaram. A necessidade da retomada do comércio entre os dois países e todas as conseqüências positivas que isso gera pareciam claras antes mesmo do encontro. O que os presidentes fizeram, então, foi escolher um local simbólico para marcar este novo período. Que ele seja eterno enquanto dure…

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