Bo Xilai prevê longa sentença em carta enviada a familiares
Ex-dirigente chinês volta a alegar inocência e afirma que 'verdade virá à tona'
Uma carta escrita pelo ex-dirigente chinês Bo Xilai a familiares antecipa sua expectativa para o resultado do julgamento que enfrenta por acusações de corrupção, desvio de recursos e abuso de poder. Na carta, o ex-chefe do Partido Comunista na metrópole de Chongqing, sudoeste do país, diz ser inocente das acusações, mas admite não ter mais esperanças de se livrar de uma longa sentença na prisão. “Eu fui arrastado para dentro disso de forma equivocada, mas a verdade virá à tona algum dia”, escreveu, segundo a rede CNN.
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Filho de um herói da Revolução Cultural, desencadeada por Mao Tsé-tung nos anos 60, Bo Xilai também citou várias vezes os pais na carta. “Eu posso suportar o sofrimento, não importa o quão grande ele seja. Coloquei o retrato de minha mãe do lado da cama. Com ela ao meu lado, não me sinto sozinho”, escreveu. O ex-dirigente ainda recordou o período em que o pai, Bo Yibo, foi perseguido, torturado e preso antes de ser “reabilitado” em 1979 e se tornar um dos mais influentes políticos sob Deng Xiaoping. Considerado – antes do escândalo – um “principezinho” do país, Bo prometeu seguir o exemplo do pai para “aguardar em silêncio na prisão”.
A sentença está prevista para ser anunciada no domingo. Segundo a CNN, a carta que tem circulado na internet foi escrita em 12 de setembro. A emissora afirma que uma fonte próxima a familiares de Bo Xilai confirmou a autenticidade do texto.
Durante o julgamento, realizado entre 22 e 26 de agosto, Bo Xilai negou as acusações e criticou o encaminhamento do caso, que teve como testemunhas sua ex-mulher, Gu Kallai, condenada pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood em 2011, e Wang Lijun, responsável por denunciar Bo às autoridades.
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Os promotores chineses disseram que ele se recusou a assumir a culpa, mesmo tendo cometido crimes graves. Por isso, a promotoria apelou ao tribunal para impor sanções pesadas, argumentando que ele havia desmentido as declarações anteriores feitas durante a investigação. “Os crimes cometidos pelo réu são extremamente graves e ele se recusou a admitir a culpa. Não há base legal para a clemência”, afirmou a promotoria.