Ben Ali diz que só deixou a Tunísia porque foi ‘enganado’
Chefe de segurança disse que palácio estava cercado e que ele seria morto
O ex-ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, negou que tenha abandonado seu cargo ou fugido do país e revelou que só deixou o governo (em janeiro), porque foi enganado por um chefe de segurança. A declaração foi dada durante seu julgamento, que começou nesta segunda-feira, em Túnis.
“Saí enganado da Tunísia”, afirmou Ben Ali, em um comunicado. Segundo ele, o diretor-geral encarregado de sua segurança, Ali el Siriati, afirmou que o palácio presidencial estava cercado e que o então presidente corria o risco de ser morto. “Ali el Siriati insistiu em acompanhar minha família a Jidá por algumas horas para que os serviços de segurança pudessem liquidar com o complô e garantir minha segurança”, explicou.
Orientado pelo chefe de segurança, o ex-ditador voou com sua família para Jidá, na Arábia Saudita, mas o avião teria retornado à Tunísia sem esperá-lo, contrariando suas ordens diretas. “Fiquei em Jidá contra minha vontade. Mais tarde, foi anunciado que eu havia fugido da Tunísia”, disse. Mas seu advogado, Akram Azuri, ressalva que “isso não quer dizer que Ben Ali ainda se considere presidente”.
Julgamento – O julgamento de Ben Ali começou nesta segunda-feira em Túnis, sem a presença dele, que rejeitou de antemão as acusações e está refugiado na Arábia Saudita desde janeiro. Ben Ali deixou a Tunísia depois que o país foi palco de protestos contra a repressão de seu regime, o desemprego, a corrupção e a inflação.
Esta é a primeira de uma longa série de ações judiciais contra o ex-ditador. No processo, Ben Ali e a mulher, Leila Trabelsi, são julgados pela descoberta de grandes quantias de dinheiro, joias, armas e drogas em dois palácios do governo.
(Com agência France-Presse)