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Baixo comparecimento às urnas põe reformas de Sisi em xeque

Embora o presidente tenha sido eleito com ampla maioria de votos, o fato de só 46% da população ter ido às urnas põe em risco a aprovação de seu governo

Por Da Redação
30 Maio 2014, 07h19

O ex-marechal e agora presidente do Egito, Abdel Fattah Sisi, tinha a sua vitória dada como certa muito antes das eleições desta semana terem início. Com a confirmação dos órgãos oficiais de que 93,3% dos eleitores votaram no militar de carreira, enquanto o único opositor, Hamdeen Sabahi, recebeu 3% dos votos, Sisi deveria estar efusivo com o sucesso de sua campanha. Mas a realidade não é bem assim. Muito aquém da previsão do militar de que 80% do eleitorado egípcio iria às urnas, o presidente assistiu ao comparecimento de apenas 46% da população. O índice, calculado após as autoridades estenderem o pleito e ameaçarem multar os ausentes, é preocupante para quem parecia contar com ampla aprovação no país. E sem o respaldo da população egípcia, as reformas econômicas que Sisi planejava estão em risco.

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O novo presidente não deixou muito claro a receita para solucionar os problemas da economia egípcia, embora tenha discursado em prol da austeridade e de alguns sacrifícios a serem feitos pela população – algo ridículo em um país com 85 milhões de pessoas estagnadas na linha da pobreza. No entanto, a pressão de investidores e empresários para que Sisi tome medidas nesta linha é grande. O apelo é para que mandatário acabe com subsídios para o setor da energia, imponha um sistema tributário conciso e coloque o país alinhado à taxa de câmbio. O governo calcula que os atuais subsídios custarão aproximadamente 19 bilhões de dólares para o país no próximo ano fiscal. Mas, frente aos resultados das eleições, pesam contra o marechal o risco de provocar protestos em massa e afundar a economia.

Um levantamento feito pela agência Reuters aponta que as causas para o pífio comparecimento do eleitorado foram a apatia política dos egípcios, a oposição a um novo militar tomando o poder, o descontentamento com a repressão à liberdade dos jovens e os boicotes conclamados por alianças islâmicas. “Essas eleições foram uma farsa. O comparecimento foi baixo, mas a imprensa mentirá para a população, tudo em prol de um homem”, disse Mahmoud Ibrahim, um cidadão egípcio que se negou a atender ao pleito. O candidato opositor Sabahi aceitou a vitória de Sisi, mas disse que os números apresentados “são um insulto à inteligência dos egípcios”.

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A favor de Sisi, que liderou o golpe de estado que depôs o presidente Mohamed Mursi, está o apoio de investidores e países árabes vizinhos que se opõem aos islâmicos leais à Irmandade Muçulmana, como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait e Catar. “A comunidade dos negócios está muito feliz com os resultados. Precisamos de reformas reais e oportunidades, alguém com coragem de tomar decisões”, disse o chefe da Federação Egípcia de Indústrias, Mohamed El Sewedy. Mohammed Zulfa, um diplomata da Arábia Saudita, acrescentou que a monarquia de seu país será um aliado importante para Sisi. “Egito e Arábia Saudita podem agir juntos para encarar ameaças, tanto internamente com a Irmandade, quanto externamente como o Irã e seus apoiadores”, afirmou.

A insurgência islâmica é outro ponto a ser trabalhado por Sisi em seu governo. Acredita-se que o grupo fundamentalista tenha um milhão de partidários espalhados pelo país, embora uma violenta repressão iniciada desde o golpe tenha dizimado a organização. De acordo com o jornal The Guardian, 16.000 partidários foram presos desde a deposição de Mursi. Um levantamento independente feito recentemente aponta que o número pode chegar até 41.000. Outras 1.000 pessoas foram mortas durante a repressão e mais de 1.200 foram condenadas à morte pela Justiça, incluindo o chefe da Irmandade, Mohamed Badie. Os Estados Unidos, que chegaram a condenar os rumos que os militares vinham tomando, ainda não comentaram oficialmente a vitória de Sisi.

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(Com agência Reuters)

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