Bachelet confirma: vai disputar a Presidência do Chile
Ex-presidente retornou ao Chile após 30 meses em Nova York, onde ocupou cargo na ONU, e falou da necessidade de 'reformas mais profundas' no país
A ex-presidente chilena Michelle Bachelet anunciou nesta quarta-feira que aceitou ser a pré-candidata de uma coalizão de centro-esquerda à Presidência do país, o que acelera a corrida presidencial no Chile rumo è eleição de 17 de novembro. Segundo as pesquisas, ela é favorita para vencer a disputa. O último levantamento do Centro de Estudos Públicos (CEP) indica que 53% dos chilenos acreditam que a ex-presidente será a próxima chefe do Executivo. O segundo colocado, o ex-ministro de Mineração e de Obras Públicas, Laurence Golborne, aparece em segundo com 15%.
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Bachelet, a primeira mulher a governar o Chile, fez o anúncio apenas doze horas depois de voltar ao país após 30 meses de ausência, período em que ocupou o cargo de diretora-executiva da ONU Mulheres, em Nova York, nos Estados Unidos. A candidatura da socialista, contudo, não é uma surpresa. Há meses seu nome é mencionado entre os postulantes ao Palácio de La Moneda.
Em um discurso de 20 minutos, Bachelet pôs fim às especulações. “Amigas e amigos, quando estive aqui eu disse a vocês: em março conversamos. Estou aqui diante de vocês cumprindo minha promessa. Estou aqui diante de vocês disposta a assumir esse desafio, que é pessoal, mas, sobretudo, coletivo, com alegria, com determinação e muita humildade, tomei a decisão de ser candidata”, disse ela a um grupo de simpatizantes, sob aplausos e assobios. Bachelet ainda falou da existência de “mal-estar” no país, exposto pelos recentes protestos estudantis por educação gratuita e de qualidade e descontentamento da classe-média, “que se sente excluída e desprotegida”, disse.
Ela também prometeu “reformas profundas” para derrotar a desigualdade. “Durante muito tempo nos dedicamos a fazer ajustes no modelo (do estado). Alguns foram bons. Mas outros, insuficientes. Temos que levar a cabo reformas mais profundas se queremos derrotar de verdade a desigualdade em nosso país”, declarou.
Popularidade – Governante do Chile entre 2006 e 2010, Michelle Bachelet conseguiu que sua gestão fosse uma das mais populares da história chilena graças a um estilo cordial de liderança, políticas de benefícios sociais e austeridade econômica em um dos países mais estáveis da América Latina. Sua popularidade não foi prejudicada nem mesmo com a lenta resposta de seu governo às consequências do devastador terremoto seguido de tsunami de 27 de fevereiro de 2010.
Apesar disso, a ex-presidente é considerada por seus partidários como a melhor candidata da coalizão opositora Concertación para enfrentar a direita, que atualmente governa o Chile. O presidente chileno, Sebastián Piñera, que não pode mais concorrer à reeleição, enfrenta baixa popularidade nas pesquisas apesar de ter conseguido um crescimento econômico superior ao da gestão de Bachelet.
Há dois prováveis candidatos governistas na corrida para disputar a Presidência: o ex-ministro de Mineração e de Obras Públicas Laurence Golborne, um carismático empresário, e o ex-ministro da Defesa Andrés Allamand, um político experiente. Golborne, o mais cotado, liderou o famoso resgate dos 33 mineiros chilenos presos em uma mina em 2010.
(Com agência Reuters)