Atirador do Kansas grita ‘Heil, Hitler’ de dentro de viatura
Frazier Glenn Cross tem cerca de 70 anos e participava de grupos que defendem a supremacia branca e o antissemitismo, segundo as investigações
O atirador que matou três pessoas em instituições judaicas neste domingo no Kansas gritou a saudação nazista ‘Heil, Hitler’ (viva, Hitler) de dentro da viatura em que era conduzido, mostra a rede CNN nesta segunda-feira. O detido, Frazier Glenn Cross, não era de Overland Park, cidade onde cometeu os crimes, e não conhecia as vítimas, informou John Douglass, chefe de polícia da pequena cidade próxima de Kansas City. Douglass disse que a polícia estava investigando as afirmações feitas por Cross depois de sua prisão, mas se recusou a fornecer detalhes adicionais.
A Liga Americana de Antidifamação, organização civil que desde 1913 combate o antissemitismo, alertou na semana passada do aumento da possibilidade de ataques violentos contra centros comunitários judaicos nas as próximas semanas. O período coincide tanto com os feriados da Páscoa católica e judaica como com o aniversário de Adolf Hitler, em 20 de abril, “um dia em que nos Estados Unidos historicamente vem sendo marcado por insultos e ataques extremistas”, informou a Liga em comunicado.
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Frazier Glenn Cross foi detido depois de matar três pessoas no domingo em instituições comunitárias judaicas. O detido, informou a polícia, é um idoso com idade por volta de 70 anos, e mantinha vínculos com grupos antissemitas. Os assassinatos foram cometidos em um centro comunitário e uma casa para idosos de Overland Park, e aconteceram na véspera da Pessach (a Páscoa judaica), que será celebrada no proximo domingo, o que provocou consternação e uma onda de protestos.
Cross, também conhecido como Frazier Glenn Miller, tem laços de longa data com grupos que defendem a supremacia branca – foi líder da Ku Klux Klan – e com núcleos antissemitas, informou o Southern Poverty Law Center (SPLC), que rastreia atividades de grupos que estimulam o ódio racial e religioso. O atirador é nascido em Aurora, no Missouri, é membro do fórum neonazista Vanguard News Network e enviou mais de 12.000 mensagens desde que se uniu ao grupo, segundo o SPLC.
O presidente americano Barack Obama condenou o ataque “horrível” e prometeu o “total apoio” do governo federal à investigação e à comunidade judaica. “As informações iniciais são desoladoras”, afirmou a Casa Branca em um comunicado. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, expressou indignação com os assassinatos que “segundo todas as indicações foram cometidos por ódio aos judeus”, afirma um comunicado oficial. O Conselho para as Relações Islâmico-Americanas (CAIR), a maior associação muçulmana de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos, manifestou solidariedade à comunidade judaica em um comunicado.
O detido estava com um fuzil, mas a polícia acredita que também poderia estar com uma arma menor. O FBI, que participa na investigação, registrou 674 incidentes de caráter antissemita em território americano em 2012. Esta cifra corresponde a cerca de dois terços dos incidentes com suposta motivação religiosa, que representam um quinto dos crimes classificados “de ódio” pelo FBI, enquanto os ataques racistas totalizam a metade.
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O rabino Herbert Mandl, capelão da polícia de Overland Park, informou à rede CNN que o primeiro tiroteio, em um centro comunitário judaico da periferia de Kansas City, aconteceu por volta das 13h locais, quando jovens participavam de um teste para um concurso de cantores. O suspeito perguntou aos candidatos se eles eram judeus, antes de abrir fogo, segundo Mandl. Duas pessoas foram mortas, entre elas um adolescente.
Quase 75 pessoas estavam no local, a maioria crianças, mas a instituição informou que o crime aconteceu no estacionamento. Em seguida, o atirador dirigiu até a casa para idosos Shalom, onde matou uma mulher de 70 anos, 15 minutos após o primeiro tiroteio. Não se sabe se ela morava no local. O homem também atirou contra outras duas pessoas, sem atingi-las.