(Acrescenta novos detalhes do fato).
Atenas, 4 abr (EFE).- Um aposentado grego, de 77 anos, se suicidou nesta quarta-feira na frente do Parlamento do país devido às dificuldades econômicas que atravessava, segundo vários testemunhos citados pelos meios de comunicação locais.
Fontes da polícia consultadas pela Agência Efe confirmaram que o homem era grego, mas se negaram a comentar um possível motivo do suicídio.
No entanto, horas depois os meios de comunicação informaram que haviam encontrado uma nota deixada pelo idoso. ‘O governo Tsolakoglu aniquilou qualquer possibilidade para minha sobrevivência’, deixou escrito o suicida.
Na nota compara o atual governo do ex-banqueiro Lucas Papademos com o de Yorgos Tsolakoglu, primeiro-ministro no governo colaboracionista imposto na Grécia durante a ocupação nazista.
‘E, dado que não posso encontrar justiça, não encontro outro modo de reagir que pôr um fim decente (a minha vida), antes de ter de começar a revirar o lixo para encontrar comida’, detalhou, segundo vários meios de comunicação gregos.
O homem chegou ao local de metrô, se dirigiu até uma árvore situada no meio da esplanada e deu um tiro na cabeça, segundo as testemunhas citadas pela imprensa.
Uma funcionária da limpeza da prefeitura declarou que antes de suicidar-se o homem gritou que ‘não queria deixar dívidas para seus filhos’, segundo um vídeo divulgado pelo canal informativo ‘Zougla’.
O falecido era um farmacêutico aposentado, confirmou o presidente da Associação de Farmacêuticos do Ática, Kostas Lurantos, que explicou que até 1994 possuía uma farmácia que, após aposentar-se, vendeu.
Segundo o site ‘Newsit’, o suicida era casado, tinha uma filha e se encontrava afogado em dívidas.
Um vizinho o descreveu para o site como ‘um homem tranquilo’ de quem não se esperava semelhante atitude.
As pensões de aposentadoria foram cortadas em cerca de 15% desde o início das medidas de austeridade do governo em 2010.
Os suicídios aumentaram nos últimos três anos na Grécia e os especialistas acreditam que se trata de uma consequência da grave crise econômica.
Entre os anos de 2000 e 2008 houve uma média anual de 366 suicídios, uma das taxas mais baixas da Europa, segundo os dados da Autoridade Grega de Estatísticas.
Em 2009, 2010 e 2011 os números de suicídios aumentaram de forma notável, para situar-se, respectivamente, em 507, 622, e 598 até o dia 10 de dezembro de 2011, segundo um relatório da polícia grega entregue ao Parlamento.
Estes números representam um aumento anual de entre 38% e 69% em relação à média registrada nos anos anteriores.
No lugar onde o homem cometeu o suicídio proliferaram mensagens de apoio, além de velas e flores em sua homenagem. Através das redes sociais foram convocadas várias manifestações de protesto para esta tarde. EFE