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Afegã mutilada por marido está feliz com nariz reconstruído

Processo cirúrgico teve início em junho de 2012 - em Maryland, nos EUA - e pode durar até dois anos, envolvendo cerca de seis operações no total

Por Da Redação
26 fev 2013, 12h30

Há anos a jovem afegã Aisha Mohammadzai sonhava com um novo rosto, desde que teve o nariz e as orelhas mutilados pelo marido, após uma tentativa de fuga do casamento forçado. Nesta terça-feira, a imprensa internacional divulgou os novos resultados de uma cirurgia de reconstrução facial, que teve início em junho de 2012, no Centro Médico Walter Reed National Military, em Maryland, nos Estados Unidos, e cujo processo pode durar até dois anos, envolvendo cerca de seis operações no total. Em entrevista à rede ITV, Aisha diz estar feliz com o novo nariz e espera que sua experiência possa contar uma história de esperança. “Quero dizer a todas as mulheres que sofrem abusos que sejam fortes e nunca desistam”, afirma. Hoje, ela vive com uma nova família (um casal de imigrantes afegãos), com quem teve a oportunidade de recomeçar a vida.

Reportagem: Afegã mutilada por marido começa a recompor o rosto

O caso de Aisha ganhou repercussão internacional, quando, aos 18 anos, ela estampou o rosto deformado na capa da edição de agosto de 2010 da revista Time, e sua história veio à tona. A jovem foi prometida em casamento quando tinha apenas 12 anos – prática comum no Afeganistão. Para colocar fim a uma dívida de seu pai, o noivo era um militante do Talibã. Aos 16, ela foi mandada para morar com a família do futuro marido, que estava em combate no Paquistão. Desde o início, já sofria maus-tratos extremos nas mãos dos sogros e cunhados. Ao tentar fugir de casa, foi entregue de volta ao marido pelo próprio pai, para que recebesse o castigo “merecido”: a mutilação do nariz e das orelhas com uma faca. Por mais impressionante que possa soar, esse também é um costume difundido por todo o país, e a maioria das vítimas acaba sofrendo no anonimato.

'Time': aos 18 anos, Aisha foi capa da revista americana
‘Time’: aos 18 anos, Aisha foi capa da revista americana (VEJA)
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Quando Aisha soube que poderia fazer a cirurgia de reconstrução facial, se animou. Mas a verdade é que o caminho que Aisha escolheu percorrer é tortuoso. No curso das várias cirurgias, ela precisa lidar com grande dor e desconforto, além da incerteza de que o resultado final ficará perfeito. Por isso, precisou esperar tanto para iniciar o processo. Não era considerada psicologicamente preparada para enfrentar o invasivo processo cirúrgico. Logo que chegou aos EUA, em 2010, a afegã ganhou uma prótese temporária da Fundação The Grossman Burn, para usar até que pudesse iniciar a reconstrução. Mas ela surpreendeu a todos quando se recusou a utilizar o nariz artificial, preferindo estampar a deformação do rosto como uma bandeira a denunciar as violações dos direitos das mulheres no seu país.

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Cirurgia – Em entrevista ao site de VEJA, no ano passado, o cirurgião plástico do Hospital Israelita Albert Einstein, Ronaldo Golcman, explicou que o resultado de uma cirurgia reconstrutiva como essa demora a aparecer. Por isso, a terapia é fundamental. Segundo ele, mesmo quando se chega ao mais próximo do ideal, o resultado ainda pode ficar aquém do desejado pelo paciente. “Nenhuma reconstrução é perfeita, existem limitações. E, entre as reconstruções de face, a do nariz é uma das mais complexas”, disse. “Se o paciente não estiver preparado psicologicamente, pode se arrepender depois. O cirurgião precisa ser um psiquiatra com o bisturi na mão.” O médico observou que a cicatriz que Aisha já possui no rosto era grossa e um pouco alta, o que aumentavam as chances de que novas cicatrizes cirúrgicas tenham caráter semelhante.

Golcman lembrou ainda ser preciso deixar claro que Aisha não vai “ganhar” um rosto novo. “Tudo tem um preço. Para se ter um nariz reconstruído, é preciso utilizar tecido de outra parte do corpo, normalmente da testa ou do antebraço, o que implica em cirurgias e novas cicatrizes. Por mais que o resultado fique bom, o paciente terá um rosto remendado”, detalha, reiterando que todo o processo, além de demorado, passa por momentos delicados: “A tendência é sua aparência piorar nos três ou quatro primeiros meses antes de começar a melhorar”. Em alguns casos, perde-se parte da modelagem nesse intervalo de tempo, e o paciente precisa voltar, de tempos em tempos, para fazer retoques. “Ter essa paciência é fundamental para evitar cortes desnecessários”, completou o cirurgião.

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