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A violência prossegue em Mianmar, apesar do estado de emergência

Por Soe Than Win
11 jun 2012, 11h48

A violência prosseguia nesta segunda-feira entre budistas e muçulmanos no estado de Rajine, no oeste de Mianmar, apesar do estado de emergência declarado pelo governo, o que levou a ONU a evacuar seus funcionários de uma região onde a atmosfera era quase insuportável.

Embora a situação parecesse tranquila na cidade de Sittwe, a capital do estado, os restos carbonizados de várias casas eram o testemunho da violência dos últimos dias.

No aeroporto eram vistos caminhões militares e alguns membros das forças de segurança vigiavam as mesquitas e os pagodes.

Segundo os meios de comunicação oficiais, os confrontos deixaram sete mortos e 17 feridos desde sexta-feira e cerca de 500 casas ficaram destruídas. Várias fontes falam, no entanto, de um balanço de vítimas muito maior, que por enquanto não pôde ser verificado.

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A violência religiosa começou após o linchamento na semana passada no sul do estado de Rajine (antes chamado Arakan) de dez muçulmanos pelas mãos de uma multidão de budistas, que queriam se vingar do estupro de uma mulher.

Nesta segunda-feira, cerca de 40 funcionários da ONU e suas famílias, “a maioria dos funcionários internacionais”, abandonaram Maungdaw, a cidade onde sete pessoas morreram, indicou Ashok Nigam, um representante da organização.

Nigam disse que os funcionários de várias ONGs que colaboram com a ONU também devem deixar a região.

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O Reino Unido, a ex-potência colonial, pediu às autoridades que comecem a dialogar “para pôr fim à violência e proteger todos os membros da população local”.

O estado de Rajine toma seu nome de seus habitantes, uma minoria étnica budista. Mas a região também conta com uma grande comunidade muçulmana de origem indiana ou de Bangladesh e com uma comunidade rohingya, uma minoria apátrida considerada pela ONU uma das mais perseguidas do mundo.

No discurso dominante em Mianmar, todas estas comunidades são consideradas um só grupo muçulmano, taxado de estrangeiro e perigoso.

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“Os bengalis queimaram casas e mataram pessoas (no domingo), mas não sei quantas pessoas”, explicou uma moradora de Sittwe, que admitiu, no entanto, não ter sido testemunha dos fatos.

Segundo Abu Tahay, um funcionário do Partido para o Desenvolvimento Democrático Nacional que representa os rohingyas, vários membros desta comunidade “morreram pelos disparos das forças de segurança e outros foram assassinados com facas pelos rajines”.

A AFP não pôde verificar até o momento a veracidade destas afirmações.

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Chris Lewa, da organização Arakan Project, que milita a favor dos diretos dos rohingyas, indicou, por sua vez, que houve muitas vítimas desta comunidade.

“As autoridades, e não apenas os meios de comunicação birmaneses, parecem ignorar os muçulmanos que morreram”, disse esta responsável, que falou de dezenas de mortos.

Segundo Lewa, os primeiros confrontos de sexta-feira foram provocados pelos rohingyas, mas depois a situação mudou totalmente.

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Diante desta situação, o presidente birmanês, Thein Sein, que enfrenta uma das maiores crises no país desde sua chegada ao poder, em março de 2011, decretou no domingo o toque de recolher e depois impôs o estado de emergência.

“Se os dois grupos matam uns aos outros em uma espiral de ódio e vingança sem fim (…), (a violência) pode se propagar para além do estado de Rajine”, disse em um discurso o presidente birmanês, conhecido por suas reformas políticas.

Os rohingyas não são oficialmente reconhecidos em Mianmar como uma minoria étnica. A comunidade conta com cerca de 800 mil pessoas em Mianmar, confinadas no norte do estado de Rajine, e com outras 200 mil em Bangladesh, incluindo milhares de pessoas instaladas em campos.

Os muçulmanos representam oficialmente 4% da população de Mianmar, contra 89% de budistas

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