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A volta por cima de Helio Castroneves

Por Silvio Nascimento Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jul 2009, 22h49

O sorriso fácil voltou ao rosto do piloto brasileiro Helio Castroneves, de 34 anos, titular da equipe Penske na Fórmula Indy. Sucesso absoluto nos Estados Unidos – frequenta o Late Show de David Letterman (na TV CBS), já foi capa de revistas como a Cosmopolitan, eleito um dos vinte homens mais sexy do país pela revista People, e venceu o Dancing With the Stars (Dançando com as Estrelas) -, ele foi acusado de evasão fiscal e sonegação de impostos no valor de 5 milhões de dólares. Algemado, teve prisão decretada, ficou na geladeira longe das pistas, correu o risco de ficar um bom tempo na prisão, mas deu a volta por cima. Em abril, foi liberado de todas as acusações, saiu literalmente correndo para a segunda prova da temporada e chegou em sétimo. Em seguida, foi segundo no Kansas e três semanas depois o toque final no seu “retorno”: venceu pela terceira vez uma das provas mais importantes do automobilismo, as 500 Milhas de Indianápolis.

Castroneves quer ainda mais: o primeiro título na categoria. Faltam cinco provas para o encerramento da temporada e ele está em quarto na classificação, apenas 75 pontos atrás do líder, o piloto australiano e companheiro de Penske Ryan Briscoe – na Indy, o vencedor leva 50 pontos. Além disso, não esconde o prazer em fazer campanha para que a cidade onde cresceu, Ribeirão Preto (SP), receba a prova da categoria, marcada para 14 de março de 2010. Tanto assim que, no fim de julho, voltou ao Brasil depois de quase três anos para encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pedir seu apoio para a corrida. Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida a VEJA.com.

Quando você percebeu que faria a vida nos EUA, que daria certo no país?

Foi quando fiz teste para a Fórmula 1 em 2002 (na equipe Toyota). O risco era muito grande e percebi que a política era muito grande. Então, decidi ficar onde estava, pois já conhecia tudo, e afinal faria o que gosto – que é correr de carro. Já testei um Fórmula 1, achei fantástico, mas não dá para nadar contra a maré e é preciso avaliar as alternativas. Entre correr na Indy e não correr, escolhi correr. E vi que a opção foi muito boa, porque aqui se tem muito respeito pelo profissional e o público me acolheu bem.

Você se adaptou completamente ao estilo americano?

Eu me acostumei com facilidade. Cheguei aqui em 1996 e logo percebi que este é o país da oportunidade, mas para quem trabalha duro. Se fizer desse jeito, tem o reconhecimento, tem as oportunidades, e basta agarrá-las e fazer da melhor maneira possível.

Você viaja com frequência ao Brasil?

Fiquei quase três anos sem ir, apesar de ter escolhido morar na Flórida por ficar mais perto. Mas, nos últimos anos, minha família passou a vir para cá nos fins de ano. E ficaram mais tempo ainda desde o ano passado por causa dos problemas que tive.

Como você enfrentou as acusações?

Foi um momento muito ruim, difícil, porque não sabia exatamente do que estava sendo acusado. Além disso, tinha a certeza de que não tinha feito nada de errado. E se houvesse algo errado, não houve intenção de burlar a lei. Foi muito difícil mesmo e triste.

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Como se sentiu ao ser afastado das pistas?

É complicado ficar sem o que mais gosta de fazer na vida, que é correr. A equipe me deu a opção para que eu me focasse no problema, para que me concentrasse em enfrentar as acusações e provar minha inocência. Foi muito melhor enfrentar a situação sem ter a carga de treinar, correr. A equipe me deu apoio e segurança todo o tempo, foi muito importante.

Helio Castroneves na revista People, em 2001: um dos mais sexy dos EUANesse período até o julgamento o que você fazia?

Bom, trabalhei a parte física até o fim de fevereiro e sabia que em março não poderia me preocupar com nada. Então, me concentrei nas reuniões com advogados e especialistas, deixei tudo de lado e me foquei só nisso, na minha defesa.

Em algum momento você temeu pelo pior, ou seja, condenação e prisão?

Apesar de ser um cara positivo, sou humano e a gente acaba pensando coisas que não quer pensar, pelo fato de que não tem o controle da situação. Eu sabia da minha inocência, nunca deixei de acreditar e sempre tive fé. Mesmo assim, a gente acaba pensando em alguma coisa ruim.

Qual foi o pior momento que você passou?

Quando colocaram minha mãe e meu pai para testemunhar. Eles foram acusados e pressionados o tempo todo, isso foi horrível. Foi o mais difícil mesmo. E a cena de ter de usar algemas nas mãos e nos pés também foi surreal. Era como se eu estivesse dentro de um filme, só que como bandido. A cicatriz vai ficar, mas essas coisas também nos dão mais força.

Você acompanhava o caso pela mídia?

Eu não lia nada nesse período, não acessava internet, nada. Só assistia ao Dancing With the Stars. Depois que tudo passou, escutei e li muita coisa, e, apesar de não gostar do que vi, acho que cada um tem a liberdade de falar o que quiser. O mais importante foi o carinho que recebi dos americanos. Jamais vou esquecer isso.

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Com Julianne Hough, parceira de Dancing With Stars, em 2007Como você foi parar no Dancing With the Stars?

Um amigo, Apolo Ohno, atleta de patinação no gelo, participou da competição e me falou que tinha sido muito legal, que tinha se divertido muito. Ele me indicou para a produção do programa, e eles acharam que eu tinha o perfil adequado. Achei que seria uma brincadeira, mas acabei treinando sério. Antes disso, eu só dançava no Carnaval (risos). E ganhei uma amiga muito legal, a minha parceira, Julianne Hough, que ainda vai fazer sucesso como cantora de música country.

Você acompanha a F-1?

Muito pouco. As corridas acontecem em um horário muito cedo para o fuso-horário dos Estados Unidos. Fica difícil acompanhar.

Mas você viu o acidente do Felipe Massa?

Infelizmente estamos sujeitos a situação de perigo, pois todos nós sabemos que é um esporte de risco, mas é o que gostamos de fazer e vamos continuar. Foi uma situacao inesperada e gracas a Deus ele está bem e parece que voltará ao normal, o negócio agora é ter paciência e seguir as recomendações médicas para que a recuperação seja sólida. Conheço o Felipe e vou continuar torcendo e orando para que a melhora dele seja rápida.

Como foram as sensações de ganhar três 500 Milhas?

A primeira teve o gosto da novidade, tudo era novo, e vencer a prova foi muito especial. Na segunda vez, eu já sabia o que fazer, como fazer e o que teria pela frente. Então, o gosto especial é o de vencer o desafio e cumprir tudo o que foi planejado. Nesta terceira vez, foi maravilhoso, principalmente depois de tudo o que aconteceu. Tem sabor de vitória em tudo.

Você acredita que Ribeirão Preto possa mesmo receber a etapa brasileira?

Fui nomeado embaixador da Indy para a corrida no Brasil e seria mais um sonho a ser realizado, correr na cidade em que cresci, que é a minha casa.

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