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Um lutador entre o octógono e a farda do Bope

Soldado de Brasília sonha em seguir os passos de Anderson Silva no esporte e se dedica aos treinos nos intervalos das missões da polícia em Brasília

Por Leo Pinheiro
18 mar 2012, 14h59

“Eu pego às sete da manhã no quartel e trabalho 24 horas direto para ter folga de 72 horas, que é a escala da polícia. Nos dias de folga, treino o dia inteiro. Quando estamos perto de competições, conto com o apoio dos meus comandantes, que me liberam para treinar diariamente nos intervalos das atividades do Bope”

A trilha sonora do filme Tropa de Elite, executada antes de suas lutas no UFC, e os gritos de “faca na Caveira”, vindos da arquibancada, não deixam o público esquecer a vida dupla do lutador de MMA Paulo Thiago. O peso meio-médio (até 77 kg) é soldado do Bope de Brasília, identidade nada secreta para seus fãs, que o comparam ao Capitão Nascimento, personagem de Wagner Moura no cinema.

O soldado-lutador fica lisonjeado com a analogia e com o carinho do público. Diz que é um incentivo a mais para enfrentar os desafiantes como Siyar Bahadurzada (Afeganistão), seu próximo adversário, dia 14 de abril, no UFC Suécia. Com sete lutas e quatro vitórias no UFC, Paulo diz que suas duas vidas – a de lutador e a de policial do Bope – são bem menos glamourosas do que no cinema.

“Eu pego às sete da manhã no quartel e trabalho 24 horas direto para ter folga de 72 horas, que é a escala da polícia. Nos dias de folga treino o dia inteiro. Quando estamos perto de competições, conto com o apoio dos meus comandantes, que me liberam para treinar diariamente nos intervalos das atividades do Bope. São três períodos de uma hora e meia, às 10h, 16h e 20h, entre uma missão e outra. Chego morto em casa.”

O cansaço, diz ele, não é só físico. Paulo é do grupamento tático de resgate de vítimas e diz que a mente é testada ao limite quando tem de trocar tiros com um sequestrador. “Quando há vítima na linha de fogo, entre eu e o criminoso, não posso errar. Não posso tomar uma atitude precipitada porque há vidas em jogo.” Porém, para ele a atividade policial, que exerce desde 2003, somente o fez crescer como lutador. “No octógono levo vantagem sobre alguns adversários por causa da minha capacidade de concentração e avaliação do risco. Mesmo quando estou em desvantagem, não sou levado pela emoção. Como em uma operação policial, penso minuciosamente na melhor tática para chegar ao objetivo: finalizar o adversário.”

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Paulo afirma que a corporação também o ajuda a manter a disciplina de atleta profissional. “A disciplina militar é muito rígida e me ajuda a manter a postura dentro e fora do octógono, em meus treinamentos, em entrevistas, em toda a minha carreira. Não provoco meus adversários. No Bope, aprendemos a ter mais respeito pelo próximo e a ter mais força de vontade. Mesmo que um lutador do Bope não seja o melhor, não tenha tanta técnica, ele poderá ser um vencedor porque a força de vontade dele, a superação, são muito maiores que os que estão fora do batalhão.”

O Bope não é o mundo ideal para o soldado somente por um motivo: a baixa remuneração. Ele diz que com o salário de 4.000 reais seria impossível se sustentar e ainda custear a preparação de um atleta de alto nível. O sucesso no UFC, que trouxe dois patrocinadores e o convite para fazer propagandas em revistas e tevê, permitiu triplicar sua remuneração. Aos 31 anos, separado e pai de gêmeos de 6 anos, sonha mais alto. “Queria ganhar o máximo de dinheiro possível para dar tranquilidade financeira aos meus filhos. Não posso dar a eles tudo o que gostaria, pagar bons colégios, com o salário da polícia. Quero fazer isso através do esporte.”

Uma de suas óbvias referências é Anderson Silva – o brasileiro mais bem-sucedido no MMA. “O que o Anderson fez é uma inspiração. Ele vem batendo todos os recordes de defesa de cinturão, popularizou o esporte no Brasil. Acho muito difícil alguém se igualar a ele. Queria um dia ter um reconhecimento parecido. Jjá sou personagem de um videogame. O boneco está sendo negociado e está vindo aí.”

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