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UFC: Jon Jones, um ‘Capitão América’ contra os brasileiros

Com o sucesso de Anderson, os EUA precisavam ter seu próprio superastro no MMA. E acharam o candidato ideal: jovem, carismático e arrasador no octógono

Por Davi Correia
19 abr 2012, 11h19

O americano de 24 anos sabe promover a marca da empresa em que trabalha – e adora os holofotes

O mais patriótico her��i dos quadrinhos foi criado em meio à II Guerra Mundial – surgido em 1941, enquanto os aliados tentavam derrotar a Alemanha nazista, o Capitão América serviu para elevar o moral da população dos Estados Unidos, que precisava de um incentivo emocional para acreditar que seria possível subjugar as tropas de Adolf Hitler. Mais de sete décadas depois, os americanos se encontram em desvantagem em outro campo de batalha: os octógonos do UFC, onde os brasileiros são campeões nas três categorias mais prestigiosas. Como a maioria das noitadas do UFC acontece em solo americano – e o principal público consumidor do evento ainda está nos EUA – o domínio brasileiro (principalmente com o status de superastro de Anderson Silva) é péssimo negócio para os organizadores. Surge, então, um candidato a Capitão América do MMA, o vingador que fará a bandeira dos EUA tremular acima das outras. Ele é Jon “Bones” Jones, 24 anos, campeão da categoria meio-pesado (ele defende o título no sábado, em Atlanta, contra Rashad Evans, no UFC 145). Atleta carismático, popular e tecnicamente excepcional, Jones vive uma clara transformação nos últimos meses. Desde que surgiu no UFC,sempre foi um grande lutador. Mais recentemente, porém, está sendo transferido para outro patamar, o de ídolo nacional, para que seja o rosto do UFC nos Estados Unidos – e, de preferência, para que consiga arrumar novos negócios para a franquia, assim como fez o Capitão América ao participar das campanhas para arrecadar fundos para o esforço bélico. O objetivo do “projeto Jon Jones” não é nem desbancar Anderson no octógono – até porque eles lutam em categorias diferentes. A meta principal, na verdade, é igualar ou superar o sucesso do brasileiro, o lutador mais conhecido no planeta, em quesitos como popularidade e exposição publicitária.

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Com 1,94 metro e 93 quilos, limite de peso de sua categoria, Jon Jones tem um talento nunca questionado por fãs e especialistas em artes marciais mistas (MMA). Seu cartel é a melhor prova disso: tem 15 vitórias e apenas uma derrota – ocorrida, na verdade, em função de uma desqualificação, por uso de golpe irregular. O americano costuma ser tratado como prodígio, e leva a fama de “mais jovem campeão do UFC”. Alguns esquecem, porém, que Vitor Belfort conquistou o cinturão do torneio aos 19 anos, quando a disputa ainda tinha outro formato e os atletas lutavam mais de uma vez na mesma noite. Jones é só o mais novo a conquistar um título desde que os irmãos Fertitta compraram o UFC, em 2003, mas essa ressalva não aparece nos vários anúncios e campanhas estreladas pelo americano. Se Anderson é o grande astro do UFC pelo mundo, Jon Jones é o principal representante da franquia na parte institucional, trabalhando quase como um garoto-propaganda do evento. Quando não está dentro do octógono ou treinando seus golpes mais famosos – os chutes rodados e as incríveis cotoveladas -, Jon Jones precisa cumprir uma agenda lotada de eventos do UFC. Em janeiro, por exemplo, esteve no Brasil para o segundo UFC Rio. Preocupado em deixar uma boa impressão na torcida local, acompanhou a vitória de José Aldo perto do octógono, com a camisa da seleção brasileira e uma bandeira do país. No contato com fãs e outros lutadores, foi afável, simpático e atencioso – como qualquer porta-voz de uma empresa deve ser. Leia também: Anderson Silva que se cuide – lutador fora de ritmo vira alvo fácil

O rosto do MMA

Há algumas semanas, Jones foi capa da revista oficial do UFC nos EUA. Posou reeditando uma foto famosa de Muhammad Ali – e, depois, topou ser fotografado com suas luvas em chamas.

Até por isso, é impossível negar que o americano sabe promover a marca da empresa em que trabalha. Ao contrário da impressão que deixa quando está em ação num combate – parece ser marrento e arrogante -, Jones parece não se incomodar com o contato com o público. Adora os holofotes e tem a reputação de ser craque ao lidar com os torcedores. Seu empenho em divulgar o UFC será recompensado no sábado, em sua defesa de cinturão contra o compatriota Rashad Evans. Jones subirá ao octógono patrocinado exclusivamente pelo UFC, sem marcas de artigos esportivos, bebidas energéticas ou qualquer outro produto. Quem não gostou do patrocínio foi o adversário – Rashad Evans reclamou publicamente do acordo, dizendo que ele deixava a impressão de que os organizadores estão do lado de Jones. O presidente do UFC, Dana White, jamais escondeu sua adimiração pelo jovem campeão, mas tenta evitar passar a impressão de que Jones é um “queridinho” da franquia – o que certamente traria reações negativas entre o público. “Jones passou por cima de todo mundo. Fez quatro lutas difíceis em apenas um ano”, elogia. Ao ser questionado sobre se Jones pode ser o maior de todos no UFC, Dana White desconversa: “Odeio falar muito sobre Jon porque ele é muito jovem, e não quero colocar muita pressão nas costas de um cara tão novo”. Não que Jones fique incomodado com as grandes expectativas depositadas sobre sua carreira. Se o Capitão América precisou de um soro para melhorar seus sentidos e instintos, “Bones” construiu um repertório espetacular de golpes com uma receita bem mais simples: muito treino. Suas célebres cotoveladas são tão potentes e velozes – na luta contra o brasileiro Lyoto Machida no UFC 140, abriu um corte profundo na testa do rival – que levantaram o debate sobre uma possível proibição do golpe. Outra especialidade são os chutes rodados, também um golpe que exige uma combinação de técnica apurada e condição física perfeita. De acordo com os adversários, outra grande arma do lutador é sua envergadura, uma das maiores do UFC – que, combinada à rapidez na esquiva, torna sua defesa quase perfeita. Se o Capitão América tem seu escudo, o grande astro dos EUA no MMA precisa só das mãos para defender seu país no octógono.

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