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Ricardo Teixeira renuncia e deixa CBF depois de 23 anos

Poder no futebol brasileiro passa às mãos de José Maria Marin, um dos vices

Por Da Redação
12 mar 2012, 12h30

Teixeira se espelhou no ex-sogro Havelange em seu gosto pela permanência no poder, e conseguiu se reeleger por quatro vezes consecutivas

Ricardo Teixeira não é mais o presidente da CBF. Alvo de diversas denúncias de corrupção, o dirigente que comandava o futebol brasileiro havia mais de duas décadas renunciou nesta segunda-feira. A notícia foi dada por José Maria Marin, que leu uma carta em que Teixeira se despede do cargo – ele presidia a CBF desde 1989. Ex-genro de João Havelange, que comandou a CBD (que viria a se tornar CBF) entre 1956 e 1974, Teixeira se espelhou no cartola em seu gosto pela permanência no poder, e conseguiu se reeleger por quatro vezes consecutivas. José Maria Marin assumirá o cargo que foi de Teixeira até o fim do mandato, que termina em 2014, por ser o vice-presidente mais velho da CBF.

Marin é ex-governador de São Paulo e foi visto recentemente embolsando uma medalha que deveria ser entregue aos jogadores da equipe sub-18 do Corinthians, que venceram a Copa São Paulo de Juniores. Após o flagrante, ele afirmou que o objeto era um presente da Federação Paulista de Futebol. Pouco tempo atrás, Teixeira era considerado nome certo para disputar a sucessão do presidente Joseph Blatter na Fifa, em 2015. Sua situação piorou quando teria apoiado nos bastidores a candidatura do catariano Mohamed bin Hammam nas eleições do ano passado. Hammam desistiu da candidatura pouco tempo depois por conta de denúncias de corrupção.

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A mudança de lado de Teixeira abalou suas relações com Blatter, que passou a apontar Michel Platini, atual presidente da Uefa, como seu possível sucessor. No período em que Ricardo Teixeira esteve à frente da entidade, o Brasil disputou seis Copas do Mundo e conquistou duas, em 1994 e 2002. A alternância entre fracassos e bons desempenhos dentro de campo ocorreu simultaneamente a uma série de denúncias contra o dirigente. O primeiro momento de grande turbulência ocorreu no início dos anos 2000, quando foi acusado de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, sonegação de impostos e evasão de divisas no relatório da CPI do Futebol.

Apesar das numerosas denúncias, Teixeira não foi condenado pela Justiça e seguiu à frente da CBF. Mesmo sendo o principal nome da organização da Copa do Mundo de 2014, comandando o Comitê Organizador Local (COL), Teixeira se enfraqueceu nos últimos meses pelo aumento das denúncias envolvendo seu nome. Ricardo Teixeira também deixou a presidente do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014, cargo que também será ocupado por José Maria Marin. A troca de comando no comitê é mais um episódio de grande repercussão no turbulento processo de preparação do Brasil para sediar o Mundial – o país vem sendo criticado pela Fifa pela demora nos projetos ligados à Copa.

Ascensão e queda do cartola

1972 Formado em direito, casa-se com Lúcia Havelange, filha do então presidente da Fifa, João Havelange. E entra no mundo do futebol 1989 É eleito presidente da Confederação Brasileira de Futebol 1990 Em sua primeira Copa do Mundo, o Brasil é eliminado pela Argentina nas oitavas de final 1994 O Brasil é tetracampeão do mundo, nos Estados Unidos. Na volta, Teixeira trouxe no avião da delegação, sem declarar, equipamentos para montar um bar de luxo no Rio de Janeiro 1998 O Brasil perde a final da Copa do Mundo para a França. Teixeira é alvo de investigações por fraudes no contrato da CBF com a Nike, mas consegue escapar graças ao apoio da bancada da bola 2000 Teixeira depõe na CPI do Senado que investiga a relação da CBF com a Nike. A CBF é multada pela Receita Federal em 14 milhões de reais por sonegação fiscal 2002 O Brasil é pentacampeão do mundo no Japão, mas o título não encerra a onda de denúncias contra Teixeira 2007 Teixeira paga a viagem de cinquenta parlamentares e doze governadores à Suíça, onde o Brasil é escolhido a sede da Copa de 2014. Na volta, 74 parlamentares retiram as assinaturas de pedido de nova CPI para investigar a CBF 2010 Rompe com o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Com o fim do governo Lula e a posse de Dilma Rousseff, perde apoio do governo federal 2011 Investigação na Suíça revela que Teixeira recebeu 15 milhões de reais de propina da empresa de marketing ISL. Sem apoio político, começa a vender seus bens, muda-se para Miami e pede licença da presidência da CBF 2012 Resolve prorrogar a licença e, posteriormente, renunciar ao comando da CBF, após 23 anos

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(Com agência Gazeta Press)

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