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‘Prefeita olímpica’ diz que o custo total dos jogos só será fechado em 2016

Maria Silvia Bastos, presidente da Empresa Olímpica Municipal, avisa que antes da próxima visita do COI, em novembro, sequer a lista detalhada de projetos está pronta

Por Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro
2 out 2011, 08h41

‘Nós temos um calendário grande pela frente. Olha, é um grande desafio, não é fácil não! Eu entrei faltando cinco anos exatos para as Olimpíadas, já é contagem regressiva’

Ela é uma super-executiva, já presidiu a CSN e o Icatu Hartford, negociou com o FMI. Há pouco mais de um mês, assumiu a responsabilidade de coordenar as funções municipais na organização das Olimpíadas de 2016 – e também na Copa do Mundo de 2014 – ao se tornar presidente da recém-criada Empresa Olímpica Municipal. Nesta entrevista, Maria Sílvia Bastos afirma que só haverá um orçamento fechado de Copa do Mundo e Olimpíadas quando acabarem os Jogos, em meados de 2016. Diz que os Jogos Olímpicos são uma oportunidade se ter uma cidade melhor. Enquanto arruma um tempinho para responder os torpedos dos filhos gêmeos de 14 anos, com quem assiste séries na TV e foi a shows do Rock in Rio, comenta que sobra pouco tempo para ela própria, mas que não abre mão de sua ginástica matinal. Em seguida, elogia programas como o Morar Carioca, que está causando polêmica, e analisa: “Nós estamos mudando o Rio. E alguma coisa que muda, que transforma, não gera polêmica? Eu não conheço. Aliás, se não incomodar, é porque não está mudando”.

Qual é, exatamente, o papel da Empresa Olímpica Municipal do Rio?

O prefeito costuma dizer que a presidente da Empresa Olímpica Municipal é a “prefeita olímpica”. Isso quer dizer que a gente vai ter uma atividade de coordenação do que está acontecendo na prefeitura que tenha a ver com as Olimpíadas. Existe um grupo de representantes de várias secretarias, que se reúne para discutir o andamento dos projetos, interfaces dentro das secretarias, interfaces entre o município e o governo estadual, entre no município e o governo federal. A ideia é que a Empresa Olímpica Municipal atue como a coordenadora, a integradora e também a facilitadora. Não é ser uma instância de execução.

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As obras são o principal objeto dessa coordenação?

Eu não gosto de ficar falando nas obras porque é mais do que isso. Por exemplo, comunicação. A ideia é que eu esteja coordenando a comunicação de tudo relacionado com as Olimpíadas, sentando com as pessoas responsáveis na mesa do prefeito, nas secretarias, na própria empresa Olímpica, traduzindo isso em um plano estratégico.

Alguma obra de responsabilidade da prefeitura corre o risco de atrasar?

Hoje, não. Mas nós temos um calendário grande pela frente. Olha, é um grande desafio, não é fácil não! Eu entrei faltando cinco anos exatos para as Olimpíadas, já é contagem regressiva.

A menos de mil dias da Copa, começaram a se intensificar as cobranças pelo cumprimento de cronograma e as críticas em relação a custos de obras. Após as Olimpíadas de Londres, lá pelo segundo semestre do ano que vem, isso tende a aumentar. Essa cobrança ajuda ou atrapalha?

Acho que depois de Londres aumenta a visibilidade, aumenta o foco. Cobrança? Nós mesmos já estamos nos cobrando bastante.

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Como funcionará a nova parceria público-privada para as Olimpíadas? Que áreas serão exploradas nesse sistema?

Já está atuando, o Porto está sendo feito assim. A PPP do Parque Olímpico está sendo discutida agora, mas esse instrumento, essa forma de atuar. já está sendo usada no município e o exemplo mais importante é o Porto Maravilha, que foi concebido como parceria público-privada, foi feita uma concorrência nesse sentido e está acontecendo. O sambódromo é outro exemplo de parceria, a obra é bancada pelo setor privado. E existem várias formas de trabalhar, há também as concessões. Acho que o importante é o conceito que o município está usando de buscar alavancar ao máximo o uso de recursos privados de forma reduzir o uso de recursos públicos.

Quando saberemos quanto vai custar tudo isso?

Em 2016, quando acabarem as Olimpíadas. Em breve teremos uma estimativa. Mas fechado e acabado, só quando terminarem os Jogos.

Por que é tão difícil divulgar um orçamento?

Porque é um processo dinâmico. O dossiê de candidatura já mudou. Os projetos mudaram: o golfe entrou, o rúgbi entrou. A vila de mídia ia ser na Barra e vai ser no Centro. O projeto apresentado pelo Rio era conceitual. Quando começa a se concretizar, aparecem questões práticas e objetivas. O Parque Olímpico, por exemplo, ia ser financiado pelo governo federal, e vai ter financiamento privado. E tem obras que já estão sendo executadas, mas outras ainda estão no pré-projeto. Como você pode dar um número fechado numa coisa que não tem nem projeto? Seria estranho se a gente já tivesse um orçamento fechado, porque a gente não tem nem a lista de projetos a serem feitos pronta.

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Quando essa lista estará pronta?

Na vinda do COI, em novembro, nós vamos ter que entregar essa lista de projetos fechada. Vamos ter que dizer quem executa e quem financia. Essa carteira de projetos para as Olimpíadas é composta de muita coisa. E tudo ao mesmo tempo, paralelo à cidade. Nós estreamos um novo equipamento, que é o Rock in Rio. Ali é o Parque dos Atletas, e está pronto muito antes do tempo – sem as ligações de transporte que a gente vai ter no futuro. É algo nunca visto no país.

Qual vai ser o maior legado de infraestrutura para a cidade?

Prefiro falar sobre o que eu acho que vai ser o grande legado em geral. Acho que infraestrutura é um ponto. A gente tem várias dimensões desse legado, e é uma coisa que vamos trabalhar muito aqui na Empresa Olímpica Municipal. Se eu puder resumir isso, acho que nós, aqui do Rio de Janeiro, devemos buscar como legado é uma mudança de qualidade de vida da cidade, que inclui infraestrutura urbana, mas não é só isso. Infraestrutura certamente melhora a qualidade de vida das pessoas, mas não é suficiente para mudar a cidade. Quem usar a BRT, que o prefeito já apelidou de Ligeirão, vai ficar menos tempo no trânsito, e isso melhora a qualidade de vida, sem dúvida. Mas as dimensões são maiores do que essa. Existe um programa já em curso, que é o Morar Carioca, que é de urbanização de favelas e comunidades e de realocação do que não pode ser urbanizado, porque está em área de risco, de proteção ambiental, ou sendo parte dessas obras de infraestrutura urbana, porque muitos estão no caminho dessas grandes obras. Semelhante ao que já se fez na Linha Amarela, que foi um processo grande de mudança também, mas muito menor do que o que está acontecendo hoje.

Esse é um programa que provoca polêmica, especialmente em relação à realocação.

E alguma coisa que muda, que transforma, não gera polêmica? Eu não conheço. Aliás, se não causar polêmica, se não incomodar, é porque não está mudando. É da natureza humana. Mas nós assistimos ao processo de ocupação irregular da cidade durante 30 anos. É uma realidade que precisa ser mudada. Você também não tinha transporte para as pessoas morarem longe do trabalho, essa realidade está mudando também. É natural que haja polêmica. Afinal, nós estamos fazendo mudanças profundas no Rio.

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