Duelo de estilos e filosofias marca superclássico espanhol
Na Catalunha, tradição é fazer o time em casa; em Madri, ídolos vêm de fora
O Barça aposta nos talentos lapidados em casa. Em Madri, as coisas funcionam de outra forma. A tradição do clube é buscar os melhores, sejam de onde for
Não é só na trajetória esportiva e nas ideologias políticas que os torcedores de Real Madrid e Barcelona travam uma grande batalha. O choque entre os gigantes da Espanha também é um confronto entre duas filosofias opostas de futebol. Do lado madridista está a tradição de montar times estrelados, procurando craques nos maiores celeiros de talentos do mundo, como Brasil, Argentina e os vizinhos europeus. Entre os catalães, a doutrina é outra. O objetivo também é formar superequipes, mas baseadas no talento formado em casa, nas categorias de base – na Espanha, chamadas de canteras. No atual time do Barça, oito dos onze titulares são canteranos, ou seja, revelações da base.
Além dos talentos espanhóis lapidados em casa, como Piqué, Xavi, Iniesta e Pedro, o Barça de hoje conta com o brilho do argentino Messi – também formado no próprio clube, apesar de ter nascido em Rosário. Messi era mirrado e tinha déficit de crescimento. O Barça se ofereceu para pagar o tratamento e o levou para a Espanha quando ele tinha apenas 13 anos. Do trabalho feito nas canteras surgiu o melhor jogador do mundo na atualidade. Não por mera coincidência, a equipe vive hoje uma fase espetacular sob o comando de Pep Guardiola, de 40 anos, que também foi jogador revelado na base do Barcelona e começou a carreira de técnico nas próprias canteras da agremiação.
Em Madri, as coisas funcionam de outra forma. A tradição do clube é buscar os melhores, sejam de onde for. Foi assim, por exemplo, que o Real formou um ataque lendário com o argentino Di Stéfano, o húngaro Puskas e o francês Kopa nos anos 1950. E foi assim que surgiu o time dos galácticos, com Zidane, Figo, Ronaldo e Beckham, na década passada. Agora é a vez da turma de Kaká, Cristiano Ronaldo, Benzema, Adebayor, Di María e Ozil. Do Brasil à Alemanha, passando por Portugal, França, África e Argentina, há craques de todas as partes no Santiago Bernabéu. E, para comandá-los, ninguém mais adequado que o José Mourinho, 48 anos, o mais famoso técnico do mundo.