Corinthians vai ao Japão em situação rara: será o favorito
O campeão da América deu sorte e pode encarar um Chelsea fragilizado, em dezembro, no Japão. Atravessando processo de renovação, time é vulnerável
Entre os reforços do Chelsea para a nova temporada, nenhum nome de impacto – o belga Hazard e o alemão Marin são as únicas contratações até o momento
Nos quatro primeiros títulos mundiais de clubes conquistados pelo Brasil – Santos, em 1962 e 1963, Flamengo, em 1981, e Grêmio, em 1983 -, as disputas de finais contra equipes europeias eram equilibradas. Ainda não havia o êxodo em massa de jogadores brasileiros rumo a clubes estrangeiros – assim, os times brasileiros mantinham os seus astros no país (Pelé, Zico e Renato Gaúcho comandaram essas conquistas) e tinham chances maiores de sucesso no torneio intercontinental. A partir do fim dos anos 1980, porém, ganhar um Mundial de Clubes ficou bem mais difícil. Afinal, um time que conquistasse a Libertadores no primeiro semestre raramente conseguia segurar os heróis do título até dezembro. Mesmo nas quatro conquistas de título contra europeus posteriores aos anos 1980 – do São Paulo, em 1992, 1993 e 2005, e do Inter, em 2006 -, os brasileiros jamais chegaram para a decisão como favoritos ao título. Muito mais ricos que os clubes do país, os europeus desequilibraram a disputa com sua força financeira.
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O cenário segue o mesmo até hoje, mas o Corinthians, campeão da América pela primeira vez, deu muita sorte – e pode se deparar com o adversário perfeito para vencer seu segundo Mundial. Grande surpresa do ano no futebol europeu, a conquista da Liga dos Campeões pelo Chelsea foi um resultado sob medida para as pretensões brasileiras no torneio no Japão. O clube londrino chegou à final na base da raça, de muita marcação e com a estrela do atacante marfinense Didier Drogba. No Campeonato Inglês, porém, fez campanha fraca, e a perspectiva para a próxima temporada europeia, que começa no mês que vem, não é das mais animadoras – a não ser para os torcedores do Corinthians, que torcerão para que o processo de renovação iniciado no clube demore a render frutos. Logo depois de ser campeão da Europa, o Chelsea perdeu Drogba, que vai para a China.
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Entre os seus reforços para a temporada, nenhum nome de impacto – o belga Hazard e o alemão Marin são as únicas contratações até o momento. O time está envelhecido (o zagueiro Terry e o meia Lampard, ídolos máximos do clube, estão em clara decadência e se machucam com frequência espantosa) e tem poucos jogadores em boa fase (os brasileiros Ramires e David Luiz são alguns dos poucos que se salvam). Sem Drogba, o dono do ataque será o contestado Fernando Torres, que jamais se encontrou desde que trocou o Liverpool pelo Chelsea. Talvez o craque do time seja o goleiro, Petr Cech, um dos melhores do planeta. Irregular, imprevisível e com pouco talento no elenco, o Chelsea parece ser a vítima perfeita para o Corinthians, que tem uma formação consistente, confiável e competitiva. A cinco meses da viagem para o Japão, é uma perspectiva animadora.
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