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Os campeões de MMA na mira: a vez das marias-tatame

O assédio da torcida feminina não é mais privilégio dos boleiros - com o UFC em alta, os lutadores também viraram alvos das fãs. E elas sabem como atacar

Por Davi Correia
21 out 2011, 22h26

Em ‘Fina Estampa’, Wallace Mu faz de tudo para alcançar o sucesso no octógono – e, como um lutador de verdade, tem a companhia de uma namorada atraída por seus atributos físicos e ávida para vê-lo trucidando os adversários, Teodora

Nos registros históricos sobre as primeiras Olimpíadas, não há relatos sobre as conquistas amorosas dos vencedores. É improvável, porém, que os atletas só caíssem nas graças dos deuses gregos – afinal, um campeão olímpico pode ser quase um super-herói da vida real. A admiração das mulheres pelos ídolos do esporte vem de longuíssima data. No Brasil, porém, esse fascínio ganhou novos contornos nos anos 1990, quando o esporte mais popular do país passou a pagar salários estratosféricos. Transformados em milionários, os jogadores de futebol passaram a ter de driblar não apenas os rivais no gramado. Fora de campo, os boleiros tornaram-se alvo de perseguidoras implacáveis: as célebres marias-chuteiras, sedentas por cinco minutos de fama (e, se possível, uma conta conjunta ou pensão alimentícia). Agora, esse assédio não é mais exclusivo dos craques da bola. A popularidade crescente do UFC transformou os lutadores de MMA em celebridades. E a modalidade, cada vez mais rentável, ganhou sua própria versão da tietagem feminina. No caso das marias-tatame, contudo, não se trata apenas de volúpia pelo dinheiro. De acordo com os lutadores e suas seguidoras (leia os depoimentos abaixo), a atração é alimentada também pela figura do lutador – forte, confiante e capaz de botar para correr qualquer engraçadinho.

O fenômeno não escapou ao olhar de um dos principais dramaturgos do país. Aguinaldo Silva, autor de Fina Estampa, a atual novela das nove da TV Globo, percebeu a novidade e, ao invés de escalar um jogador de futebol na trama, criou um personagem lutador de MMA. Wallace Mu, interpretado por Dudu Azevedo, faz de tudo para alcançar o sucesso no octógono – e, como um lutador de verdade, tem a companhia de uma namorada atraída por seus atributos físicos e ávida para vê-lo trucidando os adversários. Para interpretar a personagem Teodora, a atriz Carolina Dieckmann, de 33 anos, teve de engordar alguns quilos – em músculos, é claro – e passou a praticar muay thai. Tudo para emular algumas das características mais marcantes da turma das marias-tatame (confira no quadro a seguir).

Na novela, Teodora está sempre à procura de um fotógrafo (na esteira da fama de Wallace, ela também quer aparecer) e de olho nos prêmios que cada luta pode render. Seu figurino é composto por roupas coloridas e calças de couro – roupas que, aliás, não costumam constar do guarda-roupas típico de uma maria-tatame na vida real. Para destacar o corpo cheio de curvas – um dos requisitos básicos para atrair um lutador -, a escolha mais comum são os microvestidos, curtos e decotados ao extremo. Foi esse o uniforme adotado por um batalhão de fãs numa das maiores concentrações de marias-tatame já vistas no país. Depois de nocautear Brendan Schaub no UFC Rio, em agosto, Rodrigo Minotauro comemorou sua vitória em uma festa particular na zona sul do Rio de Janeiro, com a presença de lutadores como Anderson Silva, Rogério Minotouro e Erick Silva. Entre uma foto e outra, os fortões do octógono tiveram seu dia de caça, submetidos à marcação cerrada das moças. Na lista de convidadas, em meio a modelos, dançarinas e personal trainers, uma ironia: entre as fãs mais animadas estavam as participantes do concurso Gata do Brasileirão – as mesmas que, por definição, deveriam ser vistas acompanhadas de jogadores de futebol. Os boleiros, definitivamente, não estão mais sozinhos na preferência da torcida.

Natália Soares, de 23 anos, que criou uma comunidade no Orkut para as marias-tatame
Natália Soares, de 23 anos, que criou uma comunidade no Orkut para as marias-tatame (VEJA)

“Homens fortes, fama e prêmios”

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Natália Soares, de 23 anos, criou uma comunidade no Orkut para reunir as marias-tatame assumidas e declaradas – um lugar “para todas as mulheres que não resistem aos lutadores bombados de jiu-jitsu, lindos, campeões e que tenham as orelhas estouradas”.

“Comecei a treinar jiu-jitsu há oito anos por causa de um ex-namorado e não parei mais. Depois namorei até namorei um lutador UFC, mas prefiro não dizer o nome. Ao contrário de muita gente, não vejo problema em ser chamada de maria-tatame. Algumas mulheres têm dificuldades em assumir as coisas, mas eu não sou assim. A gente gosta dos lutadores porque eles são machos de verdade, mas não basta lutar – é importante ter medalhas e ser campeão. E não é só mulher que gosta deles: acho que 90% dos homossexuais adoram o jeito de um lutador de verdade. Essa combinação é muito atraente: homens fortes, fama, prêmios… Acho que para ser maria-tatame é preciso cuidar bem do corpo. É obrigatório frequentar academia. É bem aquela coisa: os semelhantes se atraem, sabe? Quanto à novela, eu não acompanho muito, mas acho que a personagem está sendo fiel à realidade. Ela ficou com o lutador pelo dinheiro e pela fama, certo? Então é isso mesmo, acontece desse jeito. Mas a atriz que faz o papel, que esqueci o nome, poderia ser um pouco mais malhada…”

Rodrigo Minotauro, 35 anos, lutador de MMA
Rodrigo Minotauro, 35 anos, lutador de MMA (VEJA)

“Elas sabem que podemos cuidar delas”

Rodrigo Minotauro, de 35 anos, já foi campeão do do Pride e do UFC. Uma das lendas do MMA, ele fez sua 40ª luta – a primeira em solo brasileiro – no UFC Rio, em agosto último, quando nocauteou o americano Brendan Schaub.

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“Nosso esporte, graças a Deus, está crescendo muito. Por isso, os atletas passaram a ser mais visados pelas garotas. Acho o termo maria-tatame um pouco pesado para classificar alguém. Acredito que as mulheres gostam de homens fortes porque elas se sentem protegidas. Elas sabem que podemos cuidar delas. Também tem outro lado que deve atrair essas mulheres: a gente representa o Brasil fora do nosso país, e isso cria uma admiração do público. Isso é normal e independe da profissão. Mas não há dúvidas de que o assédio das mulheres aumentou – e nem sempre a conversa é só sobre luta. Claro que depois do UFC Rio todo mundo falava sobre o evento, mas não dá para ficar apenas em apenas um assunto.”

Thiago Tavares, 26 anos
Thiago Tavares, 26 anos (VEJA)

“Existe coisa mais máscula que um lutador?”

Thiago Tavares, de 26 anos, é catarinense e luta no UFC desde 2007. O peso-leve tem 6 vitórias e 5 derrotas no maior evento de MMA do planeta. O último triunfo foi em agosto, no UFC Rio.

“As marias-tatame sempre existiram. É que agora, com toda essa popularização do esporte, há muito mais mulheres assim. É uma coisa comum. Os lutadores não são vistos apenas como grandes atletas, mas também como super-heróis. Mas vou defender as mulheres que gostam de lutador. Não podemos rotular todas. As mulheres gostam de homens bem sucedidos, qualquer que seja sua profissão. Além disso, existe alguma coisa mais máscula que um lutador? Elas querem um homem de verdade ao seu lado, até mesmo para protegê-las. Claro que devem existir as interesseiras, mas está longe de ser uma maioria. Elas nem sabem quanto a gente ganha, não é como no futebol. Prova disso é que nos eventos menores também há várias mulheres na beira do tatame.”

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