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Blatter, já garantido no poder, agora enfrenta a etapa mais difícil: suportar a pressão pelas mudanças no topo da Fifa

Tentativa de adiar eleição desta quarta fracassou, e suíço garantiu seu quarto mandato. E já promete mudar a forma como é feita escolha da sede da Copa

Por Da Redação
1 jun 2011, 08h43

“Sou o capitão enfrentando a tempestade, e entrou água no nosso navio. Precisamos fazer alguma coisa”, discursou o suíço, prestes a garantir o 4º mandato

Nem a mais grave crise dos 107 anos de história da Fifa foi capaz de abalar o poder de Joseph Blatter. O suíço assegurou sua terceira reeleição (e, de acordo com uma promessa de campanha, o último mandato na presidência da entidade) nesta quarta-feira, no 61º Congresso da Fifa, em Zurique. Mas agora vem a parte mais difícil: mesmo depois de sustentar o poder em meio a uma tempestade de denúncias, Blatter certamente terá de lidar com a pressão por mudanças no comando do futebol mundial. E ele já prometeu uma transformação de grande impacto – o procedimento para escolher o país sede de uma Copa do Mundo será alterado.

Candidato único na eleição desta quarta depois da desistência do catariano Mohammed Bin Hammam – que, aliás, foi barrado na porta do congresso, por ter sido suspenso pela comissão de ética, no fim de semana -, Blatter só corria um risco no pleito. Na terça, a Federação Inglesa de Futebol (FA, na sigla em inglês) defendeu publicamente o adiamento do processo, pedindo a adesão das outras federações e confederações para que a eleição fosse realizada em um contexto mais transparente e equilibrado – com um outro candidato contra Blatter, por exemplo. A tentativa inglesa fracassou: 172 dos 206 votantes não quiseram adiar a eleição.

No total, só dezessete federações votaram pelo adiamento, com dezessete abstenções – era necessário conseguir o apoio de três quartos dos países e confederações. A reeleição de Blatter, oficializada numa votação apenas protocolar, ocorreu com sobras: ele recebeu 186 dos 203 votos contabilizados. Mas isso não quer dizer que ele sai do processo vitorioso. Além de encarar suspeitas e críticas, Blatter será forçado a ceder, pois está numa posição delicada. E a primeira dessas mudanças é o formato da escolha da sede da Copa. Hoje, quem elege o país vencedor é o Comitê Executivo, clube fechado – e sempre envolvido em denúncias de corrupção.

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Ao invés dos vinte e poucos integrantes do comitê, a escolha da sede deverá ser feita pelo próprio Congresso da Fifa, com votos de todas as associações nacionais. “Quero dar mais poder a elas”, discursou Blatter, sabendo que precisará de apoio neste momento crítico. “O comitê executivo fará uma lista de indicados, mas sem recomendação alguma. Será o Congresso que votará no vencedor.” As denúncias de compra de voto na escolha da sede da Copa de 2022 – que será no Catar – foram as mais frequentes dentro dessa série de acusações recentes. Também há suspeitas sobre a derrota da Inglaterra para a Rússia como sede de 2018.

‘Água no navio’ – Ao falar aos participantes do Congresso da Fifa, Blatter enfim admitiu a crise (numa entrevista coletiva nesta semana, tinha tentado minimizar a gravidade da situação) e reconheceu que é preciso reformar a entidade. “Fomos atingidos, cometemos erros e vamos aprender com isso. Posso até dizer que foi um bom alerta, para que a Fifa olhasse para seus próprios problemas.” Blatter ainda se fez de vítima e se mostrou desconfortável com a situação. “Estou disposto a enfrentar a fúria do público para servir ao futebol. Sou o capitão enfrentando a tempestade, e entrou água no nosso navio. Precisamos fazer alguma coisa.”

O suíço também teve de ouvir um discurso duro de David Bernstein, presidente da Federação Inglesa. “Não tenho prazer algum em fazer esse pronunciamento. Mas essa eleição tornou se páreo de um só cavalo. É preciso adiá-la para que seja possível realizar uma eleição aberta e justa. Só assim o vencedor terá credibilidade pelos próximos quatro anos.” Ficou claro que Bernstein era minoria: seu discurso foi recebido com só alguns aplausos, e quase todo o Congresso em silêncio. Quando outros dirigentes discursaram contra a Inglaterra, ganharam mais aplausos – o que mostra que, pelo menos dentro da Fifa, Blatter ainda tem prestígio.

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