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Vocalista do Kiss solta a língua

Paul Stanley, guitarrista e cantor da banda que fará shows em um festival de rock pesado em São Paulo, acaba de lançar no Brasil seu livro de memórias

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 abr 2015, 17h09

Os fãs do Kiss contam com farto material de leitura. Nos últimos catorze anos, todos os integrantes do quarteto americano de hard rock lançaram livros para contar cada um sua versão particular da trajetória da banda. O linguarudo Gene Simmons lançou pelo menos quatro livros repletos de farolices, que vão desde como transformou o Kiss numa máquina de fazer dinheiro até sua lista de conquistas amorosas – mais de 5 000, segundo seus pouco modestos cálculos. Em seus livros, Peter Criss (bateria) e Ace Frehley (guitarra) – que saíram respectivamente em 1980 e 1982 e foram readmitidos em 1996, só para serem novamente defenestrados no início dos anos 2000 – acusaram seus ex-parceiros de traição, sovinice e esquisitices sexuais. Último integrante a lançar sua autobiografia, o guitarrista e vocalista Paul Stanley revela-se o melhor autor do quarteto. “Esperei por um momento grandioso na minha vida para então lançar minha história. Queria algo com final feliz”, diz ele, em entrevista a VEJA. Stanley não só fala de sua vida com sinceridade, mas também dá uma explicação curiosa mas plausível para as razões para a banda usa máscaras: foi um modo de contornar inibições juvenis.

Capa do livro “Uma Vida Sem Máscaras”, de Paul Stanley (VEJA)

​Feios, tímidos, Stanley e Simmons sentiam-se socialmente inadequados. As máscaras permitiram que eles escondessem suas fragilidades em identidades secretas, como super heróis. Uma Vida Sem Máscaras (tradução de Bruno Mattos; Belas Letras; 496 páginas; 69,90 reais) chega às livrarias brasileiras a tempo de mais uma visita do quarteto americano ao país. O Kiss se apresenta no dia 26 de abril no festival Monsters of Rock, em São Paulo, ao lado do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen, do quarteto americano Manowar e do quinteto alemão Accept.

Nascido no dia 20 de janeiro de 1952 com o nome civil de Stanley Eisen, o guitarrista do Kiss viveu em uma atmosfera familiar pesada. Seus pais eram judeus poloneses, sobreviventes do holocausto, e sua irmã mais velha tinha problemas psiquiátricos. Stanley também tinha seu fardo para carregar. Ele nasceu com um defeito auditivo chamado microtia – seu ouvido direito era “para dentro”, o que lhe rendeu o apelido de “o monstro de uma orelha só” dado por vizinhos maldosos. O problema foi resolvido cirurgicamente, mas Stanley só decidiu falar abertamente a respeito no final dos anos 1990, após ter vivido o personagem principal da montagem canadense de O Fantasma da Ópera. “Quando eu torno meu problema público, eu acabo por ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação.” É um contraste interessante com o cantor brasileiro conhecido por proibir biografias – e que detesta falar sobre sua perna mecânica. “Pela minha experiência pessoal, não se cobre uma deficiência física com uma mentira. É algo que levará a problemas ainda maiores”, comenta Stanley, ao ouvir sobre o caso.

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Eisen rebatizou-se como Stanley ao se unir ao israelense Chaim Witz (mais tarde rebatizado como Eugene Klein e depois Gene Simmons) para criar um grupo que unisse apelo visual com uma música que fosse do pop perfeito de Beatles ao hard rock de Led Zeppelin e Slade. Ao lado de Peter Criscuola e Paul Frehey (nomes artísticos: Peter Criss e Ace Frehley), a dupla criou o Kiss em janeiro de 1973. Após três discos de vendagens decepcionantes, eles finalmente atingiram o sucesso com o duplo ao vivo Alive!, de 1975. “Hoje dificilmente haveria espaço para uma banda como o Kiss. Primeiro, porque a ideia de revelação é ser vencedor de algum concurso televisivo. Depois, o próprio conceito de mercado está mudado. Eu não consigo conceber que um sujeito diga que fabrique batidas ao invés de melodias”, lamenta. A formação original do Kiss se desfez por causa dos problemas de Frehley e Criss com drogas. Em Uma Vida Sem Máscaras, Stanley diz que os dois sabotaram a própria carreira e transformaram a turnê de volta do Kiss numa experiência traumatizante. Dos quatro livros, o relato de Stanley é quem traz uma versão mais ponderada sobre o relacionamento dele e de Simmons com os músicos demitidos. “Não é incrível como a verdade soa diferente? Criss e Frehley podem dar a versão que eles quiserem, mas no meu livro eu conto exatamente o que aconteceu.” Outra revelação importante é sobre o suposto talento de Gene Simmons para negócios. Stanley diz ter descoberto que a banda estava sendo roubada pelos seus contadores – e caso não tivesse tomado uma atitude drástica, tanto ele quanto Simmons estariam passando por problemas financeiros. “Gene vive num mundo de fantasia, que criou e escolheu para viver. E gosta de fazer alarde disso”, diz Stanley. “Ele é meu amigo de mais de quatro décadas, mas seu tino para negócios é mínimo”, espeta.

A apresentação do Monsters of Rock faz parte da turnê de 40 anos de atividade do Kiss, que vem rodando o mundo desde 2013. O repertório vai desde canções manjadas, como Detroit Rock City e a inevitável Rock and Roll All Nite a canções do menos conhecido Monster, disco que o Kiss lançou em 2012. “Ninguém consegue repetir a nossa magia no palco. Podem usar os mesmos fogos de artifício, os mesmos efeitos especiais, mas somos incomparáveis”, vangloria-se Stanley.

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