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Terror com Scarlett nua usa aliens para tratar de identidade

'Sob a Pele' mostra a atriz no papel de uma alienígena que seduz homens com o intuito de matá-los, mas aos poucos entra em processo de autoconhecimento

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 Maio 2014, 09h01

Entre as muitas artes dominadas pelo cineasta Jonathan Glazer (dos controversos Sexy Beast e Reencarnação) está a estranha proeza de incomodar os sentidos do espectador ao mesmo tempo em que os cativa, prendendo-os na cadeira até a última cena. Tal habilidade é usada sem parcimônias em Sob a Pele, terceiro longa do diretor britânico que estreia no Brasil nesta quinta-feira.

Conhecido também como o filme em que a atriz Scarlett Johansson aparece completamente nua, poupando trabalho a jovens com mentes férteis e tempo disponível para brincar no Photoshop, a produção abusa de uma trilha sonora estridente – típica de uma ficção científica, mas potencializada -, além de cenas amplas que mudam bruscamente entre a total escuridão para uma claridade ofuscante. Os primeiros minutos são orquestrados com uma grande quantidade destes recursos. Como se o diretor precisasse antes “afinar” sua plateia, para depois começar a trama.

Adaptação do livro de mesmo nome do escritor holandês Michel Faber, o roteiro narra a história de alienígenas que matam humanos para, provavelmente, comê-los. Nas primeiras cenas, Scarlett recebe a ajuda de um motoqueiro suspeito e aparece (já nua) roubando a roupa de uma mulher imobilizada.

Com uma calça jeans justa, casaco de pele e batom predatório, Scarlett sai pelas ruas da Escócia caçando homens, literalmente. A única regra que segue é escolher os solitários, de quem ninguém sentirá falta. Após uma rápida entrevista e o flerte fatal que poucos seres no mundo seriam capazes de recusar, a personagem sem nome leva sua presa para uma casa, onde ela é sucumbida por um pântano negro.

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Conforme o longa se desenvolve, percebe-se que muitas das cenas iniciais se passaram no plano das ideias, dentro da visão de mundo da protagonista que, aos poucos, de certa forma se humaniza. Assim como o cenário, que passa a fazer sentido para os olhos humanos até o final do filme. A história segue, então, um rumo de autoconhecimento da personagem, que começa a desenvolver um interesse pelo mundo em que está e por sua própria identidade.

Mais que um rostinho e um corpo bonito, Scarlett mostra novamente sua capacidade para papéis distintos. Sua estranheza com o mundo ao redor é palpável. Seu olhar absorto e vazio faz jus ao título do filme, que aponta que sob aquela pele existe algo de não humano. Ela é oca e até as cenas com nudez se tornam anti-excitantes.

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A frieza da personagem e de seus comparsas motoqueiros de outro mundo protagoniza cenas chocantes, que não envolvem sangue ou assassinatos brutais, mas sim, por exemplo, o abandono de um bebê em uma praia gélida após a morte acidental dos pais. Mais uma prova da capacidade do diretor de deixar o espectador desesperado na cadeira do cinema.

Apesar do terror artístico e autoral de Glazer e da presença nua de Scarlett, o filme pode causar sono na plateia que for ao cinema com a intenção de ver uma agitada ficção com uma das atrizes mais sexies de Hollywood. Já os que gostam do clima sombrio aparentemente sem sentido do diretor, provavelmente sairão do cinema com o incômodo satisfatório causado por um filme com estética apurada e que não entrega toda a história de mão beijada, deixando a continuação para ser pensada no caminho de volta para casa.

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