Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Alice Braga: “Ter o Anthony Hopkins me enforcando me ajudou na emoção”

Por Bruno Meier Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 fev 2011, 12h58

O Ritual, que estreou no país nesta sexta-feira, segue o modelo lançado em 1973 por O Exorcista: um padre em conflito com sua fé (Colin O’Donoghue) confronta-se com o Coisa-Ruim. Ele conta com a ajuda de um exorcista mais experiente, vivido por Anthony Hopkins (as longas cenas em que os dois tentam esconjurar os espíritos maldosos nem de longe são tão apavorantes quanto aquelas do Exorcista, até aqui insuperável na matéria). Para dar uma bela cor feminina à trama, aparece Angeline, jornalista que circula com inexplicável liberdade pelos recessos mais obscuros do Vaticano. A personagem é interpretada pela atriz brasileira Alice Braga, de 27 anos, uma carreira ascendente no Brasil e em Hollywood. Em São Paulo para divulgação de O Ritual, a atriz recebeu VEJA em um hotel para falar de sua personagem, seu companheiro de cena e de sua carreira.

Em seus filmes estrangeiros, seu inglês chama atenção pela fluência e a pronúncia impecável. Você sempre teve facilidade com o idioma? Você jura? Nossa, obrigada. Agradeço muito meu pai. Quando pequena, odiava ir para aula de inglês. Ainda mais porque tinha de acordar às seis da manhã para ir com minha irmã. Parei algumas vezes durante a adolescência, mas levei a sério quando comecei a filmar no Estados Unidos. A cada projeto internacional, conto com um professor que ajuda a limpar meu sotaque paulistano e aprimora a pronúncia das palavras. O Colin (O´Donoughe, ator irlandês) também teve aulas do gênero. E ainda fizemos – eu, Colin e até o Anthony (Hopkins) – aulas de italiano para algumas cenas do filme. O Anthony fazia parte dessas aulas.

Como foram os testes para a personagem? Mandaram o roteiro, gostei e fiz um primeiro teste. O Colin não estava selecionado e o Anthony estava em negociação. Estavam esperando sair o protagonista para fazer um teste com ele. Quando confirmaram o Colin, fiz o teste definitivo, com mais quatro atrizes. Passei. É uma uma personagem diferente de tudo o que tinha feito. E eu queria fazer uma jornalista. Meu pai (Ninho Moraes) é jornalista e, desde pequena, tive contato com o meio. Acho um trabalho legal. Tanto um jornalista investigativo, como ela, quanto um jornalista de entretenimento. Acho a crítica importante. O que você achou?

Você está bem em cena, mas sua personagem tem muitas pontas soltas. Por exemplo, não sabemos em que tipo de veículo ela trabalha. Você sabe que eles (roteirista e diretor) nem falaram disso? Eles não quiseram dizer se é uma revista ou jornal.

Nem a procedência dela? No roteiro original, era para ser italiana. Aí, me selecionaram e colocaram ela como latina ou sul-americana. Tanto que no final, aparece bem rápido o sobrenome Vargas. Não definiram isso também. Os produtores e o diretor não sentiram falta.

Continua após a publicidade

E como você explica que uma jornalista tenha acesso completo a um curso de exorcismo que estaria sendo conduzido dentro do Vaticano? Cortaram a única cena que explicava um pouco essa questão – um diálogo que filmei com o Colin. Ela dizia: “Estou cobrindo essa história para um artigo”. Aí ele pergunta como a tinham deixado entrar. E Angeline respondia: “Você não imagina a quantidade de burocraria que enfrentei”. O Vaticano é realmente super fechado. Parece que se um jornalista quer escrever um artigo e explica o que realmente quer fazer, eles analisam de fato. Mas a gente não foi a fundo nessa discussão. O filme é baseado no livro de um jornalista (The Rite, de Matt Baglio) que invetigou o tema do exorcismo. Foi tentar acesso ao Vaticano. Negaram. Então, ele buscou um padre exorcista que estava em Roma. Foram meses seguindo ele, investigando.

A cena final com Anthony Hopkins possuído tentando enforcá-la é tensa. Como foi? Foram quatro dias para fazer a cena. Foi complicado. Ele conversou muito comigo para fazer algo que não fosse agressivo para mim, mas que mostrasse que ele realmente estava possuído. Achei muito legal quando ele viu o resultado final. Ele foi perguntar para o pessoal dos efeitos especiais o que eles colocaram no meu olho, para que ficasse tão esbugalhado. Eles disseram “nada”. Prendi a respiração, e então meu olho começou a saltar. Não foi difícil. Ter o Anthony Hopkins me enforcando me ajudou na emoção.

Alguns atores que já contracenaram com Hopkins reclamaram de sua atitude autocentrada no set. Não senti isso, sabia? Não sei se é porque somos jovens atores. Mas senti uma generosidade e até um certo cuidado. Ele sabe que intimida quando tem contato com jovens atores. Ele é um ator apaixonado pelo que faz. Tem um processo tão grande de estudo do personagem, que quando chega na cena, além de saber muito bem o que quer, ele simplesmente brinca. Não há melhor escola de atuação. Aprendi muito. O legal é que eu tinha o Colin de um lado, um ator bom que nunca tinha feito cinema, e do outro, um ícone.

Você conhecia bem o tema do exorcismo? Fui criada como católica. Então, já tinha lido rapidamente sobre o tema. É um assunto muito controverso. Mas o que mais chamou atenção é que não tem só terror no filme, e sim um pouco de suspense para gerar o debate. Nunca fui fã de filme de terror. Sou daquelas que tem pesadelo com o filme, sonha e não consegue ficar em casa sozinha. Mas já assisti a O Exorcista e O Iluminado e gostei.

Continua após a publicidade

E você acredita em demônios? Engraçado, nunca tinha pensado no tema. Viver uma jornalista que busca descobrir se o exorcismo é real ou não, com certeza abre um pouco sua mente. Mas ainda não sei se acredito.

Sua carreira tem seguido o que você imaginava desde que estourou em Eu Sou a Lenda? Nunca pensei que poderia trabalhar fora e com atores e diretores de que fui fã. Na verdade, nunca fiz um plano de carreira. Sempre fui de agarrar as oportunidades que apareciam e experimentar cada projeto. Mais do que escolher, quero trabalhar.

E os próximos trabalhos? Estou envolvida em três longas no Brasil. Um deles é do roteirista e diretor Felipe Braga, que assinou o roteiro de Cabeça a Prêmio. O outro é um filme de José Eduardo Belmonte. E, por último, farei uma das esposas de Tim Maia num filme baseado em Vale Tudo, de Nelson Motta, dirigido por Mauro Lima.

Televisão brasileira não atrai? Tenho vontade de fazer TV. É uma linguagem muito mais rápida. Já fiz séries e quero continuar fazendo. Tem uma quantidade de cenas para entregar no dia, totalmente diferente de cinema. Também tenho recebido convites para novelas. O último foi do Silvio de Abreu para fazer Passione. Agradeci, mas estava com contrato assinado para fazer Predadores.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.