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Suíço filma harmonia brasileira no documentário ‘O Samba’

Filme de Georges Gachot traz Martinho da Vila como personagem central

Por Flávia Ribeiro
2 out 2014, 18h02

Suíço, apaixonado por música clássica, Georges Gachot já havia realizado alguns documentários sobre música clássica, sua grande paixão até então, quando em 1998 ouviu Maria Bethânia cantar. A partir daí, se apaixonou de tal modo pela música popular brasileira que precisou diversificar a pauta. Dessa diversificação surgiu, em 2005, o documentário Maria Bethânia: Música É Perfume. Em 2010, foi a vez de Rio Sonata, sobre Nana Caymmi.

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No ano seguinte, Gachot se despiu de preconceitos e descobriu o samba. É ele, representado pela figura e pelas canções de Martinho da Vila e pela bateria da Vila Isabel, quem toma conta da tela neste O Samba, que tem sessões nesta sexta-feira, dia 3 de outubro, às 18h, no Cine Carioca; no dia 4 de outubro, às 14h e às 19h50, no Estação Ipanema 1; e no dia 7 de outubro, às 15h30, no Estação Rio 2. Nesta entrevista, Gachot fala sobre sua relação com a MPB e o Brasil.

Você fez uma série de documentários sobre música clássica antes de fazer os de Maria Bethânia, de Nana Caymmi e do samba. Como foi essa passagem da música clássica para a música popular brasileira? A música popular brasileira tem muitas relações com a música erudita. Você vê isso nas harmonias do Tom Jobim, por exemplo. A música brasileira é muito aberta, abraça muitos gêneros e influências. A diversidade da MPB é tão grande que eu pude me reconhecer nela.

Em que momento você acha que se apaixonou pela música brasileira? Em 1998, ouvi música brasileira pela primeira vez. Foi num show da Maria Bethânia em Montreux. Foi um momento muito forte na minha vida, porque descobri arranjos e harmonias que nunca havia ouvido. Depois do show, comprei lá mesmo dez CDs da Bethânia. A partir daí, descobri Chico Buarque, Tom Jobim… E eu pensava: ‘Por que não ouvi isso antes? Quanto tempo perdi!’.

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E pelo samba? Durante muito tempo, eu achei que o samba não tinha poesia. É que, fora do Brasil, o samba é muito maltratado. A indústria de turismo o apresenta de uma forma muito clichê. Eu tinha preconceito. Descobri o lado poético só em 2011, quando comprei o CD Martinho Canta Noel. Foi quando percebi que samba tem uma história de libertação, tem poesia. Passei a vir sempre ao Brasil a partir de 2003, mas só fui à Sapucaí pela primeira vez em 2011. E quando fui à Vila Isabel, descobri como a bateria é musical. Vi o mestre de bateria mudar tudo, comandar 30 homens só mexendo os dedos. Foi uma enorme surpresa. Gosto disso, de me surpreender quando estou gravando. Não quero me preparar demais, para que a surpresa passe para a câmera.

O que você descobriu por causa do samba? Muita coisa. Nunca tinha ido a uma favela antes, mas por causa do documentário fui à Rocinha e a outras favelas. Para entender a importância do samba nas comunidades, do samba que está longe da Sapucaí. Penso que o samba está dentro de cada pessoa. Que não precisa de um grande desfile para ele aflorar. Por isso, meu filme termina com a imagem de uma mulher sambando sozinha, perto da Sapucaí.

Por que escolheu o Martinho da Vila, em meio a tantos sambistas brasileiros? Para mim, ficou claro que o Martinho, com sua história, sua música e sua presença, era forte o suficiente para ser o personagem do filme. Ele é um sambista romântico e clássico. É o Schubert do samba. Meu filme precisava mostrar uma diversidade dentro do samba, variações, e o Martinho tem tudo isso.

Seu próximo projeto também é sobre música brasileira? Tenho vários projetos. Um sobre música brasileira, sim. Um outro sobre música indiana, a música de Bollywood.

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Você se apaixonou pela música brasileira. E pelo Brasil? Cada vez que chego aqui, uma hora depois já sinto que estou em casa. Aliás, pretendo comprar uma casa aqui no Rio.

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