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Filme sueco traz humor à competição em Veneza

‘A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence’ tem personagens patéticos, mas provoca risos

Por Mariane Morisawa, de Veneza
2 set 2014, 17h54

Se houvesse um troféu para melhor título na competição do 71º Festival de Veneza, ele iria para coprodução entre Suécia, Noruega, França e Alemanha A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence, do sueco Roy Andersson, exibido para jornalistas na manhã desta terça-feira. Em português, o título poderia ser traduzido livremente como “Um pombo sentou-se num galho e refletiu sobre a existência”.

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Última parte de uma trilogia, o filme promove o que o cineasta chama de “trivialismo” – “O trivial elevado a uma experiência mais atraente”, segundo o próprio autor do verbete. Os atores, maquiados como para uma ópera bufa, movem-se de forma um tanto mecânica em um quadro visto por uma câmera sempre fixa. Os diferentes esquetes trazem personagens tristes e patéticos, que refletem uma sociedade desanimada, em crise. Os guias da jornada são Sam (Holger Andersson) e Jonathan (Nils Westblom), vendedores de produtos para festas, como incríveis dentes de vampiro e sacos de risadas, que contrastam com sua cara de choro. O humor é ácido. Em uma das cenas, a professora de flamenco assedia seu aluno. Em outra, um tanto surreal, o rei Carlos XII para em um bar contemporâneo para beber água. O filme lembra os anteriores na forma, mas ainda assim mantém a originalidade em relação aos outros concorrentes ao Leão de Ouro apresentados até agora.

https://youtube.com/watch?v=MhpedyLXevo

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É o oposto de Il Giovane Favoloso (“O jovem fabuloso”, na tradução literal), do italiano Mario Martone, uma biografia tradicional do famoso poeta italiano do século XIX Giacomo Leopardi (Elio Germano, vencedor do prêmio de atuação no Festival de Cannes em 2010 por La Nostra Vita). Como em Noi Credevamo, que falava sobre o movimento de unificação da Itália no mesmo século XIX, o diretor mostra certa pendência para o excesso de diálogos e a falta de didatismo para quem não conhece os fatos.

O filme se afoga em poesias e textos de Leopardi, que são reproduzidos inclusive na forma dos diálogos. O poeta foi um menino prodígio superprotegido pelo pai, preocupado com seu estado de saúde – ele sofria de Doença de Pott, uma tuberculose dos ossos, que o deixou corcunda e com problemas sérios de coluna. Filmes sobre escritores e poetas correm o risco de serem reverentes demais ao texto e pouco às imagens, e é o que acontece aqui.

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Outro italiano da competição, Hungry Hearts (“Corações famintos”, na tradução literal), de Saverio Costanzo, é bem diferente. O nome em inglês se justifica: a história se passa em Nova York, onde a italiana Mina (Alba Rohrwacher, atriz onipresente do cinema italiano) conhece o americano Jude (Adam Driver, da série Girls) quando os dois ficam presos no banheiro. É um bom começo, que dá pistas sobre o futuro: os dois se casam, têm um bebê, mas Mina fica obcecada por purificar o menino, acreditando ser uma espécie de santo. Aí o longa-metragem ganha contornos hitchcockianos (ou polanskianos), mas leva longe demais a brincadeira da mãe que coloca em risco a vida do próprio filho por um fanatismo. E o final é mais do que previsível. O que se salva é a atuação de Adam Driver.

A competição do 71º Festival de Veneza tem consistência, mas ainda falta um favorito absoluto ao Leão de Ouro. Até agora, o documentário The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer, Birdman, de Alejandro González Iñárritu, o italiano Anime Nere, de Francesco Munzi, e o francês Loin des Hommes, de David Oelhoffen, são os mais merecedores de troféus.

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