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Segunda noite de desfiles de SP teve de expulsão de musa a “paradonas”

Destaques da noite foram Império da Casa Verde, Vai-Vai e Mocidade Alegre, cuja bateria fez sete paradas de 35 segundos que animaram o público

Por Mônica Garcia
7 fev 2016, 08h50

Expulsão de musa, agressão e acidente com destaque de carro alegórico foram algumas das situações que marcaram os agitados desfiles das escolas de samba de São Paulo. Mas houve destaques positivos – e muitos. Um deles foi a a Mocidade Alegre, que transformou as famosas paradinhas em sete “paradonas” que duraram 35 segundos cada e animaram o público presente no Anhembi. A Vai-Vai, por sua vez, homanegeou a França e incluiu protestos contra o terrorismo em sua apresentação, além de exalar perfume pela avenida. Com isso, as duas escolas, ao lado da Império da Casa Verde, garantiram seus lugares como favoritas ao título da competição deste ano.

Repetindo a noite de sexta-feira, os desfiles de sábado atrasaram. A primeira escola a desfilar, a Unidos do Peruche, saiu cerca de 25 minutos depois do previsto e homenageou os 100 anos do samba com o enredo “Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba…100 anos de samba, minha vida, minha raiz”. Campeã do Grupo de Acesso em 2015, a agremiação trouxe muitas alas coreografadas, fantasias e alegorias bem acabadas e uma bateria empolgante. A escola fez um desfile original e honesto, sem grandes luxos.

O grande acontecimento do desfile da Unidos do Peruche aconteceu com Ju Isen, conhecida por tirar a roupa nos protestos contra o governo federal. Ainda na concentração da escola, ela foi impedida de entrar com um tapa-sexo com o rosto da presidente Dilma Rousseff. Depois, já na avenida, a moça tirou a parte superior do seu macacão e ficou com os seios à mostra, sendo retirada às pressas da avenida pelos diretores da agremiação. Vale lembrar que o regulamento de 2016 da Liga das Escolas de Samba de São Paulo não faz qualquer menção sobre manifestações políticas nos desfiles das agremiações, mas qualquer pessoa que se sinta atingida pode abrir uma ata e uma plenária julgará uma punição ou não para a escola.

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A segunda escola a entrar no Anhembi foi a Império da Casa Verde com o enredo “O Império dos Mistérios”. A agremiação mostrou o fascínio em desvendar os mistérios da fé, da vida após a morte e a origem da humanidade. Com carros gigantescos, luxuosos e muito bem acabados, o carnavalesco Jorge de Freitas, ex-Rosas de Ouro, não fugiu da tradição da azul e branco. E ainda trouxe efeitos especiais que encantaram o público no sambódromo. O “Tigre Guerreiro” procurou teatralizar suas alas dando uma identidade para cada uma. O luxo e a harmonia das cores das fantasias e adereços foi um show à parte, que teve a modelo Lívia Andrade, com lentes vermelhas nos olhos, como madrinha de bateria.

Em seguida, a Acadêmicos do Tucuruvi levou para a avenida o Brasil religioso e das festas folclóricas com o enredo “Celebrando a religiosidade, Tucuruvi canta as festas de Fé”. Durante 61 minutos, a escola mostrou os principais rituais de fé praticados no país, como a festa do Divino, Cosme e Damião, Natal, Círio de Nazaré, além das religiões afro-brasileiras representadas em um carro alegórico por Iemanjá. As fantasias dos ritmistas da bateria eram de feiticeiros, e as cuícas traziam luzes de led. O primeiro título na elite do carnaval paulista não deve sair esse ano. Com um desfile correto, mas morno e sem ousadia, a agremiação não deve figurar nas primeiras colocações. O ponto alto foi o carro que trouxe um grande arraial para avenida, homenageando Santo Antônio, com fantasias e adereços coloridos e integrantes vibrando com o desfile.

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Depois, foi a vez da Mocidade Alegre desfilar e inovar com as “paradonas” de 35 segundos da bateria, que fizeram com que as vozes das arquibancadas ecoassem por todo o sambódromo. Assim como a Unidos do Peruche, a Mocidade também homenageou os 100 anos do samba, mas a agremiação preferiu mergulhar na alma ancestral do gênero musical para contar o enredo “Ayo- A Alma Ancestral do Samba” através dos orixás e da cultura afro-brasileira. Em busca do 11º título para a escola do bairro do Limão, o carnavalesco Sidney França apresentou um desfile impecável e luxuoso. Esse ano, a Mocidade Alegre veio com todos seus carros motorizados, o que não evitou que um deles apresentasse problema para entrar na avenida. Depois de um pequeno sufoco, a alegoria entrou no sambódromo e não causou problemas na evolução da escola.

Atual campeã do carnaval paulista, a Vai-Vai, que busca seu 16º título, contou a história de um dos países mais charmosos do mundo: a França. O enredo “Je Suis Vai-Vai, bem-vindos à França” viajou pela história do país até os dias atuais ao abordar os recentes ataques terroristas. A responsabilidade do carnaval da escola do Bixiga foi do casal carioca Renato e Márcia Lage. Das alegorias aos adereços, tudo parecia ter sido pensado e estudado minimamente com capricho, elegância e inovação. Uma das alas mais alegres foi a da história em quadrinhos Asterix e Obelix. Emocionou a performance de um protesto pacífico contra a onda de terror que o país enfrentou nas ruas de Paris e na redação do jornal Charlie Hebdo no último ano. A madrinha da agremiação a apresentadora Ana Hickmann, levou para a avenida uma linda fantasia que remetia ao Museu do Louvre. A bateria do mestre Tadeu também mostrou que sabe como levantar o público com as famosas “paradinhas”. Carros exalaram perfume pela avenida para lembrar das famosas fragrâncias francesas.

Antes do início do desfile da escola, uma sirene tocou e o grito de guerra começou, mas ocorreu um problema com o som em seguida. Alguém da escola do Bixiga teria subido na torre e agredido a pessoa que estava responsável pelo áudio do Anhembi. Se confirmada, a agressão a agremiação pode perder três pontos. Após a reunião a assessoria da Liga informou ao site que está apurando o que aconteceu no local. A entidade só confirmou um tumulto antes do início do desfile, e afirmou que emitirá um comunicado oficial sobre o caso.

Penúltima escola a desfilar na última noite, a Dragões da Real levou para a avenida o prazer de presentear e ser presenteado, com o enredo “Surpresa, advinha o que eu trouxe para você?”. A caçula do Grupo Especial – que estreou em 2000 e, em 2012, chegou à elite do carnaval paulista – mostrou irreverência e diversão. Um dos pontos altos foi o lançador do abre-alas que distribuiu camisetas da escola para o público. Um dos melhores momentos foi quando a escola apresentou seu terceiro carro. Um Cavalo de Troia foi usado para fazer uma paródia sobre o verdadeiro presente de grego – e, de dentro da alegoria, saíram foliões fantasiados de sogra. A escola precisou acelerar o ritmo no final para não ultrapassar o tempo regulamentar de 65 minutos de desfile.

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Responsável por encerrar os desfiles do Grupo Especial de São Paulo, a X-9 Paulistana levou para a avenida o enredo “Açaí guardiã! Do amor de Iaçã ao esplendor de Belém do Pará”. Mas a escola não teve vida fácil: logo no início do desfile, uma oca da comissão de frente perdeu o controle e foi parar nas grades do sambódromo. Integrantes da escola levaram alguns minutos para conseguir posicionar a alegoria no meio da avenida. Em seguida, foi a vez do carro abre-alas apresentar problema. A alegoria precisou ser desmontada para conseguir entrar na passarela e um buraco grande se formou durante a evolução da escola. Ainda na concentração, uma pessoa caiu do alto do terceiro carro alegórico e foi socorrida pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Um dos lados do carro desfilou sem componentes. Mesmo com todos os problemas, a escola conseguiu contar a história do açaí e de Belém do Pará. Por causa dos problemas com as alegorias buracos se formaram durante o desfile. A bateria e os integrantes não desanimaram e continuaram fazendo festa até o término do desfile. Há três anos como rainha de bateria, Gracyanne Barbosa, mostrou muito samba no pé. Apesar de todos os problemas, a escola conseguiu terminar dentro do tempo estipulado.

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