Ringo Starr faz show mediano e piegas em São Paulo
Com um repertório repleto de covers, o baterista não empolgou, mas deu a oportunidade aos paulistanos de assistirem um beatle em ação
Ringo Starr é um dos músicos mais sortudos do mundo. Ele pode não ser o melhor baterista da história, nem o melhor cantor ou compositor, mas tem no seu passado a participação no grupo The Beatles, composto pelos talentosíssimos Paul McCartney, John Lennon e George Harrison. Ser um ex-beatle em atividade o valida a estar em um palco e a arregimentar pessoas para vê-lo, como ocorreu na noite da última segunda-feira no Credicard Hall, em São Paulo.
Discreto e até um pouco sem jeito de lidar com o público, o baterista não realizou um grande espetáculo e, ao que parece, continua fazendo música como hobby, apenas para se divertir com os amigos. Com óculos escuros e camiseta preta estampada por uma cruz de Nero, o símbolo maior do movimento hippie, Ringo abusou dos covers e esboçou algumas dancinhas desajeitadas enquanto pregava a paz e o amor.
O show, baseado no DVD Ringo at the Ryman, contou com um setlist repleto de covers, a grande maioria das bandas dos integrantes da All-Starr Band, como Steve Lukather e Richard Page, guitarrista e baixista, respectivamente, dos grupos de pop rock/new wave da década de 1980 Toto e Mr. Mister, além de Todd Rundgreen, da extinta banda de rock progressivo Utopia. Entre as músicas apresentadas estavam Africa, Hold The Line e Broken Wings, que mantiveram a plateia praticamente estática durante boa parte do tempo.
Nesses momentos, o ex-beatle, que deveria ser a grande estrela da noite, ficava em segundo plano ao assumir as baquetas, não como o baterista principal, e sim um segundo instrumentista, que pouco influenciava no som. Em alguns momentos, ironicamente, era possível até esquecer que o show era de Ringo Starr. O repertório de covers piegas, que mais parecia algo preparado para uma festa de formatura, casamento, ou baile da saudade, era quebrado com algumas das poucas composições de Ringo, apresentadas e reproduzidas com carinho por ele, como Photograph, Anthem e It Don’t Come Easy.
O ponto alto da noite, como era o esperado pela maioria presente, foi marcado por covers dos Beatles. Yellow Submarine, I Wanna Be Your Man e With a Little Help From My Friends foram umas das poucas, para não dizer as únicas, que conseguiram animar a plateia. Foi com a música Give Peace a Chance, de John Lennon, que Ringo Starr se despediu do público paulistano que, se não saiu extasiado por um show memorável, ao menos pode dizer que viu um beatle de perto.