Respeito por clientes pautou trabalho de Oscar de la Renta
Estilista dominicano morto nesta segunda-feira é lembrado por unir sua criatividade aos desejos daquelas que vestiam suas criações
Basta uma busca rápida pela internet para identificar a característica mais recorrente quando se fala do estilista dominicano Oscar de la Renta, morto nesta segunda-feira, aos 82 anos: “gentleman” na expressão em inglês, ou seja, cavalheiro. “Conhecê-lo tornou o processo de criação ainda mais mágico, já que ele é tão caloroso e um cavalheiro”, contou à revista Vogue a advogada Amal Alamuddin durante a última prova do vestido assinado por de la Renta que usou no casamento com o ator George Clooney, em setembro. Além de ser um traço de sua personalidade, o cavalheirismo pautou também o trabalho do dominicano, que soube equilibrar sua criatividade e o respeito pela vontade de suas clientes.
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“George e eu queríamos um casamento romântico e elegante, e não consigo imaginar ninguém mais capaz do que Oscar para captar essa essência em um vestido”, disse Amal, pouco depois de declarar que o estilista era “o homem que toda mulher gostaria de abraçar”. De la Renta, por sua vez, justificava sua postura ao destacar a importância do casamento para as mulheres “É o vestido mais importante da vida de uma mulher”, afirmou ele. “Qualquer garota de qualquer lugar sonha com um vestido especial, e eu tento fazer desse sonho uma realidade. Amal e eu vimos vários vestidos de gala e de noiva e discutimos os gostos dela. Isso me deu ideia do que ela queria.”
Ao deixar vestidos de casamento de lado para falar sobre outros trajes, o estilista que assinou vestidos usados por personalidades tão distintas como Jackie Kennedy, Audrey Hepburn, Sarah Jessica Parker e Madonna não diminuía a importância do palpite das clientes na hora da criação. “Hoje, as mulheres têm o poder de tomar suas próprias decisões”, disse ele à revista americana Gotham. “Ela não se importa muito com o estilista que idealizou o seu vestido; ela se preocupa com a forma como ela se identifica com aquela peça, como ela representa o que ela está sentindo em determinado dia.”
Por isso, na opinião da crítica de moda do jornal The Washington Post, Robin Givhan, as criações de de la Renta, ainda que carregassem uma marca reconhecível de romantismo e elegância, como apontou Amal, refletiam, antes de tudo, os sentimentos de quem estava usando as peças. “Ele entendeu algo fundamental sobre as mulheres. Elas querem estar bonitas”, disse ela em entrevista à rede de rádios NPR. “E suas roupas não eram esse tipo de vestimenta experimental em que mangas ou cavas eram opcionais. Ele não era o tipo de pessoa que se transformava no assunto principal na moda. Você conseguia perceber que o trabalho dele estava ali para fazer com que as mulheres estivessem e se sentissem na sua melhor forma.”