‘Quase me transformo em vampiro para fazer ‘O Corvo”, diz John Cusack
Ator de 'Alta Fidelidade' (2000) vive o escritor Edgar Allan Poe em novo filme
John Cusack, o astro pouco afeito à fama de filmes como Alta Fidelidade (2000) e Quero Ser John Malkovich (1999), voltou a ganhar destaque nos cinemas dos Estados Unidos com a estreia de O Corvo, em que, segundo o próprio, interpreta o personagem “mais obscuro” de sua carreira. Aos 45 anos, o ator retorna às telas no papel do escritor americano Edgar Allan Poe, mestre do terror e inventor do gênero policial. O filme tem lançamento no Brasil previsto para 18 de maio.
As duas vertentes — terror e policial — são marcantes no filme de James McTeigue (V de Vingança), que aborda uma onda de assassinatos na cidade de Baltimore, no século XIX. Explorando seu lado sombrio, Cusack interpreta no longa um Poe que ajuda a polícia a capturar o assassino. “Não dormi muito enquanto filmava”, explicou Cusack. “Enchi minha cabeça com coisas de Poe e quase me transformo em um vampiro. Queria fazer uma imersão total no personagem”, diz Cusack, visivelmente mais magro e com olheiras no filme.
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“Acho que todos temos um lado negro. Carl Jung disse que todos temos uma sombra. E Edgard Allan Poe representa essa parte que não queremos que os demais vejam, a mesma de onde procede a nossa criatividade, o nosso misticismo e a nossa sexualidade. É o que dá força e autenticidade a esse personagem”, diz o ator, que também atuará no longa No Somos Animales, do argentino Alejandro Agresti, neste ano. “O Corvo é a ponte entre a vida e a morte, entre a luz e a escuridão. Poe capturou como ninguém o subconsciente e os espaços que há entre ambos os mundos.”
Com uma marcante mistura entre realidade e ficção, o filme, que leva o título de um dos poemas mais famosos de Poe, também se destaca por apresentar inúmeras referências à obra do escritor, como Os Assassinatos da Rua Morgue e O Poço e o Pêndulo.
E ainda se destaca por ter feito Cusack persistir na carreira. “Às vezes, surgem dúvidas sobre se devo seguir no cinema, sobretudo quando não chega proposta interessante. Sim, eu já pensei em fazer outras coisas”, conta o ator. “Mas adoro este mundo de contar histórias e, sobretudo, criar. Um papel assim é o que me faz seguir adiante.
Sobre a construção de Poe, Cusack afirma não ter tido a ambição de apreendê-lo por completo, mas de traçar parte do que ele foi. “Um ícone assim é capaz de resistir ao tempo. Ao reler suas obras, eu sempre descubro algo novo, sua veia satírica, seu humor absurdo e o lado esotérico que fazia questão de passar ao leitor. É divertido e absorvente.”
O ator ainda falou sobre como mantém um perfil discreto em Hollywood. “É fácil. Não falo disso, e as pessoas também não me perguntam. Não entro nesse jogo. Quando faço um filme tenho que fazer entrevistas, já que vou entrar nas casas das pessoas querendo ou não. Mas quando acabo, desapareço. Para mim é algo tolo atrair a atenção em todo o momento. Não quero aborrecer ninguém.”
(Com agência EFE)