‘Público se sentiu abandonado por Ana Paula Arósio’, diz atriz que virou psicóloga
Suzy Camacho, que trocou as novelas pelo divã a partir 1984, analisa o caso
Suzy Camacho foi atriz de diversas novelas brasileiras, como A Viagem, de 1975, e O Profeta, de 1977, ambas da extinta TV Tupi. Em 1987, interpretou Rosinha em Brega & Chique, da Rede Globo. Na emissora de Silvio Santos, onde fez a maior parte de seus trabalhos, ela atuou em tramas como Sangue do Meu Sangue, de 1995. Mas, mesmo com diversas novelas no currículo, Suzy descobriu sua vocação em outra praia, a da psicologia. Foi por ter trilhado antes um caminho similar ao seguido por Ana Paula Arósio, que abdicou da fama pelo anonimato, além da experiência de divã, que Suzy entende a reação do público, impactado pela mudança de vida da atriz da Globo. “O público se sente abandonado. Ele sente que, de repente, o ator ou a atriz não quer mais fazer parte da vida deles”, diz.
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No começo desta semana, em entrevista exibida pelo Fantástico, Ana Paula Arósio falou pela primeira vez sobre a sua volta às telas como a protagonista do filme A Floresta que se Move, de Vinícius Coimbra. “É um personagem quase irrecusável. É um privilégio poder interpretar esse personagem”, disse a atriz, vista pela última vez na televisão e no cinema em 2010, quando participou do seriado Na Forma da Lei, de Antonio Calmon, e do filme Como Esquecer, de Malu de Martino. Ana Paula recusou o papel de protagonista da novela Insensato Coração, de Gilberto Braga, em 2011, e desde então vive reclusa.
Por que a decisão de Ana Paula Arósio mexeu tanto com os espectadores? No primeiro momento, eles se sentem abandonados, sentem que de repente o ator ou a atriz não quer mais fazer parte da vida deles. Existe o choque natural, ainda mais no caso dela, que se afastou de maneira abrupta. Depois, as pessoas entendem as razões dela. E mais tarde ficam indiferentes ao fato, simplesmente dão continuidade à própria vida. Infelizmente, ou felizmente, na nossa sociedade as coisas são muito rápidas, e novos talentos surgem, novas pessoas surgem e entram no esquecimento mesmo, em decorrência do número muito grande de produções que são feitas.
Na sua opinião, por que um ator renuncia à profissão? Normalmente, quando as pessoas estão passando por momentos decisivos, mudanças significativas, elas ficam fragilizadas e tomam decisões de maneira impulsiva, pouco elaborada. A atitude de Ana Paula pode ter sido a conclusão de um processo que já existia dentro dela, a vontade de dar uma pausa, um distanciamento, de recompor a vida de outra maneira, viver de outra forma. Às vezes, o assedio gera essa sensação, faz a pessoa querer a solidão, quer er estar à vontade.
Se ela decidir voltar, o mercado irá acolhê-la? Acho que sim, acho que ela tem vários elementos que chamam a atenção dos produtores, como a beleza e uma identidade na hora de interpretar um papel. O público com certeza aceitará, porque tem muito carinho por ela. Outras posturas da atriz não foram negativas, ela não estava envolvida em escândalos ou coisas que pudessem denegrir a imagem.
E por que escolheu a psicologia? Eu sempre gostei de psicologia, porque estava associada à arte dramática, eu tinha que analisar a personalidade das pessoas para compor personagens.
Como você vê o meio artístico hoje? É muita diferente da minha época, porque antes nós tínhamos uma base sólida, do ponto de vista da preparação de personagens. A experiência profissional contava mais, a formação teatral, enfim. A beleza era importante, mas não era a condição principal. A Ana Paula Arósio é um exemplo disso, eu a conheci no SBT, quando ela foi descoberta, eu fazia Sangue do Meu Sangue e ela fazia Éramos Seis. Era uma menina linda e que não ficou só nisso, vimos que ela se aprofundou, procurou se aprimorar, tanto é que a considero realmente uma atriz promissora em termos de beleza e conteúdo.
E você, voltaria a atuar? Sim, com certeza! Eu acho que quem é atriz, uma vez, será sempre atriz. Mas tudo depende da oportunidade.