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Portugal lança obra completa de Vieira, o imperador da língua portuguesa

Por Da Redação
7 dez 2014, 13h28

Portugal recupera uma das figuras mais importantes da literatura em português, o padre jesuíta Antonio Vieira, com o lançamento de sua obra completa, formada por 30 volumes e mais de 20 mil páginas.

Referência da história luso-brasileira, Vieira, que nasceu em Portugal e morreu no Brasil, permanece à sombra de Luiz Vaz de Camões, Fernando Pessoa e José Saramago, os mais famosos representantes da literatura portuguesa, muito embora seu manejo da língua inigualável.

Admirado especialmente por Pessoa, que chegou a defini-lo como “o imperador da língua portuguesa”, o padre Antonio Vieira teve uma vida longa e prolífica – viveu 89 anos, entre 1608 e 1697 – que o levou a praticar, à parte da literatura, a oratória e a filosofia.

O legado desta polifacética figura, uma das mais influentes no século XVII, chega aos leitores em língua portuguesa em 30 volumes, oficialmente lançado em Lisboa pela editoria Círculo de Leitores.

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“Mais que um indivíduo, é uma multiplicidade de heterônimos em carne e osso”, definiu José Viriato Soromenho-Marques, catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição que liderou o projeto de pesquisa e publicação da obra de Vieira.

O religioso atuou como representante dos interesses de Portugal nas negociações com a França e os Países Baixos em conflito pelos territórios brasileiros, pregou no Brasil e na corte real portuguesa, e escreveu mais de 20 mil páginas, reunidas nestes 30 volumes da coleção.

O projeto, um esforço conjunto de 52 pesquisadores portugueses e brasileiros, é, segundo a editora, um dos mais ambiciosos da história literária portuguesa.

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“Ninguém antes dele e nem depois dele fez tanto com as palavras e pelas palavras. Sem Vieira, não teríamos a língua que temos”, escreveu em comemoração ao lançamento Antonio Sampaio da Novoa, ex-diretor da Universidade de Lisboa.

Vieira nasceu em Lisboa em 6 de fevereiro de 1608 e viveu como missionário, diplomata e orador, entre Portugal e Brasil, onde foi educado e iniciou sua vida como religioso, ingressando na Companhia de Jesus, a grande responsável por levar o cristianismo às colônias ultramarinhas portuguesas.

O jesuíta foi um transgressor em sua época, defendeu os direitos e condenou a escravidão dos indígenas, com quem conviveu e aprendeu o tupi.

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O padre também apoiou os judeus, ao advogar pela abolição da distinção entre cristãos velhos e cristãos novos, estes últimos judeus rendidos ao cristianismo perseguidos pela Inquisição.

No Brasil, onde Vieira é conhecido também como “Paiaçu” (pai grande, em tupi), teve uma influência significativa no Barroco brasileiro e foi um dos mais importantes críticos do colonialismo.

“Vieira teve um papel fundamental na criação do conceito de condição humana, com sua visão universalista do homem”, diz Viriato.

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O jesuíta foi acusado de heresia pela Inquisição por essas ideias.

Vieira também foi censurado por ser ferrenho defensor da profecia do sebastianismo, segundo a qual o rei Sebastião I de Portugal, morto aos 24 anos na Batalha de Alcácer-Quibir em 1578, voltaria para restabelecer o império português, na época sob o domínio da Espanha.

Seu livro História do Futuro, considerado um dos mais importantes relacionados ao sebastianismo, reaviva o mito do Quinto Império, utopia na qual Portugal lideraria o domínio mundial do cristianismo, sucedendo os quatro impérios anteriores da Antiguidade: assírio, persa, grego e romano.

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Filósofo, missionário, diplomata, réu da Inquisição e aventureiro, Vieira morreu em Salvador, na Bahia, em julho de 1697.

“Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso Deus nos deu tão pouca terra para o nascimento e tantas para a sepultura. Para nascer, Portugal, para morrer, o mundo”, escreveu ele no Sermão de Santo Antonio.

(Com agência EFE)

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