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Pornô 3D ‘Love’ causa tédio do tamanho do ego de seu diretor

Franco-argentino Gaspar Noé se perde em projeto pretensioso, que não excita nem empolga

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 set 2015, 18h05

Quando Murphy (Karl Glusman) pensou em ter um filho, escolheu dar a ele o nome de Gaspar. E, ao conhecer o ex de sua namorada, Electra (Aomi Muyock), foi apresentado ao dono de uma galeria de arte chamado Noé. Zero coincidência, os dois nomes juntos compõem o do ególatra diretor de Love, espécie de pornô com história em cartaz desde quinta-feira no país. Pretensioso, o longa do franco-argentino mais conhecido pelo interessante projeto de Irreversível, que tem seu roteiro escrito de trás para a frente, se perde na grandiloquência do seu cineasta, que se arrisca até a atuar no filme – é ele mesmo quem faz o dono da galeria de arte.

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Pretensiosa, a proposta de Love é apresentada por Murphy, estudante de cinema que é uma espécie de alter-ego de Noé, a uma garota em uma balada. “Os filmes ou têm sexo ou têm amor. Quero fazer um filme de sexo sobre amor”, diz ele à menina, que na mesma hora o arrasta para o banheiro do bar, na frente de Electra. É mais ou menos nessa fase da relação de Electra e Murphy, aliás, quando os dois se abrem para a infidelidade e para experimentações como sexo com travesti ou uma visita a uma casa de suingue, que o casal começa a degringolar. A estudante de artes, que se dizia tão liberal, não tolera a notícia de que o namorado a traiu – e, pior, que engravidou a vizinha.

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E assim Murphy acaba se casando com Omi (Klara Kristin), a loirinha que ele e a ex-namorada, a fim de realizar uma fantasia de ambos, colocaram juntos no meio do relacionamento dos dois. É durante um café da manhã no lar de Murphy e Omi que a história tem início. O estudante, que de maneira arrogante se apresenta aos outros como diretor de cinema, embora não tenha qualquer projeto realizado, recebe uma ligação da mãe de Electra. O telefonema cai na caixa postal, onde ele ouve a mensagem de que a ex-namorada está desaparecida há dois meses.

Omi dá uma saída com Gaspar, o filho dos dois, e deixa Murphy imerso em lembranças de sua relação com Electra, de quem ele gosta de verdade. O roteiro perpassa assim todo o relacionamento dos dois, a crise que levou à separação, os momentos felizes, as experiências com drogas, o dia em que se conheceram, as experimentações sexuais, a imensa DR (discussão da relação) etc. Não traça um arco, como Azul É a Cor Mais Quente (2013), de Abdellatif Kechiche, outro longa que chocou Cannes e que, vale dizer, se saiu muito melhor na tarefa de fazer um raio-x de uma relação permeado de cenas de sexo.

Além de cenas nada sensuais que fazem um uso pobre do 3D – a cena que de fato utiliza o recurso é, como se pode esperar, a de uma ejaculação -, tudo o que Love consegue apresentar ao espectador são diálogos sofríveis. É um pouco perdoável se pensarmos que os protagonistas são todos jovens universitários. Isso não justifica, no entanto. Há gente mais inteligente nas salas de aula. E nas salas de cinema. Que não vão querer ver esse filme.

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