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Ron Mueck, o hiper-realismo da memória, chega a SP

Por Mariana Amorim
20 nov 2014, 12h39

Após o enorme sucesso nos lugares por onde passou, como Paris, Buenos Aires e Rio de Janeiro, a exposição do australiano Ron Mueck chega nesta quinta-feira à Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com curadoria de Grazia Quaroni, a mostra traz nove obras hiper-realistas do escultor, que se situa entre a tradição realista da Inglaterra, onde vive, e o realismo exacerbado do barraco espanhol, além do documentário Still Llife: Ron Mueck at Work (Natureza Morta: Ron Mueck no Trabalho, em tradução livre), sobre o seu processo criativo. Distribuídas em sete espaços diferentes, as peças – algumas delas enormes – causam estranhamento pelo minucioso cuidado do artista com cada detalhe: cabelos, rugas, veias, pelos e textura.

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De acordo com a curadora, Grazia Quaroni, as obras são feitas a partir de um molde de argila, que é a verdadeira escultura, onde Mueck coloca seus dedos. “Ele usa argila, e depois disso um molde, e por fim o silicone. O prazer dele é fazer tudo com as mãos, do modo clássico, mas o resultado é algo figurativo, não clássico”, diz.

Para Grazia, no entanto, não é a capacidade de reproduzir pessoas com perfeição o que chama a atenção do público. “Mueck é muito hábil para capturar os pontos comuns de todo ser humano: ele não fala só do físico, mas também do nosso inconsciente, da nossa profundidade, da psicologia de cada um de nós. E é por isso que o público cria algum laço com a obra dele. Por isto que ele é tão popular”, diz Grazia Quaroni. “Ele alcança a memória de cada um de nós. Quando você olha a escultura Woman with Shopping (2013), da mãe que faz compras com um bebê, você vê o bebê desesperado para ter atenção da mãe, e a mãe está olhando para outro lugar, isso é a vida. Provavelmente todo bebê já viveu uma experiência parecida.”

Outro exemplo citado pela curadora é a obra Couple Under an Umbrella (2013), em que um casal de idosos é visto na praia. Os dois são muito, muito grandes – têm 3 metros de altura. “Quando éramos crianças e íamos à praia com nossos avós, nós tínhamos um corpo pequeno perto do deles, então eles pareciam enormes para nós. E, agora, crescidos, nos confrontamos com estes grandes corpos e voltamos à memória desta situação. Mueck fala sobre a memória. Por isso, ele é tão popular.”

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Destaque ainda para a escultura Mask II (2002), esta pequena, de pouco mais de meio metro de altura, baseada no rosto do próprio artista adormecido.

Mueck é uma figura pouco comum, começou sua carreira artística aos 38 anos – até então era um fabricante de bonecos para programas de TV e para o cinema. Atualmente, mantém uma vida reclusa, não dá entrevistas e quase não aparece em público, produz pouco: tem somente quarenta esculturas feitas até hoje. “Nada nesta exposição é espetacular, ou provocador, ou chocante, não há nada que provoque algum choque ou repulsão, tudo é suave, tudo é natural, então você não se concentra na situação, você se concentra na memória, na profundidade”, garante Grazia.

A mostra fica em cartaz na Pinacoteca, na Praça da Luz – 2, até 22 de fevereiro de 2015, com ingressos a 6 reais, e funcionamento de terça a domingo, das 10 às 17h30 (grátis às quintas-feiras, após às 18h – o local fica aberto até às 22 horas; e aos sábados o dia todo).

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