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Original, ‘Sinfonia da Necrópole’ mescla humor, música e zumbis brasileiros

Filme nacional, dirigido por Juliana Rojas, abusa da criatividade e envolve o público, mesmo com produção modesta

Por Henrique Castro Barbosa
15 abr 2016, 16h12

Os zumbis dominaram o mainstream. De gibis e programas de TV ao cinema, os mostrengos conquistaram uma popularidade avassaladora recentemente. Os mortos-vivos, contudo, são tímidos nas produções brasileiras, mas acabam de conseguir um bom lugar no divertido filme Sinfonia da Necrópole, que vai na contramão de tudo o que tem sido feito no cinema nacional dos últimos tempos.

A comédia musical é ambientada em um cemitério. O plano mirabolante e arriscado da diretora e roteirista Juliana Rojas (Trabalhar Cansa), mesmo com um orçamento modesto – 900.000 reais -, entrega um longa bem executado, criativo e engraçado, diferentemente de inúmeros pastelões nacionais.

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A trama gira em torno de Deodato (Eduardo Gomes), um aprendiz de coveiro com sérias dificuldades para exercer a profissão. O moço, confuso com o que quer da vida, aceita o bico para tentar a sorte na área, já que no cemitério trabalha com seu tio Jaca (Paulo Jordão). Como ele não está habituado a conviver com mortos, é recorrente que o contato com os defuntos o faça desmaiar, claro, um impedimento e tanto para que ele realize um bom trabalho.

As coisas mudam quando o gerente do local, Aloízio (Hugo Villavicenzio), decide fazer um recadastramento dos túmulos, com o intuito de abrir espaço para mais covas. Ele contrata a agente funerária Jaqueline (Luciana Paes), que recebe a missão de localizar as tumbas abandonadas para o remanejamento dos restos mortais e ampliação da área livre. Deodato é escalado para ajudar no trabalho.

Ele se interessa por Jaqueline, moça de aparência séria, com cara de poucos amigos, o que deixa seu pretendente em dúvida se o sentimento é recíproco. Aos poucos, devido à convivência, os dois se aproximam. A situação sofre uma reviravolta quando Deodato tem uma experiência traumatizante no cemitério, em um dia que fica de segurança durante a noite e descobre que os mortos do local não estão tão mortos assim. Os zumbis possuem uma opinião diferente da administração sobre a reforma, o que faz com que o aprendiz repense a mudança do local.

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Apesar do potencial para um final clichê, o desfecho é inesperado e engraçado, assim como todo o filme, que faz rir do começo ao fim com piadas espirituosas e personagens divertidos. Os zumbis não são assustadores nem cobertos por uma maquiagem de primeira. Mais parecem convidados de uma festa a fantasia. Eles ficam ainda mais engraçados quando assumem a parte musical da trama, cantando e dançando uma coreografia sincronizada.

Mesmo sendo a morte um tema pesado, as brincadeiras no roteiro conseguem ser leves, com pitadas dosadas de humor negro, mas que não chegam ao mau gosto. Apesar de ser um musical, outro ponto a se destacar é que o filme não tem cara de Broadway. Os atos são bem abrasileirados, como no delicioso samba feito ao som das pás dos coveiros cavando a terra e com passagens divertidas sobre o macabro trabalho. As canções foram majoritariamente escritas pela diretora, que contou ainda com a ajuda de Marco Dutra, Ramiro Murillo e Natalia Mallo.

Figuras caricatas também colaboram para rechear a história de colocações cômicas. O destaque é Aloízio e uma divertida Dona Guta (Adriana Mendonça), uma vendedora de flores. O elenco é entrosado, principalmente durante as canções, que contam com coreografias brincalhonas e são a cereja do bolo. Com uma produção simples, o filme merece elogios pela coragem em inovar. Originalidade é sempre bem-vinda. Ainda mais no cinema brasiliero, que acaba de ganhar um exemplar único, que merece ser assistido.

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