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Ópera de Denise Milan ganha as ruas de Heliópolis

‘Ópera das Pedras’ foi apresentada nesta sexta-feira na favela do sudeste de São Paulo

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 nov 2015, 14h00

Com os rostos pintados e cheios de glitter, crianças e adolescentes se aglomeravam em frente ao Centro da Criança e do Adolescente (CCA) Heliópolis, na favela localizada no sudeste de São Paulo. Ansiosas, elas seguravam cartazes e placas com frases como “A erupção são as crianças que representam o magma gerando esperança de um futuro melhor”, que fazem parte da Ópera das Pedras, apresentação criada pela artista multimídia Denise Milan em 2006. Nesta sexta-feira, centenas de jovens moradores de Heliópolis passearam pelas ruas da favela caracterizados como os personagens da ópera e deram uma nova – e poderosa – interpretação ao texto de Denise.

O espetáculo trata da formação de minerais e rochas. Em cena, o quartzo, mineral mais abundante na Terra, representa o bem, o imortal. Já o basalto, exemplo de rocha vulcânica, é o instável, uma representação da mortalidade. A cristalização do quartzo atravessa várias fases, que são apresentadas na Ópera das Pedras como diversos personagens, como Agrégora, Solser, Malassombras e Konfuso, interpretados por grupos de crianças que são atendidos pelos diversos CCAs da região de Heliópolis.

A saga do mineral serve de metáfora à vida humana, com seus percalços e obstáculos – e ganhou tom ainda mais impactante quando representada pelas crianças da favela de Heliópolis, que têm seus próprios problemas a enfrentar. “Vimos que esse projeto teve um impacto nos jovens de lá, que não possuíam recursos para potencializar o desenvolvimento deles”, explica Denise Milan ao site de VEJA. O trabalho para a apresentação de 2015 vem acontecendo desde o começo do ano, com a formação dos educadores que acompanharam as crianças no cortejo. O preparo mais intenso, como os ensaios para a peça e a confecção das fantasias, foi feito desde agosto.

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A encenação da ópera aconteceu no Centro Educacional Unificado (CEU) Professora Arlete Persoli – Heliópolis e foi uma ampliação do Cortejo das Vidas Preciosas, que toma as ruas do bairro uma vez por ano desde 2010. O evento já era inspirado no espetáculo de Denise, com crianças e adolescentes passando pelas ruas do lugar fantasiados como os personagens da peça, e surgiu cinco anos atrás a partir da iniciativa de Regina Barros, socióloga da União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas), que propôs a criação do projeto à artista. Depois integraram o programa Carla Govêa, analista técnica educacional do Sesi, e Rosa Iavelberg, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

O projeto nasceu em Heliópolis e foi expandido para as regiões de Grajaú, Jaguaré, Osasco, Santana e Itaquera nos três primeiros anos, quando teve apoio do Sesc. Em 2013, porém, a população de Heliópolis abraçou o cortejo e seguiu em frente com sua organização, mesmo sem apoio do Sesc. “Isso mostra como o projeto é importante para o pessoal desse bairro, como é valioso para a transformação daquela comunidade”, afirma Denise Milan.

Neste ano, o cortejo voltou a receber apoio do Sesc e recebeu orientação de dois grupos de teatro e hip hop de Heliópolis, Grupo Simples de Teatro e Avante – O Coletivo, com composições de Clarice Assad, Badi Assad, Carlinhos Antunes, André Mehmari. A apresentação contou com a participação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis do Instituto Baccarelli, composta por 70 jovens músicos e orquestrada por Clarice Assad. A ideia, para 2016, é levar o projeto também para o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

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