Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O humor da crise

Os criadores da sátira política atual enfrentam um triplo desafio: precisam lidar com a velocidade espantosa dos fatos, superar a comédia involuntária protagonizada pelos personagens dos escândalos — e ainda enfrentar o ânimo vigilante das redes sociais

Por Bruno Meier e Marcelo Marthe
14 abr 2016, 22h10

No Carnaval de 2010, o humorista Márvio Lucio – mais conhecido como Carioca – avistou a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em um camarote de Salvador. Já aquecendo a futura campanha para sua primeira eleição, Dilma fez um gracejo: ameaçou dançar o hit do axé Rebolation. “Eu não parava de rir ao imaginar a cena. Dias depois, gravei um clipe em que imitava a Dilma caindo na dança”, diz Carioca. E, enquanto a presidente rebola (figurativamente, claro) para escapar ao processo de impeachment, sua versão caricatural é um fenômeno absoluto de popularidade. Batizada de Dilma Ducheff, a criatura faz sucesso na TV, como atração do Pânico na Band. Mas reina mesmo é nas redes sociais e nos shows do comediante pelo país afora. Em vídeo que viralizou recentemente na internet, a plateia é flagrada a urrar “Fica, Dilma!”. Para desalento do governo, o clamor popular é dirigido à personagem da paródia, não à parodiada. A Dilma dentuça e masculinizada de Carioca confirma: as figuras do poder, sobretudo quando em baixa, convidam ao deboche. E, quanto maior a crise, mais as pessoas buscam o consolo (ou a desforra) no riso. Nada escapa ao humor, que vai da crítica à polarização ideológica do impagável “Chico Buarque de Orlando” de Marcelo Adnet às farpas anti­governo de Danilo Gentili.

Na comédia da crise atual, há peculiaridades reveladoras sobre o estado de espírito do país. Se nos tempos do impeachment de Collor ou do escândalo do mensalão o palco principal era a televisão, agora são as redes sociais e o YouTube. Isso tem a ver não só com a força alcançada por esses meios, mas com a velocidade dos fatos. As novidades se sucedem em ritmo tão espantoso que só mesmo o imediatismo da internet é capaz de garantir piadas sem sabor de amanhecidas. “Qualquer tirada fica velha em dez minutos”, diz Marcius Melhem, roteirista das duas maiores apostas do humor da Globo, Tá no Ar – no qual ele também divide a cena com Adnet – e Zorra, versão recauchutada do velho humorístico das noites de sábado.

Compre a edição desta semana no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.