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‘Malévola’ é espetáculo para os olhos – e nada mais

Com Angelina Jolie, filme joga luz sobre origens da protagonista e transforma a temida vilã em uma inocente fada traída e recalcada

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 nov 2016, 14h58 - Publicado em 29 Maio 2014, 08h10

Durante uma festa no castelo para celebrar o nascimento da princesa Aurora, nobres, plebeus e três fadas coloridas testemunham a entrada triunfal de Malévola, a rainha do mal. Com a fala carregada de sarcasmo, ela demonstra sua indignação por não ter sido convidada para a cerimônia. Apesar da situação desagradável, ela decide dar um “presente” para o bebê real: uma maldição irrevogável. Aos 16 anos de idade, Aurora espetará o dedo em uma roca de fiar e cairá em um sono profundo, que só poderá ser quebrado com o beijo de um verdadeiro amor.

A cena acontece na animação da Disney, lançada em 1959, e é replicada com fidelidade em Malévola, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros. Angelina Jolie é a encarregada do papel da vilã, considerada, na escala da maldade, uma das piores dos contos de fadas.

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O momento é praticamente o único igual ao filme original e se dá na metade do longa-mentragem. Antes, as origens de Malévola são expostas em detalhes. Órfã, a garota com chifres, asas e um carnudo lábio vermelho (vivida na infância pela atriz Isobelle Molloy) é na verdade uma fada responsável pela proteção de Moors, região onde seres mágicos convivem em harmonia. Stefan (Michael Higgins), um garoto pobre, entra no local em busca de pedras preciosas, mas acaba se tornando o amigo e, mais tarde, amante de Malévola.

Não é necessária muita imaginação para intuir que Stefan, no futuro, se tornará o rei e pai da princesa Aurora, o que explica o despeito da vilã pela família real. Vítima de uma traição, Malévola se agarra ao desejo de vingança e se isola, tendo como parceiro de vilania o corvo Diaval (Sam Riley). Caso parecido e explorado no famoso musical Wicked, que conta as raízes da maldade da Bruxa Má do Oeste, vilã de O Mágico de Oz.

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O cineasta Robert Stromberg é quem assina a direção – a primeira de sua carreira. Seu currículo é robusto quando o assunto é direção de arte e efeitos visuais. Entre seus principais trabalhos estão As Aventuras de Pi (2012), Jogos Vorazes (2012), Alice no País das Maravilhas (2010) e Avatar (2009), os dois últimos lhe renderam duas estatuetas no Oscar na categoria de direção de arte.

Como era de se esperar, Stromberg teria músculos suficientes para produzir belíssimas cenas em Malévola. A missão foi cumprida com louvor. Os efeitos especiais são impecáveis e a fotografia é de encher os olhos, assim como a caracterização de Angelina Jolie, com próteses faciais e um rebuscado figurino sombrio.

Apesar do espetáculo estético garantido, o diretor não conseguiu conduzir com a mesma força o roteiro do filme. As excelentes atuações de Angelina e da crescida princesa Aurora (Elle Fanning) se perdem na montagem, que altera com cortes bruscos as fases vividas pela vilã, o que prejudica a empatia com o público.

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Outra decepção é a distância da obra final com os trailers divulgados até o momento. Nos vídeos, Malévola aparece imponente, assustadora e perigosa. Como a do desenho, que causava pesadelos nas crianças desavisadas. Esperava-se então algo próximo da personagem desequilibrada vivida por Angelina no incrível Garota, Interrompida (1999), que deu a ela seu único Oscar de melhor atriz. Contudo, Malévola é apenas um terror leve para crianças, sem personalidade ou sarcasmo. No fim, a perigosa vilã, autoproclamada rainha do mal, não passa de uma garota recalcada, de coração partido e chifres pontudos em um filme familiar da Disney.

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