O show da cantora americana Ke$ha poderia passar como uma nota de rodapé no Rock in Rio IV, não tivesse se destacado por um excesso gritante de mau gosto que certamente o pôs entre os piores já apresentados no festival.
Alçada a fama em 2009, depois de atuar como backing vocal e compor músicas para Britney Spears, Ke$ha assumiu a imagem de uma persona desbocada e falsamente provocadora, que alimenta a rebeldia de pré-adolescentes. A caracterização dessa personagem inclui apelo sexual, cusparadas, palavrões, gritaria, uma guitarra estraçalhada ao vivo no palco e um show de uma hora e meia onde a música é o que menos importa.
A cantora, inclusive, conseguiu desafinar tendo como apoio o autotune, um software que alinha a voz. Ou mesmo – num desrespeito ao público — quando ela fingiu cantar sob bases pré-gravadas. Além de escorregar no tom, Ke$ha se esmerou nos gritos esganiçados. O mise-en-scène teve ainda declarações de amor ao Brasil.
Em resumo, esse foi o cerne da apresentação em que Ke$ha apresentou sucessos (pois é, há quem goste e consuma) da carreira como Blah, Blah, Blah, Take It Off, Cannibal, Animal e Tik Tok, com a qual ela encerra o show.
Deslocada em uma noite que tem como atrações principais a cantora Janelle Monáe, a banda britânica Jamiroquai e o cantor Stevie Wonder, Ke$ha pode se orgulhar de ter feito um show pavoroso. Em tempo, além de trash, o gênero da cantora pode ser localizado entre o pop e o eurohouse. Trocando em miúdos, poperô, bate-estaca e similares