Filme sueco ganha o Leão de Ouro no Festival de Veneza
'A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence', de Roy Andersson, levou o prêmio principal
Por Mariane Morisawa, de Veneza
6 set 2014, 15h36
O júri do 71º Festival de Veneza concedeu a A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence, dirigido pelo sueco Roy Andersson, seu prêmio mais importante, o Leão de Ouro. O filme, cujo título poderia ser traduzido livremente como “Um pombo sentou-se num galho e refletiu sobre a existência”, traz em diferentes esquetes personagens tristes e patéticos, que refletem uma sociedade desanimada, em crise.
O Grande Prêmio do Júri foi para The Look of Silence, de Joshua Oppenheimer. O documentário do americano radicado na Dinamarca retoma o tema de seu filme anterior, The Art of Killing: o massacre de estimadas 1 milhão de pessoas acusadas de serem comunistas na Indonésia nos anos 1960. Enquanto o primeiro, que concorreu ao Oscar na categoria documentário em 2014, mostrava o assunto sob a perspectiva dos assassinos, The Look of Silence expõe a visão das vítimas.
O russo Andrei Konchalovsky ganhou o Leão de Prata de melhor diretor por Belye Nochi Pochtalona Alekseya Tryapitsyna ou The Postman’s White Nights (As Noites Brancas do Carteiro, em tradução direta), de Andrei Konchalovsky, que também tem componentes não ficcionais. O diretor foi a uma pequena vila na beira do lago Kenozero cuja única ligação com o mundo é feita pelas mãos do carteiro, que entrega de aposentadorias a pão e lâmpadas. Konchalovsky procurou um carteiro de verdade numa lista de cinquenta pessoas e escolheu Aleksey Tryaptisyn. Ele contracena com outros habitantes num roteiro escrito a partir de observações no local, mas com elementos de ficção. O filme tem humor, drama e personagens bem construídos, além de falar de uma Rússia à margem da modernização.
A Coppa Volpi de ator foi para Adam Driver, por Hungry Hearts, de Saverio Costanzo. Sua companheira de elenco, Alba Rohrwacher, levou a Coppa Volpi de melhor atriz.
O prêmio especial do júri ficou com Sivas, do turco radicado na Alemanha Kaan Müjdeci. O melhor roteiro foi para Ghesseha, da iraniana Rakhshan Benietemad. O prêmio Marcello Mastroianni para jovem ator ou atriz foi dado a Romain Paul, de Le Dernier Coup de Marteau, de Alix Delaporte.
O júri da competição foi presidido pelo compositor francês Alexandre Desplat e composto pela atriz chinesa Joan Chen, o diretor alemão Philip Gröning, a cineasta austríaca Jessica Hausner, a escritora inglesa Jhumpa Lahiri, a figurinista inglesa Sandy Powell, o ator inglês Tim Roth, o cineasta palestino Elia Suleiman e o diretor italiano Carlo Verdone.
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Seções paralelas – O troféu Luigi de Laurentiis de melhor filme de estreante, escolhido entre todas as seções oficiais e paralelas do Festival de Veneza, foi concedido a Court, do indiano Chaitanya Tamhane, que também levou o prêmio de melhor filme da seção Horizontes.
O melhor diretor da mostra Horizontes foi Naji Abu Nowar por Theeb. O Prêmio Especial do Júri foi dado a Belluscone, Una Storia Siciliana, de Franco Maresco. O troféu Horizontes para melhor ator ou atriz foi para Emir Hadzihafizbegovic por Takva Su Pravila, de Ognjen Svilicic. O melhor curta foi o indonésio Maryam, de Sidi Saleh. O júri da seção Horizontes era presidido pela cineasta chinesa Ann Hui.
O prêmio Venice Classics de melhor documentário sobre cinema foi para Animata Resistenza, de Francesco Montagner e Alberto Girotto. O prêmio de melhor restauração foi para Um Dia Muito Especial, de Ettore Scola.
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