Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Festival de Toronto: ‘Spotlight’, sobre pedofilia na Igreja, tem cara de Oscar

Com direção e roteiro econômicos, filme mostra investigação do jornal ‘The Boston Globe’ sobre o acobertamento de centenas de casos pela Igreja Católica e por outras instituições

Por Mariane Morisawa, de Toronto
15 set 2015, 17h29

O jornalismo já foi tema de grandes filmes, como Todos os Homens do Presidente (1976), de Alan J. Pakula, Os Gritos do Silêncio (1984), de Roland Joffé, e O Informante (1999), de Michael Mann. Exibido no 40º Festival de Toronto, Spotlight, sobre a investigação feita pelo jornal The Boston Globe do abuso de menores por padres, não fica atrás. O filme de Tom McCarthy é um drama sólido, com cara de Oscar.

LEIA TAMBÉM:

‘Brasil vive um momento de mudança’, diz Sandra Kogut em Toronto

Ridley Scott retoma grande forma em ‘Perdido em Marte’

Só atuações salvam dramas sobre transgêneros

Continua após a publicidade

‘Demolition’ abre o Festival de Toronto sem força ​

Filme com Mariana Ximenes vai ao Festival de Toronto

Tudo começa em julho de 2001, quando Marty Baron chega ao jornal principal da cidade como diretor de redação. O Boston Globe tem uma equipe de repórteres investigativos chamada de Spotlight, como no título do filme, que se dedica por meses a fio a uma única história. Baron, que chega já sob a pressão exercida pela internet sobre os veículos de comunicação impressos, muda o protocolo e, baseado em uma coluna, sugere que a próxima investigação seja o abuso sexual de menores por um dos padres de Boston, uma cidade com forte presença católica. Uma série de documentos do caso está protegida, e Baron, um judeu saído da Flórida, acha que o jornal deveria exigir a quebra de sigilo na Justiça – ou seja, basicamente, que o Boston Globe deveria processar a Igreja Católica. Quem é da cidade – a maior parte da equipe – acha uma loucura, inclusive o editor-chefe, Ben Bradlee Jr. (John Slattery), filho de Ben Bradlee, editor-executivo do The Washington Post quando o jornal publicou o escândalo de Watergate (retratado em Todos os Homens do Presidente). Enquanto isso não acontece, Robinson, mais os repórteres Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carrol (Brian d’Arcy James), vão atrás das vítimas e do advogado Mitchell Garabadian (Stanley Tucci), que está defendendo boa parte delas.

As provas logo aparecem, mas os jornalistas descobrem que há mais padres envolvidos e um sistema de acobertamento de denúncias na Igreja Católica liderado pela Arquidiocese da cidade, comandada pelo Cardeal Law (Len Cariou no filme), com a participação de advogados como Eric MacLeish (Billy Crudup) e a conivência de toda uma cidade. “Se é preciso uma vila inteira para educar uma criança, é necessária uma vila inteira para abusar dela”, diz o advogado Garabedian. Os casos são conhecidos há décadas por todos – inclusive pelo jornal, que não havia levado adiante as investigações no passado. Baron (Liev Schreiber) pede aos repórteres para ir mais fundo e expor o sistema e não só alguns padres. A reportagem abriu as portas para a denúncia e a investigação de abusos sexuais cometidos por sacerdotes no mundo todo.

Continua após a publicidade

O filme joga luz sobre a importância do jornalismo em um momento em que sua função e sua existência estão sendo questionadas. O roteiro escrito pelo próprio diretor Tom McCarthy em parceria com Josh Singer (autor de alguns episódios da série The West Wing) é enxuto ao traduzir todas as descobertas dos repórteres com dezenas de fontes diferentes – uma indicação ao Oscar é quase certa.

A direção também é econômica, e busca a eficiência em vez do sentimentalismo barato. O elenco está uniformemente bem, com destaque para Liev Schreiber, Michael Keaton e Mark Ruffalo. Todos eles podem ter seus nomes anunciados no início do ano que vem como candidatos aos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Seria o segundo ano seguido tanto para Keaton (que perdeu este ano para Eddie Redmayne) quanto para Ruffalo (derrotado por J.K. Simmons).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.