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“Eu poderia viver na sombra da Jovem Guarda. Mas me sentiria inútil”, diz Erasmo Carlos, que lança ‘Sexo’

Em entrevista ao site de VEJA, o cantor fala do novo disco e, prestes a voltar ao Rock in Rio, relembra a hostilidade que enfrentou na primeira edição do festival, em 1985

Por Rodrigo Levino
25 ago 2011, 12h56

‘A garota de vinte e poucos anos olha para o palco e encontra alguém que poderia ser o avô dela, o pai dela’

Aos 70 anos de idade, 50 dos quais de carreira, Erasmo Carlos tem se mostrado vivaz e inquieto como nenhum de seus contemporâneos. Lançando o disco Sexo, 25º da carreira, ele diz que poderia estar vivendo “de Jovem Guarda até hoje”, mas que rejeita a opção. “Me sentiria inútil. Tenho muita energia para gastar”, diz o roqueiro, que, às vésperas de voltar ao palco do Rock in Rio, no espaço Sunset, relembra as vaias que recebeu na primeira edição do festival, em 1985.

“O metaleiro não queria ouvir o Tremendão cantando Sexo Frágil“, conta, irônico. Desta vez, porém, Erasmo terá munição para encarar o público do festival. O repertório da apresentação ainda não está definido, mas pode contar com faixas de Rock’n Roll, álbum lançado em 2009 com uma banda de jovens de 20 e poucos anos e que faz jus ao nome. E, é claro, com músicas do novo Sexo, disco feito de 12 canções permeadas pelo tema-título.

“Nos anos 1960, eu escrevia ‘beijo, beijo, beijo’ em uma letra minha porque não podia falar ‘f*d*, f*d*, f*d*'”, provoca o músico, citando suas novas composições, algumas delas em parceria com Nelson Motta e Arnaldo Antunes, que será também seu parceiro de palco no Rock in Rio.

Na entrevista abaixo, Erasmo Carlos fala do processo de criação de suas canções, de sua personalidade inquieta e do fatídico show no Rock in Rio de 1985.

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Das estrelas de sua geração, poucas têm lançado discos que fujam de uma receita de sucesso. Por que optar por outro caminho? É uma questão de personalidade. Eu me sentiria inútil se não estivesse lançando discos diferentes e fazendo shows. Tenho muita energia para gastar. Se eu quisesse viver na sombra da Jovem Guarda, seria até mais simples; eu sei o que cantar, o que as pessoas querem ouvir. Mas como artista é pouco relevante. Prefiro ter por perto quem quer coisas novas, saber o que tenho criado com os meus novos parceiros.

Você já declarou que só se reúne pessoalmente para compor se for com Roberto Carlos. A regra se mantém? Sim. Geralmente eu mando um mp3 por e-mail com a canção, converso ao telefone. Foi o que fiz com Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhotto. E assim vamos criando as músicas sem pressa, ajustando verso e melodia. Tudo como manda o figurino dos novos tempos: via internet.

Falando nos novos parceiros, Sexo é um disco bastante ousado para um senhor de 70 anos, não? Pode ser, mas não se afasta em nada do que eu já compus desde o começo da carreira. Sexo sempre foi um tema presente na minha vida, nas minhas músicas, basta ouvir coisas como Dois Animais na Selva Suja das Ruas, de 1969, ou Terror dos Namorados, ainda mais velha, em que eu escrevia “beijo, beijo, beijo” porque não podia escrever “f*d*, f*d*, f*d*”.

E isso alimenta o assédio das fãs, é de se imaginar… Muito. E o mais surpreendente é que é assédio de gente jovem. É uma relação muito estranha. Porque a garota de vinte e poucos anos olha para o palco e encontra alguém que poderia ser o avô dela, o pai dela. Mas a música tem esse poder de renovar as coisas e de lustrar a imagem. Se eu trato de sexo de uma maneira que é clara mas não é pornográfica, essa curiosidade se aguça.

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Já que estamos falando de jovens: você vai tocar no Rock in Rio junto com Arnaldo Antunes. E esteve na primeira edição do festival, em 1985. Que lembranças guarda daquela época? Como evento de porte histórico, as melhores possíveis. Grandes artistas internacionais, um novo modo de fazer shows, de produtir grandes eventos; nesse sentido, muita coisa foi inaugurada ali. No palco é que a recepção não foi muito agradável. As pessoas lembram do Carlinhos Brown tomando lata no Rock in Rio de 2001, mas aconteceu o mesmo comigo, com o Ney Matogrosso, em 1985. Não tínhamos, naquela época, uma ideia tão clara de quem eram essas diferentes “tribos” que estavam surgindo. Estávamos todos com nossas carreiras, junto aos nossos fãs e achando que todo mundo nos amava. Mas o metaleiro não queria ouvir o Tremendão cantando Sexo Frágil.

Como você reagiu a essa hostilidade? Obviamente você sente uma esfriada, vai baixando a bola. Mas tem de ter profissionalismo e manter a linha do show, entregar o que foi prometido.

E para a apresentação deste ano, quase 30 anos depois, quais são as expectativas? Ah, agora é só amor. Os mais jovens me amam, eu gosto de estar perto deles, eles entendem a minha linguagem, me respeitam pelo pioneirismo. Não tem hostilidade, o clima é outro. Sobre o show em si, não começamos a ensaiar, mas aos poucos o repertório está sendo definido em conversas por e-mail. E vai ser a receita de sempre: rock’n roll.

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