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Em SP, Jessica Lange divulga seu trabalho como fotógrafa

Exposição ‘Jessica Lange: fotógrafa’ chega ao MIS com 135 fotos em preto e branco feitas pela atriz da série ‘American Horror Story’

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 fev 2015, 10h44

“Não sou uma pessoa online, nem tenho redes sociais. Não tenho interesse nenhum neste mundo. Nunca fiz selfie, e nunca vou fazer. É uma promessa”

Aos 65 anos, a atriz Jessica Lange é o tipo de mulher que chama a atenção mesmo de quem desconhece sua impressionante história no cinema e na TV. Sorridente, toda vestida de preto e com seus característicos fios loiros, Jessica conversou com o site de VEJA sobre a exposição de fotos que abre nesta quarta-feira no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo. Garota-propaganda da grife Marc Jacobs e recentemente aclamada por seu papel na série American Horror Story, em que dá vida à Fiona, a bruxa suprema, Jessica agora troca de lado e deixa de ser a modelo para ser a autora das fotos. “Prefiro ser o observador que o objeto de observação”, diz sobre a carreira atrás das câmeras, que foi sua primeira opção antes de se tornar atriz e levar para casa duas estatuetas do Oscar, pelos filmes Céu Azul (1994) e Tootsie (1982).

A mostra é composta por 135 fotos em preto e branco e 12 folhas de contato, trabalhos que foram feitos nos últimos 20 anos e acabaram organizados no Brasil em duas séries, batizadas de Coisas que Eu Vejo e México, que ficarão expostas até o dia 5 de abril. O país mexicano foi palco para muitas das imagens capturadas pela atriz, que se diz encantada pela magia do local. “Também quero voltar com mais tempo para fotografar brasileiros”, conta.

O desejo de ser fotógrafa veio antes da carreira de atriz. Como a senhora retornou para sua paixão original? Eu entrei na Universidade de Minnesota, nos anos 1960, para estudar Arte e me interessei por fotografia, mas não segui a profissão. Fui para a Europa e vivi cercada de bons fotógrafos. A partir daí foi uma sequência de eventos inesperados. Acabei estudando atuação e fazendo testes como atriz. Então a vida me levou para longe da fotografia e voltei muito tempo depois, no início da década de 1990.

Acredita que ter experiência como atriz e modelo de campanhas publicitárias te ajudou a ser uma boa fotógrafa? Sim, mas ambos os trabalhos se completam. Ambos requerem o mesmo tipo de atenção. Como atriz você tem que estar presente, tem que ouvir, observar, olhar ao redor. E como fotógrafa é a mesma coisa. É preciso estar presente. Se você não está observando, ouvindo, procurando, então não vai conseguir uma boa fotografia. Você perde o momento. Neste sentido são profissões muito parecidas.

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Fotografar é um dom ou muita prática? Creio que é necessário ter um instinto para o trabalho. Mas também tem que treinar. Para mim, é um conjunto de tudo isso. Você precisa ser rápido, porque momentos são etéreos, e estar preparado. Mas, ao mesmo tempo, você tem que ser paciente. Tem que saber quando parar e esperar, pois ao olhar para uma cena é possível antecipar algo que está para acontecer. É uma maneira particular de planejar a imagem.

Foto feita pela atriz Jessica Lange
Foto feita pela atriz Jessica Lange (VEJA)

No ano passado, a senhora foi eleita o novo rosto da grife Marc Jacobs. Sair da frente das câmeras e conduzi-las é algum tipo de terapia ou libertação? Sim, é uma libertação. A fotografia é uma arte anônima. Você tem o objeto e tem a câmera, que fica entre você e o que seu olho vê. Isso cria intimidade e, ao mesmo tempo, uma distância segura. Existe um senso de ser o observador que é algo que me conforta. Prefiro ser o observador que o objeto de observação. Por isso a fotografia tem sido uma ótima experiência para mim. Atuar é uma arte muito colaborativa. Enquanto a fotografia é um processo íntimo e anônimo. No futuro, me vejo seguindo este caminho mais e mais.

O que planeja para sua carreira como fotógrafa? Tenho alguns projetos que quero trabalhar. Entre eles, um grande ensaio fotográfico. Estou tentando aprender mais e tentar processos mais antigos de revelação de fotos.

Por que escolheu o México como cenário para suas fotos? Vou tentar não ser muito romântica sobre isso (risos). Mas existe algo mágico no México e também acessível. Tem muita vida nas ruas. Há certo desajuste e uma sensação de disponibilidade. É uma combinação estranha de elementos. Por isso é meu lugar favorito para fotografar. O tempo que passei lá me permitiu enxergar e entender melhor o lugar. Não digo sobre questões políticas, mas sim uma experiência emocional. O México nunca falha em me emocionar.

A senhora tem interesse em fotografar o Brasil? Sim, quero muito fotografar brasileiros. Se eu tivesse tempo faria isso agora, ainda mais com o Carnaval na próxima semana. Eu adoraria ficar aqui, mas tenho que voltar para Nova York. Eu passei pelo Brasil em outras duas ocasiões, mas rapidamente. Nunca fiquei tempo suficiente. Preciso voltar como turista.

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Por que escolheu trabalhar com fotografias em preto e branco? Eu sempre gostei do preto e branco. Para mim, fotógrafos ou são bons com preto e branco ou colorido, raramente você vê um profissional que faz ambos os estilos bem. Eu acabei sendo atraída por essa paleta. Não tenho interesse em um mundo cheio de cores. Sou retrô (risos). Na verdade, eu deveria ter nascido em outra época, bem distante no passado.

Foto feita pela atriz Jessica Lange
Foto feita pela atriz Jessica Lange (VEJA)

Hoje vivemos na cultura dos selfies e redes sociais. A senhora pretende se render ao estilo? Não. Não sei nada deste mundo e nem tenho interesse. Não sou uma pessoa online, não tenho redes sociais. A única coisa que faço no computador e na internet é enviar e-mail. Não tenho interesse nenhum neste mundo. Eu tenho um iPhone, mas só comprei pois me falaram que era o único que funcionaria na Europa (risos).

Não usa o celular para tirar fotos? Às vezes sim. Mas nunca fiz selfie, e nunca vou fazer. É uma promessa (risos). Mas para fazer um clique rápido o celular é útil. Para mim, ele funciona como uma kodak ou polaroid no passado, apenas para tirar uma foto do lugar ou momento que você está. Um registro rápido, nada mais que isso. Como fotógrafa, ainda trabalho do modo tradicional, com filmes e revelação na câmara escura.

Apesar do exagero de exposição da vida pessoal, as redes sociais também se tornaram uma ferramenta para novos fotógrafos exibirem sem trabalho. Imagino, mas não os conheço. As redes sociais são um marco deste tempo. Em certo momento elas são ótimas, mas me assusta o que a tecnologia tem feito com a comunicação. Essa semana eu vi um casal no parque aqui em São Paulo. Os dois eram lindos. Eles passaram por mim e eu fiquei esperando por um interlúdio romântico entre os dois. Mas ambos sentaram na praça, sacaram seus telefones e ficaram mexendo no aparelho. As pessoas nos restaurantes fazem isso. Estão nas mesas, de frente umas para as outras, mas não conversam, pois estão em seus celulares. Eu mesma me policio para não mandar muitas mensagens de texto, pois é tão fácil só escrever em vez de ter uma troca com alguém, ouvir a voz de outra pessoa. Mas como te disse, sou de outro tempo. Ainda escuto Bob Dylan.

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