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Em ‘Brooklin’, Saoirse Ronan conduz com elegância trama indicada ao Oscar

Filme, que estreia no Brasil nesta quinta-feira, se passa nos anos 1950 e conta a história de uma jovem imigrante irlandesa que busca um futuro melhor em Nova York

Por Vivian Carrer Elias
12 fev 2016, 08h45

Na década de 1950, uma jovem irlandesa deixa a pequena cidade onde vive e embarca em um navio de imigrantes que vislumbram um futuro próspero nos Estados Unidos. Após passar pelo sofrimento comum a qualquer expatriado, a moça vê a saudade de casa diminuir conforme se adapta à nova vida. Apesar disso, ao fazer uma visita ao seu país, ela se lembra do quão confortável é estar no próprio lar e se vê em dúvida sobre o que a fará mais feliz: permanecer no lugar onde está a sua história ou viver na cidade que lhe ofereceu um futuro.

Esse é o ponto central da trama de Brooklin, filme inspirado no romance de Colm Tóibín que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. Apesar de ser uma clássica narrativa sobre um entre milhares de casos de imigrantes, o longa tem frescor e passa longe de soar repetitivo. Mais do que isso, é inteligente e dá complexidade a temas que poderiam soar simples, como o começo de uma vida nova em terras estrangeiras ou a dúvida entre dois amores. E tudo é abordado de uma forma amável e delicada, sem que pareça tolo. A cereja do bolo é Saoirse Ronan, atriz irlandesa de apenas 21 anos que é tão adorável quanto o filme. Não à toa, a singela produção – que custou 11 milhões de dólares, contra os 135 milhões de O Regresso, por exemplo – recebeu três indicações ao Oscar deste ano nas categorias de melhor filme, roteiro adaptado e atriz. Com isso, Saoirse concorre à premiação pela segunda vez, apesar da pouca idade. A primeira foi em 2008 pelo filme Desejo e Reparação.

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Brooklin conta a história de Eilis (Saoirse Ronan), uma jovem que vive na década de 1950 com a mãe (Janne Brennan) e irmã (Fiona Glascott) na pequena cidade irlandesa de Enniscorthy. Com uma vida pacata, a moça trabalha no mercadinho da rabugenta Senhorita Kelly (Brid Brennan) e, vez ou outra, frequenta bailes nos quais encontra rapazes que não lhe interessam. A protagonista se despede desse cenário quando um padre, enxergando potencial nela, patrocina a sua ida a Nova York, onde terá lugar parar morar no bairro do Brooklin e até um emprego em uma loja de departamentos.

Nenhuma garantia dessas, porém, impede que Eilis passe pelos percalços de ser uma expatriada. Ela sente saudades de casa, chora compulsivamente ao receber cartas da mãe e da irmã e não consegue esconder o seu sofrimento das clientes. Em uma cena particularmente tocante, a moça está ajudando a servir um jantar comunitário de Natal a outros imigrantes irlandeses quando um deles resolve cantar uma música tradicional de seu país, emocionando todos os presentes. Com o tempo, a protagonista começa a adaptar-se à nova vida, principalmente depois de engatar um namoro com o doce e gentil Tony Fiorello (Emory Cohen), filho de italianos que trabalha na cidade como encanador. O relacionamento ajuda Eilis a encontrar felicidade no novo país e, enfim, vislumbrar um futuro por lá.

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Dirigido pelo irlandês John Crowley (Dias Selvagens), Brooklin transita entre cenas emotivas e divertidas, como quando Eilis é convidada para jantar com a família italiana – e deliciosamente estereotipada – de seu namorado. Mas um caso à parte são os diálogos na pensão em que a moça mora. Durante o jantar, as pensionistas antigas caçoam das novatas, enquanto todas são alvo dos palpites da dona da casa, a Senhorita Kehoe, interpretada pela excelente Julie Walters (a Mrs. Weasley, mãe de Ron, de Harry Potter). De tão boa, a personagem de Julie vai protagonizar uma série na BBC inspirada em Brooklin que se passará na pensão nova-iorquina.

A história de Brooklin sofre uma reviravolta quando Eilis recebe más notícias de casa e decide visitar a Irlanda. Como costuma acontecer quando alguém se distancia de um ambiente familiar, a moça passa a olhar o seu país de uma forma diferente, para o bem ou para o mal. Aprecia como nunca as paisagens naturais da região, mas não mais admite ser alvo das intrigas de uma cidade pequena. E, de repente, aquele lugar que antes não lhe oferecia nada se tornou interessante. Um bom rapaz irlandês, Jim Farrell (Domhnall Gleeson) se interessa pela jovem e um emprego ideal lhe é oferecido em Enniscorthy. Tudo isso leva Eilis a ser arrebatada por uma dúvida sobre o que fazer. Afinal, ela já não é mais a mesma. Amadureceu. Se veste, se comporta e pensa diferente, e essa transformação acontece diante dos olhos do público graças a uma elegante atuação de Saoirse. Além disso, Nova York abriu milhares de possibilidades para o seu futuro. No entanto, como bem disse seu namorado italiano, “a nossa casa é a nossa casa” e é lá onde estão as raízes dela. O público é convidado a refletir junto com a protagonista diante desse impasse em que não parece existir decisões erradas e nem justificativas irrefutáveis. Mas é preciso escolher.

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