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Edson Celulari: “Quero trabalhar com João Emanuel Carneiro”

Trinta anos depois de 'Guerra dos Sexos', ator está de volta à trama, agora no papel que foi de Tarcísio Meira. "É maravilhoso voltar à novela em um papel diferente", diz

Por Leo Pinheiro
1 set 2012, 13h29

“João Emanuel Carneiro, que é da safra nova de autores, é muito interessante. Ele sacudiu o Brasil e parece que as pessoas só falam da novela, como acontecia há alguns anos.”

Prestes a voltar às telas na reedição de Guerra dos Sexos, Edson Celulari trabalha em ritmo acelerado. O papel, desta vez, é o de Felipe, interpretado por Tarcísio Meira há 30 anos, na trama criada por Silvio de Abreu. As três décadas que separam a novela original e o remake modificaram os conflitos e questões que opõem homens e mulheres. Mas a graça da trama, explica Celulari, está na dinâmica de atração e repulsa que pode haver entre os gêneros. Confortável na condição de galã maduro, mas deixando a beleza em segundo plano, o ator de 54 anos, com 34 de carreira, conversou com o site de VEJA no intervalo das gravações.

Guerra dos Sexos foi um grande sucesso. Você acredita em um efeito semelhante?

Se vai fazer sucesso, se o público vai aceitar a novela ou não só o tempo dirá. Mas se eu for trabalhar pensando no ibope, enlouqueço. O público das sete hoje está vendo Empreguetes, que é um grande sucesso. A novela do Silvio de Abreu tem outro formato, bem-sucedido 30 anos atrás. Isso quer dizer que o público vai ver ou não? O público vê coisas diferentes. Aliás, ele quer ver coisas diferentes. Quando essas coisas são boas, é claro.

Você acha que a discussão sobre a guerra dos sexos ainda é pertinente nos dias de hoje?

Eu acho que Guerra dos Sexos foi escolhida por um motivo: é uma história que fala de uma luta e ao mesmo tempo dos atrativos. Como um imã, que quando é virado causa uma repulsa. Isso é eterno, é clássico. Acho que isso é a motivação da novela. Você acha que o Brasil é menos machista do que há 30 anos? É. Mas ainda é muito machista. Os homens ainda recebem mais no mercado de trabalho. O cenário se modificou um pouco, mas ainda existem diferenças marcantes. Mas isso não é o mote principal da novela. É uma ficção, que não quer deflagrar uma questão social de homens contra mulheres e, sim, contar uma história divertida. É uma comédia.

Como é voltar a atuar na mesma trama de três décadas atrás?

É maravilhoso voltar à novela em um papel diferente. Fazer o mesmo papel é que seria chato. Aliás, fazer a mesma novela também seria chato. Mas não é a mesma novela. O Silvio é inteligente o bastante para instalar esta história nos dias de hoje. Eu li uns capítulos e a história tem um frescor grande e uma contundência para os dias de hoje. Na outra versão, fiz outro personagem, o Zenon, que era muito importante para história, para a ala pobre. Meu novo personagem, o Felipe, é muito mais atuante. Está no núcleo central da história.

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Como acha que serão as comparações entre o seu Felipe e o criado pelo Tarcísio Meira na primeira versão?

Sempre me perguntam: “Será que vão comparar?” Mas as pessoas não lembram. Eu, que fiz a novela, às vezes não lembro de muitas coisas. É uma coisa longínqua. Acho que o público tem mais a imagem da novela do Paulo Autran com a Fernanda Montenegro jogando um a torta na cara do outro, que virou uma sequência clássica da TV brasileira. O Tony Ramos e a Irene Ravache já gravaram a cena, e pelo que sei ficou ótima!

Reveja a cena do café da manhã em Guerra dos Sexos:

Você hoje ocupa o cargo de galã maduro, que já foi de Tarcísio Meira e Francisco Cuoco. Como se sente?

Isso é natural quando você vê atores americanos que têm uma longevidade na carreira. No Brasil, isso também já ocorre. Os atores vão envelhecendo e amadurecendo. Sobre essa coisa de classificar, de ‘departamentizar’, não sei. Eu não assumo nenhuma classificação. O ator é o ator, é o que representa, o que assume vários personagens. A classificação eu deixo para o público. Como ator, quero me tornar melhor no meu ofício. A classificação que me dão é de galã. Ah, tudo bem. Mas isso não me prende.

Mas a imagem de galã incomoda, ou já incomodou?

Se dizem: “Ah, ele é o homem ideal, tem beleza, as velhinhas querem como genro, as meninas querem como irmão ou namorado”. Sem problema. Mas eu não quero agradar, eu quero fazer bem o meu trabalho. A minha carreira não é isso, o meu ofício não é esse. O meu ofício me permitiu ter sucesso, uma carreira bem-sucedida até agora. Reconheço o meu sucesso e gosto do meu sucesso, mas não quero ouvir suspiros aos 54 anos.

O assédio sobre o Edson Celulari galã de TV ainda existe. Você recebe muitas cantadas nas ruas?

Não. Isso é uma imagem errônea. O público normalmente vem falar com muito carinho, respeito. É claro que tem as mais afoitas que não param de repetir: “Você é lindo, você lindo”. Algumas, por acharem que você está separado… Mas não é porque sou o Edson Celulari. Todo mundo leva cantada na rua. Eu levei uma cantada uma vez na Alemanha, em Berlim, de duas mulheres, no Réveillon, que não me reconheceram, não sabiam quem eu era.

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Como terminou a cantada em Berlim?

Eu estava com meus filhos, estava com Cláudia (Raia)… Não cedi (risos). Era Réveillon, tinha muita gente bêbada, elas só falavam alemão e eu respondia: “Nein!”

O fim do seu casamento mobilizou o público. Afinal, era a separação de um casal de atores de sucesso. Essa publicidade tornou mais difícil o momento da separação?

Tivemos uma postura muito clara. Nós soltamos uma nota. E a imprensa foi extremamente respeitosa. Eu quero até agradecer por isso. Porque a imprensa, um tipo de imprensa, poderia buscar sensacionalismo em cima daquilo. Mas no nosso caso houve um respeito, um silêncio. Para nós, foi uma surpresa, claro. Na época, surgiu a notícia de que meu nome foi um dos mais citados na internet no mundo inteiro. Pensei: “Meu Deus, uma separação pode despertar tanto interesse nas pessoas? O mundo tem tantos assuntos mais importantes acontecendo”.

E depois da separação, como ficou a relação de vocês dois?

Claro que foi dolorido. Tinha a preocupação de abrigar os nossos filhos. Dentro do possível, foi tudo feito com muita dignidade. Foi consensual. Nossa relação hoje é ótima, não tem nenhum tipo de impossibilidade. Cuidamos dos nossos filhos e decidimos as coisas juntos.

Muitos autores têm atores favoritos para seus elencos. É mais gratificante trabalhar em novelas do Silvio de Abreu, com quem você já fez dobradinha por oito vezes?

Meu primeiro trabalho com o Silvio foi Plumas e Paetês, que era uma novela do Cassiano Gabus Mendes. O Cassiano ficou doente e ele assumiu. Depois disso vieram Guerra dos Sexos, Cambalacho, Sassaricando, Deus nos Acuda, Filhas da Mãe, Torre de Babel… Fiz também a única peça de teatro que o Silvio escreveu, que foi Capital Estrangeiro, uma encomenda minha para ele. Tenho uma relação de amizade com ele e a mulher, Maria Célia. Ele foi meu padrinho de casamento com a Claudia. Fiquei muito feliz de ser chamado para esse remake, porque a gente tem uma cumplicidade profissional grande. Mas nós temos outros grandes valores na casa. Tem a Glória Perez, com quem eu fiz América e Explode Coração; o Manoel Carlos. Eu nunca fiz novela do Gilberto Braga, mas gostaria muito de fazer. O João Emanuel Carneiro, que é da safra nova de autores, é muito interessante. Ele sacudiu o Brasil e parece que as pessoas só falam da novela, como acontecia há alguns anos. Confesso que gostaria muito de trabalhar com o João Emanuel.

Você já tem planos profissionais para depois de Guerra dos Sexos?

Tenho um projeto novo com o Miguel Falabella, que é uma adaptação para o teatro que ele está fazendo de Memórias de um Gigolô, passado na São Paulo dos anos 20, com tango. A ideia é maravilhosa. De vez em quando, ele me liga e fala: “Olha a música nova que você vai cantar”. Aí, eu peço para ele me enviar, mas ele diz que não, que era só para dar um gostinho (risos).

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Em meio às gravações, ensaios para o teatro e cuidar dos filhos, como você mantém a forma física?

Faço pilates, musculação e corro. Estou querendo comprar aparelhos para montar na minha casa, como eu tinha na antiga. Também jogo tênis de mesa e sou bem acima da média para os brasileiros. Aprendi a jogar ainda jovem, em Bauru, com os japoneses. Até hoje, tenho mesa em casa e tenho alguns parceiros que jogam comigo. Pode não parecer, mas é um esporte que queima muitas calorias, porque exige muito reflexo e concentração. Agora também estou praticando stand up no mar (remo em pé em cima de um tipo de prancha de surf). Mas no meu caso é stand up comedy, porque eu não paro em pé (risos). Eu caio mais na água do que consigo ficar na prancha. O Enzo (filho) ri muito de mim!

Você tem algum papel predileto entre todos os que já interpretou?

Foram muitos. Teve o Vadinho, de Dona Flor e Seus Dois Maridos; o Flamel, de Fera Ferida; o Ciccillo Matarazzo, de Um Só Coração; o Capitão Hélio, de Aquarela do Brasil; e o tio de América, com a Cleozinha Pires, que foi muito emblemático, foi um grande sucesso de público. É difícil eleger um papel apenas. Acho que Decadência teve um espaço até de interferência social. Falaram, na época, que iam proibir. Chegou a mim que Roberto Marinho sofreu ameaça de um certo bispo, mas ele foi ver as imagens e viu que não tinha nada demais e liberou, comprou a nossa onda. Eu realmente nunca tinha feito um trabalho com uma interferência tão grande. Realmente foi muito contundente. Era Dias Gomes, né? E Que Rei Sou Eu?, que veio com um pacote completo de ineditismo. Era uma novela de época, que era comédia e ao mesmo tempo remetia aos acontecimentos do Brasil de 1989. Tinha um gosto de novidade, criado pela genialidade do Cassiano Gabus Mendes e da direção do Jorginho Fernando e do Guel Arraes. Além de ser um herói de capa e espada, revolucionário.

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