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Crô estreia no cinema em comédia rasa

Personagem emblemático da novela ‘Fina Estampa’ ganha um filme para chamar de seu, mas também para entediar o espectador. Protagonista, ator Marcelo Serrado defende o personagem. 'Crô é um Félix, uma Odete Roitman'

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 nov 2013, 06h27

“A Ana Maria deu um show. A Ivete é muito inteligente, pegou os trejeitos do Crô rapidamente e deixou a ideia de que, afinal, o Crô aprendeu tudo o que sabe com a mãe na infância. A Gaby é uma figura, trouxe uma conversa louca para o roteiro do filme, tudo tinha açaí, granola. É muito engraçada”

Quase dois anos após o fim da novela Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, Crô – O Filme chega ao cinema resgatando aquele que talvez seja o personagem mais emblemático da trama, embora coadjuvante: o mordomo efeminado Crô, papel que cimentou o retorno do ator Marcelo Serrado, então na Record, para a Globo. Como na TV, no cinema Crô ressurge exuberante e colorido. Mas também, é preciso dizer, mais raso e mais chato.

No longa dirigido por Bruno Barreto, que tem no currículo a boa comédia O Casamento de Romeu e Julieta (2005), Crô se cansa da vida de milionário que veio com a herança da patroa amada Tereza Cristina, e tenta encontrar uma ocupação, como cantor, estilista e cabeleireiro. Após falhar em todas e sonhar com a mãe, vivida pela baiana Ivete Sangalo, ele entende que a sua verdadeira vocação é servir mulheres, ou “deusas”, como gosta de chamá-las. Por isso, decide voltar a ser mordomo e passa a entrevistar socialites em busca da sua nova “rainha do Nilo”.

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Crô se destacou na novela e agora ganhou um filme-solo. O que explica o sucesso do personagem? O Crô é como uma Carminha, uma Odete Roitman, um Félix, ele ficou na galeria dos personagens de destaque da TV. Apesar de estereotipado, ele tinha uma verdade, uma essência. Era melancólico, sofria, chorava, era autêntico. Foi muito amado por crianças, foi tema de escola de samba, pessoas se fantasiaram de Crô no Carnaval. O público sabe reconhecer quando o personagem não tem alma, e ele tinha, apesar do figurino exuberante, de cabelo montado, óculos coloridos, gravata borboleta, apesar de ele ser um arquétipo.

Como foi a construção do personagem? Eu trabalhei com o preparador de elenco Sergio Penna (de longas como Gonzaga: De Pai pra Filho, Heleno e Meu País), que me ajudou muito. Fui a várias boates, falei com gays que foram queridos comigo, vi filmes que foram essenciais. Até faço uma homenagem ao Santiago, de João Moreira Salles (sobre o mordomo da família Salles), com os movimentos das mãos do Crô. É um documentário lindo sobre um cara que foi mordomo e fala muito com as mãos. Vi o filme Milk: A Voz da Igualdade, do Sean Penn, que também foi bem útil. E O Fiel Camareiro, estrelado pelo Albert Finney, sobre a paixão de um cara de servir o próximo. Todos foram importantes para a composição do personagem.

Na novela, o Baltazar era apontado como o possível amante do Crô. No filme, a relação entre eles fica mais forte. O que acha desse relacionamento? Sem o Baltazar, o filme não existiria. O Crô precisa do Baltazar. É uma coisa meio o Gordo e o Magro. Eles implicam um com o outro de maneira muito engraçada. O Alexandre Nero é um ator inteligente. Consegue transformar tudo em piada, sem deixar de levar a sério. Interpreta um homofóbico maluco que, na verdade, é apaixonado pelo Crô. Acho muito divertido o relacionamento tipo gato e rato deles.

Crô herda a fortuna da Teresa Cristina. No fim da novela, ela faz uma aparição bizarra. Afinal, ela morreu ou não? Quem sabe, não é? Não sei se ela volta um dia, só o Aguinaldo pode saber.

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O filme tem participações de Ivete Sangalo, Gaby Amarantos e Ana Maria Braga. Como foi atuar com elas? A Ana Maria deu um show. A Ivete é muito inteligente, pegou os trejeitos do Crô rapidamente e deixou a ideia de que, afinal, o Crô aprendeu tudo o que sabe com a mãe na infância. A Gaby é uma figura, trouxe uma conversa louca para o roteiro do filme, tudo tinha açaí, granola. É muito engraçada.

Como pretende fazer para se distanciar de um personagem tão marcante? Estou fazendo o especial de fim de ano Alexandre e Outros Heróis, do Luiz Fernando Carvalho, com um personagem totalmente diferente do Crô. O Luiz é um diretor completamente autoral, que admiro muito. Fiquei dois meses trabalhando com ele e passamos dez dias no sertão. No especial, que pode virar uma minissérie, faço um cantador de embolada, completamente sujo, com lodo entre as unhas, cicatriz. É bacana trabalhar com um diretor que sabe que já vivi um arquétipo, como o Crô, e propõe algo totalmente diferente. Também estou gravando um quadro de humor para o Fantástico, com dez personagens, chamado A Mulher da Sua Vida. A ideia é explicar como você pode encontrar a mulher da sua vida. São vários personagens interagindo com atrizes diferentes. O primeiro episódio será com a Fernanda Paes Lemes. O segundo, com a Taís Araújo. Em seguida, a Fernanda Souza e depois a Juliana Paes.

Apesar de ser um filme com um protagonista homossexual, Crô não tem nenhum beijo gay. Acha que faltou isso? Não acho, não. Flores Raras é um filme para ter beijo gay, não o Crô. É um outro tipo de temática, vai por outro caminho.

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