Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Com ‘Marco Polo’, Netflix exibe a sua grandiosidade

Canal de transmissão on-line de filmes e séries se firma como plataforma de lançamentos com adaptação da história do veneziano Marco Polo, que teria seduzido Kublai Khan com narrativas do Império Mongol, no século XIII

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 dez 2014, 08h40

“Ignoro se Armila é dessa maneira por ser inacabada ou demolida, se por trás dela existe um feitiço ou um mero capricho. O fato é que não há paredes, nem telhados, nem pavimentos: não há nada que faça com que se pareça com uma cidade, exceto os encanamentos de água, que sobem verticalmente nos lugares em que deveria haver casas e ramificam-se onde deveria haver andares: uma floresta de tubos que terminam em torneiras, chuveiros, sifões, registros.” Assim o escritor Italo Calvino (1923-1985) imaginou, no romance Cidades Invisíveis (Companhia das Letras), um dos relatos de Marco Polo ao poderoso Kublai Khan, descendente de Gengis Khan a quem o viajante italiano serviu como uma espécie de repórter, relatando o que via em suas andanças pelo vasto Império Mongol, no século XIII. Personagem de história imprecisa, por vezes pincelada de fantasia, e por isso mesmo de alta voltagem literária, Marco Polo é a aposta da Netflix para se consolidar como plataforma não apenas de exibição, mas também de produção e lançamento de projetos grandiosos como a série sobre o explorador veneziano, que entra no ar, nesta sexta, no catálogo do serviço de streaming em todo o mundo.

Leia também:

Novo livro confirma viagem de Marco Polo à China

Marco Polo, a série, é mais uma produção original da Netflix, assim como a ótima House of Cards e a elogiada Orange Is the New Black. No sentido estrito, nenhuma delas é produção do serviço, já que as séries são realizadas por empresas independentes – no caso da saga do explorador italiano, quem entrou em campo foram a Electus e a Weinstein Company, dos irmãos Weinstein, poderosos produtores e distribuidores de Hollywood. Mas é a Netflix quem dá a liberdade sonhada por diretores e roteiristas, e quem investe nos projetos – a primeira temporada de Marco Polo, de dez episódios, teve o maior investimento já feito pela companhia, de 90 milhões de dólares (cerca de 240 milhões de reais).

Continua após a publicidade

A suntuosidade não se dá à toa. Se por um lado a Netflix quer mostrar a canais como a HBO, que também apostou pesado em sua épica Game of Thrones, que não está aqui de passagem, por outro a história de Marco Polo demandava um investimento de porte. Reproduzir um império como o que Kublai Khan comandou, e o encantamento que um mundo então completamente desconhecido pelo Ocidente poderia causar ao personagem, era um trabalho complexo, que a série realiza quase com perfeição nos primeiros episódios, dirigidos por Joachim Rønning e Espen Sandberg, os dois nomes à frente do próximo longa da franquia Piratas do CaribeOs Mortos Não Contam Histórias, previsto para 2017.

https://youtube.com/watch?v=kdNfLSml4J0

Com algumas liberdades – se bem que, ao falar do autor de Il Milione (no Brasil, As Viagens de Marco Polo), o livro de relatos que o veneziano ditou ao escritor Rustichello di Pisa quando estava na prisão, em Gênova, não se sabe mesmo o que é real, inventado ou aumentado -, a série narra as aventuras e desventuras do explorador italiano que percorre a rota da seda ao lado do pai até se ver refém de Kublai Khan e destinado a percorrer e retratar em uma língua que precisou aprender as terras do imperador, em meio a cenas cheias de sangue e de sexo. “No começo foi difícil, ele poderia ser apenas uma testemunha de tudo, mas se tornou um personagem importante”, diz o italiano Lorenzo Richelmy, que dá vida a Marco Polo.

Nova Temporada: Joan Chen entra no elenco de ‘Marco Polo’

Starz desiste de ‘Marco Polo’, antes de ser resgatada pelo Netflix

O ator, que esteve em São Paulo para divulgar a série e falou ao site de VEJA, conta que, para se preparar, viajou bastante, como Marco Polo. “Estive em todos os lugares por onde Marco Polo passou. E procurei ver as coisas como ele viu: com mente aberta e com curiosidade, porque ele nunca estava satisfeito, sempre queria ver e provar mais coisas.”

Richelmy rechaça o link feito, por parte da imprensa americana, entre a série e Game of Thrones, pelo fato de ambas contarem com muitas cenas de violência e de sexo. “São duas produções muito diferentes. Uma lida com a fantasia, outra com a história, não tem famílias disputando poder, mas impérios em guerra.” Pelas cenas de sexo, aliás, é possível dizer que a narrativa segue a história: o explorador teria de fato descrito a Rustichello di Pisa as posições sexuais que a sua viagem pelo Oriente o levou a descobrir. As sequências monumentais, com apuro na fotografia e uma trilha sonora que agregar à narrativa, nada devem às melhores séries históricas, de Roma (2005-2007), outra megaprodução da HBO, a Vikings, que a MGM atualmente produz para o History Channel.

Para além das descobertas sexuais do veneziano, porém, Lorenzo Richelmy põe em relevo seu papel de embaixador do Ocidente no Oriente. “Uma questão para Marco Polo é a relação entre Ocidente e Oriente, uma região que é conhecida e ao mesmo tempo desconhecida por nós, sempre focados em nós mesmos”, diz o ator, um bonitão de olhos verdes que nunca havia trabalhado fora da Europa e teve de aprender inglês para embarcar no projeto da Netflix. “Marco Polo se tornou próximo do homem mais poderoso do mundo naquele momento e assim foi o primeiro a estabelecer uma ponte entre Oriente e Ocidente. As pessoas iam ao Oriente para negociar, fazer dinheiro e voltar. Ele ficou lá.”

Continua após a publicidade

Embora diga que não tem novos projetos em inglês em vista, no momento, e que pretende permanecer em Roma, Lorenzo Richelmy aposta que Marco Polo vai ter peso em seu currículo. “Eu serei lembrado graças a essa série”, aposta o ator. Quem vir Marco Polo não duvidará.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.