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Cantora Kimbra: “Sou uma cientista da música”

Jovem neozelandesa lança seu segundo disco sob a sombra do hit 'Somebody That I Used to Know', canção que deu a ela e ao cantor Gotye o Grammy de gravação do ano em 2013

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 set 2014, 08h41

Quem olha apenas uma foto da cantora Kimbra imagina que seja uma tímida aspirante a Lady Gaga. Quem ouve uma música pode achar que é uma gravação antiga, lançada entre os anos 1980 e 1990. Mas quem se dedicar ao disco inteiro ficará em dúvida se a inspiração das canções deriva de uma nostalgia do passado ou de uma batida futurista, com R&B, eletrônico, pop e uma pitada de funk. E é nessa mistureba de sons e referências que a cantora neozelandesa de 24 anos encontrou seu campo de criação. “Sou uma cientista da música”, diz ela em entrevista ao site de VEJA.

Capa do disco 'The Golden Echo', da cantora Kimbra
Capa do disco ‘The Golden Echo’, da cantora Kimbra (VEJA)

Conhecida como cantora de estilo anos 1990, Kimbra acaba de lançar seu segundo disco de estúdio, The Golden Echo, sucessor de Vows, de 2011, que pega carona no sucesso da sua parceria com o cantor Gotye na música Somebody That I Used to Know. A canção deu à dupla o Grammy de gravação do ano em 2013.

O título do novo trabalho surgiu após um sonho da cantora com a flor que leva o mesmo nome, conhecida também como flor de Narciso. Logo, o personagem da mitologia grega que se apaixona por seu próprio reflexo pautou não só o título do disco, mas as fotos do encarte e as faixas.

“É uma história muito interessante para o nosso mundo moderno, pois somos pessoas muito ligadas às mídias sociais e ao ‘reflexo’ que queremos passar. Então, a ideia do álbum é inverter esse processo. Fazer as pessoas se conectarem com a música e prestar atenção no que existe ao redor, e não só em si mesmas”, diz.

A imprensa especializada diz que você é o nome que trouxe de volta a música dos anos 1990. Concorda com isso? Acho que sim (risos). E nasci em 1990 e a música dessa década foi a primeira que ouvi e com que me conectei. Eu era criança e me apaixonei pelos estilos que estavam em voga, especialmente o R&B. Com o tempo, meu gosto passou por mudanças. Comecei a ouvir hip hop, pop e até metal. Mas acredito que o que você ouve quando é criança fica para sempre, e se torna uma referência na vida adulta. Hoje, eu tento refletir tudo aquilo para apresentar uma renovação. Não quero simplesmente repetir o que foi feito no passado. Quero encontrar maneiras de trazer de volta coisas que eu amei, recriando-as.

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Como você se descreveria? Eu acho que meu objetivo como musicista é explorar a imaginação. Eu me descreveria como uma criança em experimentação, no playground. Sou apaixonada por canções que envolvem o coração e a mente. Eu sou uma cientista da música, que gosta de inventar. Quero criar pontes que levem as pessoas a entrar em contato com suas emoções mais profundas. A Kimbra cantora, a artista, é uma expressão do meu ser. Das questões que eu tenho, dos sentimentos, dos anseios. É uma bênção poder escoar isso na música.

Quem você ouvia nos anos 1990? Gostava de cantores de jazz, como Billy Holliday e Frank Sinatra, pois na escola eu cantava em um coral focado nesse estilo. Mas também ouvi muito Mariah Carey, Michael Jackson, entre outras coisas. Na adolescência, eu escutava bandas de pop e indie rock, como Interpol, que acabaram mudando o jeito como eu me relacionava com a música.

As músicas do seu novo disco são uma grande mistura de ritmos e referências. Como foi esse processo de criação? Eu escrevi boa parte do disco na minha casa, no meu quarto. Sou uma pessoa muito urbana, mas, certo dia, descobri um lugar pacato, onde uma mulher criava galinhas e carneiros, entre outros bichos. Uma vida muito diferente, que também me inspirou e se tornou um bom lugar para compor. Fiz algumas batidas no meu iPad e em uma bateria eletrônica. Foi tudo bem caseiro. Depois, comecei a trabalhar com o Rich Costey (produtor do Muse). Ele acrescentou muito ao álbum. Ficamos no estúdio por cerca de seis meses. Trabalhamos com ótimos músicos, como o baterista John “JR” Robinson, que tocava com Michael Jackson, além de Van Dyke Parks, John Legend e Mark Foster (do grupo Foster the People). Então, o disco se tornou uma experiência mais sólida.

Você também participou do desenvolvimento das fotos e da arte do encarte do CD? Sim, para mim, a capa e a arte são muito importantes, pois fazem parte da linguagem do álbum. A capa é como uma porta, uma imagem que convida a entrar. Que intriga e instiga a descobrir como é a música do outro lado. A ideia de todo o disco veio de uma inspiração da mitologia grega, da história de Narciso, um garoto que olha o seu reflexo na água e se apaixona por si mesmo. É uma história muito interessante para o nosso mundo moderno, pois somos pessoas muito ligadas às mídias sociais e ao “reflexo” que queremos passar. Então, a ideia do álbum é inverter esse processo. Fazer as pessoas se conectarem com a música e prestarem atenção no que existe ao redor, e não só em si mesmas. Na capa do álbum, interpreto esse personagem que é direcionado para longe de seu próprio reflexo, olhando para o céu, para cima, focado em sua imaginação.

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Sua parceria com o cantor Gotye, na música Somebody That I Used to Know, se tornou um grande hit em diversos países. Porém, você já tinha um disco antes desse sucesso. Como essa canção mudou sua vida como artista e como celebridade? Ela me deu uma ótima oportunidade para realizar o segundo álbum. Fiz muitos amigos e contatos no meio musical com aquela canção. Pessoas que me inspiraram e ajudaram na produção deste novo trabalho. O dueto também me expôs para o mundo. Fez com que The Golden Echo fosse ouvido por mais pessoas. Já meu dia a dia não mudou muito. Não sou uma celebridade. Ainda componho no meu quarto e tenho a vida pacata que eu tinha antes.

Alguém que a conhece apenas pela música Somebody That I Used to Know vai se assustar ao ouvir The Golden Echo? Bem, este álbum é bem diferente daquela canção. É uma experiência distinta. Como cantora, eu exploro sempre maneiras variadas de usar a minha voz. Creio que essa pessoa deva começar ouvindo o disco por Goldmine, que é uma faixa um pouco parecida com a de Gotye. É uma música sobre vulnerabilidade e intimidade. Mas todo artista tem que mudar de um trabalho para o outro, tem que se desenvolver, ir adiante, viver uma nova fase. Não gosto da ideia de ficar parada em algo só porque fez sucesso.

Agora, você vai sair em turnê. Tem planos de passar pelo Brasil? Espero conseguir no ano que vem. O show que fiz no Rock in Rio foi o melhor da minha vida. Quero muito voltar e mostrar minhas músicas novas.

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