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Delicado, filme de Bruno Barreto é bem recebido em Berlim

'Você Nunca Disse Eu te Amo' foi exibido neste sábado na seção Panorama, paralela à competição, que segue sem favoritos em meio a programação fraca

Por Mariane Morisawa, de Berlim
9 fev 2013, 21h14

Você Nunca Disse Eu te Amo, do brasileiro Bruno Barreto, foi bem recebido em sua primeira exibição na seção Panorama do 63º Festival de Berlim, na noite deste sábado. O filme, que narra o romance entre a poeta americana Elizabeth Bishop, vencedora do Prêmio Pulitzer em 1956, e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares, autora do projeto do Aterro do Flamengo, recebeu aplausos (moderados) ao final da projeção para o público, na sala Cubix 9.

A produção apresenta bem as personagens, expõe a fragilidade e a timidez de Bishop (interpretada pela australiana Miranda Otto) e a força e o jeito despachado de Lota (vivida por Glória Pires), que mantinha um relacionamento com uma grande amiga da poeta quando ela foi passar alguns dias na casa das duas em Petrópolis, e acabou se envolvendo com a escritora. A história de amor entre elas durou 16 anos e coincidiu com uma fase muito produtiva na carreira de ambas.

O diretor não economiza nas cenas de beijo e carinho, mas é bastante discreto na representação da relação sexual – há apenas uma sugestão. Tanto Miranda quanto Glória interpretam suas personagens de forma delicada, sem histrionismos. Coisa rara no cinema brasileiro, a produção de época é bem cuidada, com destaque para os figurinos de Marcelo Pies. Já as cenas feitas com computação gráfica para mostrar o aterro antes da transformação em parque têm falhas, mas pelo menos são breves.

Barreto também faz bom uso da poesia de Bishop para mostrar seu processo produtivo, para falar da inspiração que obteve de Lota e do Brasil e para comentar suas emoções, quase sempre resguardadas. Mas exagera narrativamente. Há textos denecessários, por vezes. No geral, porém, Você Nunca Disse Eu te Amo é uma história de amor contada com cuidado e carinho, tanto pelos personagens como por um Rio de Janeiro efervescente dos anos 1950 e 60.

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Competição indefinida – Com sete longas apresentados até a noite deste sábado (9), o 63º Festival de Berlim ainda não tem favorito. Na verdade, a competição tem se mostrado extremamente fraca, com produções sem qualidade para disputar o Urso de Ouro. O melhor do dia foi o russo Dolgaya Schastlivaya Zhizn (Uma Vida Longa e Feliz, na tradução do inglês), de Boris Khlebnikov, que fala das transformações do país com a mesma desesperança exibida por outros cineastas de lá. Sasha (Alexander Yatsenko) resolve voltar atrás na venda de sua fazenda, que ainda funciona como cooperativa, depois que os colonos decidem lutar. Mas os resquícios do comunismo desaparecem rapidamente na Rússia de hoje. Pena que o filme Khlebnikov, rodado com câmera tremida, não tenha o mesmo impacto visual das obras de um Sergei Loznitsa, por exemplo.

Gold (Ouro, na tradução literal), de Thomas Arslan, foi bem pior na sua tentativa de ser um faroeste alemão, apesar de sua história curiosa de um grupo de nativos do país que enfrentam a paisagem selvagem do Canadá em busca de ouro. Mas o filme com Nina Hoss (do ótimo Barbara) deu tão errado que o público ria nas cenas mais dramáticas.

Filme de estreia do sueco Fredrik Bond, a produção americana The Necessary Death of Charlie Countryman (A Morte Necessária de Charlie Countryman, em tradução direta e livre) é uma bobagem. Shia LaBeouf (de Transformers) é o personagem-título, que segue o conselho da mãe depois de morta (ele consegue falar com fantasmas) e parte para Bucareste. Lá, conhece uma misteriosa musicista (Evan Rachel Wood), envolvida com um gângster. A partir daí, o filme enfileira clichês da pior espécie sobre a Romênia e parece uma colagem de vários filmes já vistos, especialmente daqueles baseados em roteiros de Charlie Kaufman. Só que com resultado pífio.

Por fim, o canadense Vic+Flo Ont Vu un Ours (Vic+Flo Viram um Urso, na tradução literal do francês), de Denis Côté, mostra a chegada de Victoria (Pierette Robitaille), depois de anos de prisão, à casa do tio doente, que mora numa propriedade no meio do mato. Logo, ela ganha a companhia da namorada, Florence (Romane Bohringer), que parece estar se escondendo de alguém. Cheio de personagens irritantes e situações bizarras, o filme pensa ser mais esperto do que realmente é.

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