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‘Birdman’, de Iñárritu, discute fama e ego com humor negro

Em novo filme, diretor sai de zona de conforto e entra na disputa pelo Oscar

Por Mariane Morisawa, de Veneza
27 ago 2014, 17h03

O mexicano Alejandro González Iñárritu é conhecido por seus filmes panorâmicos e dramáticos, em que várias histórias de personagens desesperados se entrelaçam, como Babel e Biutiful. Seu novo longa-metragem, Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance), que pode ser traduzido livremente como “Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância)”, é completamente diferente. O filme foi exibido para jornalistas na manhã desta quarta-feira (27), na abertura do 71º Festival de Veneza.

O protagonista Riggan Thomson (Michael Keaton) é um ator famoso por ter interpretado o super-herói Birdman tentando provar seu valor e relevância no teatro – como têm feito, aliás, vários astros e estrelas de Hollywood. Apesar do latente desespero do personagem, o tom, aqui, não é tão sufocante como nos trabalhos anteriores do cineasta, que agora aposta no humor negro para tratar de assuntos sérios como o amor, a visibilidade, a fama, a vida artística e o ego. “Depois de tantos filmes dramáticos apimentados, queria uma sobremesa”, disse Iñárritu em coletiva de imprensa no início da tarde. “Queria sair da minha zona de conforto. Queria alguma coisa que nunca soube ser possível: rir no set. ‘Birdman’ para mim é um filme experimental.”

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Thomson quase naufraga sob a tarefa hercúlea a que se propõe, adaptando um texto de Raymond Carver, dirigindo a peça e a protagonizando. A seu lado estão a sua nova amante, Laura (Andrea Riseborough, de Oblivion), a consagrada atriz de cinema Lesley (Naomi Watts) e o imprevisível e brilhante Mike (Edward Norton). Enquanto isso, ele tenta se redimir com a ex, Sylvia (Amy Ryan), e principalmente com a filha e assistente pessoal Sam (Emma Stone), que não se cansa de mencionar sua falta de importância. Por outro lado, seu Birdman interno tenta convencê-lo de sua excepcionalidade.

Iñárritu é tão ou mais ambicioso que seu personagem principal. Em vez de se apoiar na montagem como nos filmes anteriores, ele optou por seguir os personagens nos bastidores de um teatro da Broadway em uma longa sequência – pelo menos aparentemente. O trabalho do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, vencedor do Oscar por Gravidade, é fundamental. Em um momento, a câmera segue um Michael Keaton de cuecas, quando ele fica preso fora do teatro e precisa andar pela movimentada Times Square, em Nova York, em uma das cenas mais absurdas dos últimos tempos.

O tom entre o drama e a comédia também não é nada fácil. O diretor dá muito espaço para os atores brilharem, com destaque para Edward Norton, num papel menos vulnerável do que costuma fazer, e Michael Keaton, que parece ter nascido para viver o personagem principal – afinal, ele ficou muito tempo marcado por ter sido o Batman. “Tim Burton mudou muita coisa, e eu participei disso, com orgulho”, afirmou o ator. “Não me sinto perseguido pelo Batman. O que me persegue são trabalhos que não considero bons.”

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Não será surpresa nenhuma se Birdman for indicado em várias categorias do Oscar. A campanha começa em Veneza, como foi com Gravidade, dirigido por um dos melhores amigos de Iñárritu, o também mexicano Alfonso Cuarón, que saiu do festival para ganhar o Oscar. Na disputa por uma vaga entre os indicados na premiação da Academia de Hollywood estão outros filmes bastante ambiciosos, como Boyhood, de Richard Linklater, e O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, respectivamente Urso de Prata de direção e Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, e Foxcatcher, de Bennett Miller, prêmio de melhor direção em Cannes.

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