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‘Babilônia’ culpa espectador por fracasso no ibope

Em cena do capítulo desta terça-feira, coube à personagem de Arlete Salles soltar o verbo: ‘O povo não quer saber de coisas complicadas’

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jul 2015, 09h58

Os autores de Babilônia usaram o capítulo desta terça-feira para dar uma cutucada no público que virou as costas de maneira inédita para uma novela das nove da Globo. A pouco mais de um mês de seu desfecho, Babilônia segue com o recorde de pior audiência já registrada pela emissora nessa faixa de horário. Para dar voz a esse espectador que abandonou uma trama feita para discutir os problemas do país, foi usada uma personagem fútil e hipócrita, a perua Consuelo (Arlete Salles), mãe do prefeito corrupto da cidade de Jatobá, Aderbal (Marcos Palmeira). Ela falou em nome dos que, no entender dos autores da novela, fugiram do folhetim por seu conteúdo pesado.

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Em cena exibida logo no começo do capítulo, Consuelo vai enfim gravar seu programa de entrevistas para a internet, o Puro Chiquê, com um bate-papo com a atriz Dira Paes. Dira, em tese no papel dela mesma, tenta dar à conversa um rumo inteligente, e aproveita o fato de estar grávida de seis meses para alertar as pessoas para as dificuldades de uma gravidez na adolescência. A fútil Consuelo a recrimina. “As adolescentes passam por momentos muito difíceis”, diz a entrevistada. “Corta, corta, corta”, dispara Consuelo. “Olha, ‘momentos difíceis’, não. Não dá audiência, entendeu? É uma coisa muito realista. O povo não quer saber de coisas complicadas. Vamos falar de coisas agradáveis, por favor?”

Dira mantém sua postura séria e apela para o diretor do programa, o jornalista malandro Luís Fernando (Gabriel Braga Nunes). “Luís, eu aceitei participar do programa porque a gente iria falar de assuntos relevantes. Se não for para falar, eu prefiro me retirar.”

Nem é preciso de esforço para saber como termina a cena: a inteligente Dira se retira com classe, aviltada pelo jeito grosseirão de Consuelo que, em vez de debater questões sérias, prefere saber quem é o ator com o pior hálito que ela já teria beijado.

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Desde a sua estreia, quando fez a audiência do horário despencar de mais de 30 pontos para cerca de 25 no Ibope da Grande São Paulo, Babilônia vem sendo defendida pelos autores e pela produção da novela com o discurso de que lidaria com temas muito duros e espinhosos para uma parte da população, que então a teria abandonado. Na verdade, a novela tinha problemas estruturais graves que minaram desde o início a empatia do público, como personagens rasos, falta de humor e, pior, ausência de uma história que se pudesse acompanhar com interesse.

Mas a direção sustentou a tese de que a questão girava em torno de controvérsias como o beijo entre as personagens de Fernanda Montenegro (Teresa) e Nathalia Timberg (Estela) e a prostituição de Alice, personagem de Sophie Charlotte. A novela, então, passou por uma série de remendos, como a mudança no destino de Alice, que não só não trouxeram de volta a audiência perdida com deixaram claro que o culpado estava em outro lugar.

Outra prova que pesa contra o folhetim de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga é a boa recepção de Verdades Secretas, a atual trama das onze, de autoria de Walcyr Carrasco. A novela tem drogas, tem prostituição, tem personagem gay, mas tem história e personagens mais interessantes, e tem mantido um público fiel, ótimo para o horário – o folhetim já chegou a empatar no Ibope com a chata Babilônia. Não, Consuelo, o problema não é o público. É o universo em que você foi concebida.

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