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Às vésperas das eleições, Hassum faz sátira – e cópia – sem pudor em ‘O Candidato Honesto’

Com humor raso e pastelão, longa é imitação descarada de ‘O Mentiroso’ (1997), de Jim Carrey

Por Rafael Costa
2 out 2014, 12h16

A três dias do início das eleições presidenciais, Leandro Hassum estreia no papel do político corrupto que concorre ao Palácio do Planalto, no longa O Candidato Honesto. Sob direção de Roberto Santucci e roteiro de Paulo Cursino – dupla que trabalhou com o ator nos dois Até Que a Sorte nos Separe -, o filme se lambuza de um humor raso e pastelão, típico das comédias que infestam o circuito comercial. O ponto positivo – sim, há um – está na crítica contundente feita à política nacional. A trama toca em escândalos como o Mensalão, retratado como “Mesadinha”, no qual o corrupto vivido por Hassum está envolvido. E faz uma provocação à bancada evangélica, na cena em que o ator Luis Lobianco satiriza o pastor Marco Feliciano, desafeto conhecido do grupo Porta dos Fundos, do qual Lobianco participa.

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O ator, aliás, admite que imitou Jim Carrey, e diz não ver nenhum problema em copiar. “Quis fazer uma homenagem a ele”, afirma. “O Candidato Honesto nasceu em um papo que tive com o roteirista do filme sobre esse longa, sobre fazer uma versão brasileira de O Mentiroso.” O filme também não esconde a referência: ele começa com uma cena em que João Ernesto, personagem de Hassum, faz caretas ao se esforçar para elogiar as roupas de sua mulher, Isabel (Flávia Garrafa), que está usando um colete e um vestido brega à lá Romero Brito. Caretas, como se sabe, são marca registrada de Carrey, que por sua vez copiava Jerry Lewis. “Ele foi criticado quando surgiu porque diziam que era imitação do Jerry Lewis”, lembra Hassum.

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Em O Candidato Honesto, Hassum é João Ernesto, que passa para o segundo turno das eleições presidenciais com folga. No entanto, recebe uma mandinga de sua avó que, no leito de morte, faz com que ele não possa mais mentir. E o fato começa a arruinar a sua campanha, já que Ernesto está envolvido em uma série de escândalos.

Ernesto, agora honesto, é conduzido por Hassum como uma caricatura, ainda marcada por traços escatológicos como a flatulência. O estilo caricato do ator, herança de sua passagem pelo Zorra Total, da Rede Globo, é o mesmo visto em produções recentes como Vestido para Casar (2014) e os já citados Até que a Sorte… Tudo humor raso, mas que dá enorme bilheteria. E, para Hassum, é o que importa. “Estou c… e andando para crítica. O público está indo ao cinema, está se divertindo. Eu não faço filme para crítico”, diz o ator. “Agora, tem outros filmes maravilhosos acontecendo aí. Se o cara não gostou, vai ver outro, não tem problema (risos).”

Confira abaixo a entrevista completa com Leandro Hassum:

Vocês se inspiraram muito no filme O Mentiroso, do Jim Carrey? Muito. A inspiração do filme é essa mesmo. Tem uma cena, inclusive, em que eu imito os trejeitos dele, a cena que eu faço com a minha mulher no início. Quis fazer uma homenagem a ele, sou muito fã. E O Candidato Honesto nasceu em um papo que tive com o roteirista do filme sobre esse longa, sobre fazer uma versão brasileira de O Mentiroso. Lá nos Estados Unidos, eles têm muito essa coisa de que advogado mente muito e aqui, no caso, são os políticos os mais conhecidos pela mentira.

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Você não vê problema em imitar um outro comediante? Não. O Jim Carrey foi muito criticado quando surgiu porque diziam que ele era a imitação do Jerry Lewis. E o Jim Carrey hoje em dia tem um espaço incrível, é considerado um dos maiores da comédia. Não só de comédia, como de outros gêneros também. Eu faço meu trabalho, sei que eu tenho a minha identidade, não me sinto nem um pouco melindrado. No momento, é apenas uma homenagem a ele.

Se inspirou em algum político também? Não me inspirei em nenhum político, mas fiz laboratório, assisti a muita CPI, discurso, debate para pegar o espírito e em várias entrevistas dá para ver que eles são até mais atores do que nós.

O que você imagina que aconteceria se, do dia para a noite, todos os políticos não pudessem mais mentir? Não tinha eleição. Infelizmente. Mas para nós brasileiros seria maravilhoso saber realmente o que existe atrás das máscaras desses caras e ver quem eles realmente são.

Você é uma pessoa descrente da política brasileira. Totalmente. Sou do Rio de Janeiro e assistindo ao debate deu para ver como estamos mal de políticos. A gente não vê nenhuma coisa boa que um ou outro tenha feito. Só vê um tentando derrubar o outro em cima de coisas ruins, então a gente está mal assessorado.

O que você acha dos comentários e críticas sobre esse humor raso e pastelão? Estou c… e andando. O público está indo ao cinema, está se divertindo. Eu faço comédia para o pessoal rir, se o pessoal está rindo, eu fico muito feliz, está dando certo, estou atingindo o objetivo. Eu não faço filme para crítico. Eu acho o papel do crítico importantíssimo, mas eu só levo em conta crítica, quando ela tem uma opinião que atinja uma maioria. Quando eu vejo que é uma opinião muito pessoal, eu ignoro. Uma vez eu fiz um filme, o primeiro Até que a Sorte nos Separe, e tinha uma cena, que era a que mais fazia rir no cinema e um dos críticos colocou que essa cena era constrangedora, que você ouvia o barulho de uma folha caindo no chão, porque ninguém ria da minha tentativa forçada de tirar o riso. Eu parei de ler a crítica do cara aí, porque o cara só pode ser surdo. Eu sei que eu sou um ator que faz um humor histriônico, sei que eu trabalho num registro caricato, do humor físico, é o que eu sei fazer, é o que eu gosto de fazer e me dá o maior prazer. E o público tem comprado isso. Agora, tem outros filmes maravilhosos acontecendo aí, se o cara não gostou, vai ver outro, não tem problema (risos).

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Em uma cena do filme, João Ernesto participa de um programa similar ao Mais Você, de Ana Maria Braga, no qual ataca o Galinho Gazé. Você realmente odeia o Louro José? É algo pessoal ou é só coisa do filme? Nunca. Imagina. E não é o Louro José, é o Galinho Gazé (risos). O Louro é um grande amigo meu, não tenho nenhum problema com ele.

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